Por G1


Possíveis consequências negativas do coronavírus impactam o mercado financeiro mundial

Possíveis consequências negativas do coronavírus impactam o mercado financeiro mundial

O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em queda acentuada nesta segunda-feira (27), com os investidores preocupados com os possíveis danos econômicos causados pela rápida disseminação do coronavírus. Foi o maior recuo desde março de 2019.

O Ibovespa encerrou o dia em desvalorização de 3,29%, a 114.481 pontos. No ano, a bolsa eliminou os ganhos e passou a acumular queda 1,01%. Veja mais cotações.

Ao todo, as empresas listadas na bolsa perderam R$ 132 bilhões em valor de mercado, segundo levantamento feito pela Economatica.

Os papéis das siderúrgicas, grandes exportadoras para o mercado de chinês, estavam entre as principais quedas do índice. As ações preferenciais da Gerdau recuaram 7,94%, liderando as perdas. As ordinárias da CSN caíram 7,78%, e as preferenciais da Usiminas recuaram 7,12%.

Entre as ações com grande peso no índice, Vale despencou 6,12%. Além dos temores sobre o coronavírus, também estava no radar a decisão da mineradora de elevar o nível de alerta da Barragem Sul Inferior, em Minas Gerais, citando fortes chuvas na região.

Os papéis preferenciais e ordinários da Petrobras recuaram 4,33% e 4,21%, respectivamente, acompanhando o tombo nos preços do petróleo no mercado internacional, com os papéis ordinários ainda pressionados pela iminência de uma oferta pública das ações da petrolífera detidas pelo BNDES prevista para fevereiro.

No mercado de câmbio, o dólar subiu 0,60% e fechou o pregão vendido a R$ 4,2092, no maior patamar desde 2 de dezembro.

Na sexta-feira, a bolsa encerrou o dia em baixa de 0,96%, a 118.376 pontos, anulando ganhos na semana.

Preocupação com coronavírus causa impactos nas bolsas

Preocupação com coronavírus causa impactos nas bolsas

O número de mortos por coronavírus na China subiu para 82 nesta segunda e a capital chinesa registrou a primeira morte por complicações respiratórias causadas pelo vírus.

"Os temores estão crescendo na velocidade com que o coronavírus que começou na China se espalhou para os EUA e a Europa", observou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, em email a clientes nesta segunda-feira.

"Colocando de lado a tragédia humana, do ponto de vista frio dos mercados, o coronavírus pode servir ao propósito de retirar parte do aquecimento de um mercado que tem subido rapidamente há meses", completou.

Neste cenário de preocupação com as consequências econômicas do surto da doença, sofrem empresas aéreas e petróleo e, por outro lado, ganham as companhias do setor farmacêutico, aponta Jason Vieira, economista-chefe da gestora de investimentos Infinity Asset, em relatório a clientes.

Vieira também destaca que a situação gera incertezas quanto à retomada da economia chinesa.

"A China estava prestes a embarcar num possível ciclo de recuperação da atividade, onde na verdade os indicadores econômicos começam a dar sinais de estabilidade, após um ciclo conciso de contração nos últimos anos. A trégua da guerra comercial com os EUA daria o alento necessário para que a China seja um importante driver, em especial de mercados emergentes, para um novo ciclo de investimentos em 2020. Com a questão do vírus, tudo fica em aberto", escreveu.

Em uma tentativa de conter a propagação da doença, o governo chinês suspendeu as comemorações do Ano Novo Lunar e estendeu o feriado até o dia 2 de fevereiro. Grandes empresas fecharam as portas ou disseram aos funcionários para trabalhar de casa.

"O mercado está em semipânico porque ninguém entende direito o que está acontecendo. Ninguém é especialista nisso [em coronavírus]", disse o economista-chefe da Necton, André Perfeito, à Globo News.

"Hoje tá sendo fechado aeroporto, restringindo a circulação de pessoas, mas [se houver uma epidemia global] talvez chegue ao ponto de restringir a circulação de mercadorias. Quando chegar nos portos marítimos, aí sim a gente tem um problema seríssimo", emendou.

Temporada de balanços

Esta semana, a temporada de resultados de empresas brasileiras também começa a ocupar as atenções dos investidores, com os números da Cielo abrindo a safra das companhias listadas no Ibovespa, após o fechamento do mercado já nesta segunda.

Para a equipe da XP Investimentos, a temporada deve mostrar bons resultados, apesar da recuperação econômica ainda gradual, dada a evolução positiva de indicadores que impactam diretamente as empresas, como quadro ainda confortável para a inflação e cenário de juros baixos com Selic em 4,5% no final do trimestre.

Bolsas no exterior

No exterior, as ações relacionadas a viagens, incluindo companhias aéreas, cassinos e hotéis, eram as mais atingidas.

Em Nova York, o Dow Jones eliminou praticamente todos os ganhos no ano e os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam na primeira sequência de dois dias de perdas em 2020. Após ajustes, o Dow Jones fechou em queda de 1,57%, a 28.535,80 pontos, o S&P 500 recuou 1,57%, a 3.243,63 pontos, e o Nasdaq perdeu 1,89%, a 9.139,30 pontos.

Na Europa, os principais recuaram mais de 2%. O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,26%, a 1.619 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 2,26%, a 414 pontos. Mais de 97% das ações do STOXX 600 foram negociadas no vermelho, com muitas sendo derrubadas de máximas recordes, eliminando cerca de 180 bilhões de euros em valor de mercado do índice de ações europeu.

Na Ásia, o índice acionário japonês Nikkei recuou 2,03%, maior queda percentual desde 26 de agosto, terminando a 23.343,51 ponto, nível mais baixo desde 8 de janeiro.

Com a ampliação do feriado do Ano Novo Lunar na China para conter a disseminação da doença, as bolsas de Xangai e Shenzhen, que estão fechadas, só irão retomar as negociações em 3 de fevereiro.

Variação do Ibovespa em 2020 — Foto: Arte/G1

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