No mês, dólar acumula alta de 1,5% — Foto: pasja1000/Creative Commons
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (12) e bateu o quarto recorde consecutivo em relação ao real, diante da divulgação de dados decepcionantes do varejo brasileiro.
A moeda norte-americana encerrou o dia vendida a R$ 4,3505, em alta de 0,55%. Na máxima da sessão, chegou a R$ 4,3535, também o maior valor nominal (ou seja, sem considerar a inflação) já alcançado durante as negociações. Veja mais cotações. No mês, o dólar acumula valorização de 1,53% e, no ano, de 8,5%.
Já o dólar turismo, vendido nas casas de câmbio, fechou a R$ 4,54 sem acréscimo do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Na terça, a moeda encerrou a sessão vendida a R$ 4,3269, em alta de 0,10%.
Dados do comércio decepcionam
As vendas no varejo recuaram 0,1% em dezembro na comparação com o mês anterior e subiram 2,6% sobre um ano antes, de acordo com dados do IBGE, em resultado abaixo do esperado em pesquisa da Reuters. No acumulado em 2019, o comércio registrou alta de 1,8%, mas mostrou perda de força em relação aos 2 anos anteriores.
"Investidores receberam há pouco decepcionantes dados de vendas no varejo de dezembro", disse em nota a corretora Commcor, citando "reações isoladamente negativas ao real, que segue sofrendo com baixos juros e desanimadores dados de atividade".
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O dado do comércio se soma a uma sequência de outros indicadores negativos divulgados desde o início do ano que reforçam temores de que a retomada da economia brasileira ainda é vacilante, destaca o Valor Online. Com isso, crescem as apostas de novos cortes na Selic ainda este ano, mesmo com a sinalização de interrupção por parte do Copom na semana passada.
Na segunda-feira (11), o IBGE divulgou que a produção da indústria brasileira caiu em 7 de 15 locais pesquisados em 2019. As quedas mais intensas foram nas indústrias do Espírito Santo (-15,7%) e Minas Gerais (-5,6%). Região Nordeste (-3,1%), Bahia (-2,9%), Mato Grosso (-2,6%), Pernambuco (-2,2%) e Pará (-1,3%) registraram as demais taxas negativas.
Desde 2016, quando apenas o Pará encerrou o ano com a indústria operando no campo positivo, não se observava quedas tão disseminadas entre as regiões pesquisadas, segundo o IBGE.
Redução dos juros
A redução sucessiva da Selic desde julho de 2019 diminuiu o diferencial de juros entre Brasil e outros pares emergentes, o que pode tornar o investimento no país menos atrativo para estrangeiros e gerar um fluxo de saída de dólar. Isso elevaria a cotação da moeda.
Um dos bancos que tem recomendado emergentes que oferecem diferencial de juros maior é o Credit Suisse. “Temos preferido apostar em moedas que oferecem altas taxas de juros reais e nominais, um balanço de pagamentos estável e riscos políticos, no mínimo, bem conhecidos”, diz um relatório recente do banco. “O rublo russo e a lira turca são dois exemplos dessa descrição. Entre as moedas latino-americanas, nenhuma além do peso mexicano.”
Separadamente, o J.P. Morgan revisou sua perspectiva para a moeda brasileira de “compra” para “neutra”. O banco americano - elegeu o Brasil como uma de suas principais apostas para 2020 em dezembro - nota que as perspectivas de médio prazo do país continuam positivas. No entanto, a deterioração do sentimento de risco e os potenciais efeitos sobre a economia real levaram o banco a interromper a aposta sobre a moeda brasileira.
Variação do dólar em 2020 — Foto: Arte/G1