A epidemia do novo coronavírus (Covid-19) vai manter o crescimento da economia mundial em 2020 em um nível inferior ao registrado no ano passado, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira (4).
Para este ano, a entidade havia projetado em janeiro uma expansão de 3,3% do PIB global, contra 2,9% de 2019.
Apesar das insistentes tentativas dos repórteres de extrair estimativas específicas para a economia global em 2020 após os impactos da Covid-19, Georgieva se limitou a repetir a previsão de que o nível de crescimento será menor do que no ano passado.
“Enquanto não soubermos a duração dessa epidemia, estaremos em um cenário de incerteza. (...) Infelizmente, vimos uma mudança negativa na economia”, analisou a economista búlgara.
Na avaliação de Georgieva, o corte ainda não definido nas projeções ocorrerá por uma combinação entre os choques na demanda e nas cadeias de suprimento provocados pela epidemia da Covid-19. Para a diretora-gerente do FMI, é essencial que as políticas adotadas pelos países respondam a esses dois problemas.
A única informação mais concreta revelada por Georgieva vem da China. Na entrevista, ela afirmou que o crescimento de 5,6% previsto para o PIB chinês, projeção divulgada pelo FMI pouco depois do início da crise, será também revisada para baixo.
“Na época, a previsão de 5,6% tinha como base dois pontos: que a crise seria limitada à China e totalmente contida. Isso não aconteceu, portanto, esse cenário não é mais válido”, explicou.
“Não é mais um problema regional. É um problema global que demanda uma resposta global”, completou Georgieva, destacando o “impressionante” nível de coordenação entre os países.
Apesar das previsões mais negativas sobre a China, o FMI disse ter recebido boas notícias das autoridades locais nos últimos dias. A produção industrial foi retomada e já teria chegado a 60% da capacidade total, podendo atingir 90% nas próximas semanas.
Também presente na entrevista coletiva, o presidente do Banco Mundial, David Malpass, destacou o fundo de US$ 12 bilhões anunciado ontem para ajudar os países a responder aos impactos econômicos do novo coronavírus.
Além de estímulos fiscais e monetários, Malpass recomendou que os países pensem no futuro e já aprovem reformas estruturais, que, segundo ele, ajudariam os diversos governos a mitigar os efeitos da epidemia.
Ontem à noite, o Banco Mundial prometeu US$ 12 bilhões em ajuda para países em desenvolvimento afetados pelo coronavírus. O pacote inclui empréstimos com taxas mais baixas, subvenções e assistência técnica.
(Com conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor)