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Guia da Copa

Jornalistas dos 32 países que participam do mundial analisam a tática, as formações e as expectativas das próprias seleções na competição.

Guia da Copa da Rússia
Jornalistas dos 32 países que participam do Mundial analisam as táticas, as formações e as expectativas das próprias seleções na competição.
Grupo A
Rússia
Por Gosha Chernov, do Sport-Express
Stanislav Cherchesov assumiu o comando da Rússia logo após a desastrosa campanha da Eurocopa 2016, na qual a equipe - então liderada por Leonid Slutsky - terminou em último lugar em um grupo formado com Inglaterra, País de Gales e Eslováquia. Logo depois de ser contratado, Cherchesov anunciou sua intenção de recomeçar tudo do zero. Primeiro, resolveu que a defesa atuaria com três zagueiros e passou a procurar a combinação certa de selecionáveis. Tudo foi motivado pelas más lembranças recentes. “Todos conhecemos a história - nós não conseguiremos nada com quatro na defesa”, disse ao explicar a decisão. “Além disto, metade dos times da primeira divisão russa joga com três defensores. Então, queremos ser flexíveis”.

No gol, ficou claro que Igor Akinfeev manteria sua histórica camisa um, mas os demais companheiros de defesa permaneceram indefinidos. Três veteranos, os gêmeos Berezutsky e Sergey Ignashevich, aposentaram-se do futebol internacional em 2016, então Cherchesov começou a usar jovens e inexperientes defensores como Ilya Kutepov e Georgy Dzhikiya, do Spartak Moscou, ou Viktor Vasin, do CSKA. Entre os jogadores de lado, Cherchesov acabou testando dez opções na defesa central em quase dois anos. Isso significa que ninguém pode prever com precisão os três que começarão jogando durante a Copa, talvez nem mesmo o próprio Cherchesov, embora as lesões de Vasin e Dzhikiya tenham contribuído decisivamente para a incerteza. Ambos provavelmente enfrentariam a Arábia Saudita se não tivessem rompido seus ligamentos no início do ano. Ignashevich, de fato, teve um retorno dramático ao time em 14 de maio, após a desistência de Ruslan Kambolov, mas seria uma grande reviravolta ele apresentar algum futebol em junho.

A má sorte da Rússia com lesões foi enorme. Outro homem-chave, embora com um papel muito diferente em campo, que vai perder a competição após uma cirurgia de ligamento cruzado, é o atacante Alexander Kokorin. Ele foi brilhante na primeira metade da temporada, marcando 19 gols pelo Zenit São Petersburgo, mas agora o treinador terá que buscar poder de fogo em outros atletas. O reserva de Kokorin no Zenit, Anton Zabolotny, esteve em péssimo momento recentemente e Artyom Dzyuba - emprestado pelo Zenit ao Arsenal Tula - está sem prestígio com Cherchesov. Isso significa que a primeira opção será Fyodor Smolov, atacante do Krasnodar.

O russo Sergei Ignashevich cabeceia a bola em amistoso contra a Turquia, no dia 5 de junho. Foto: Reuters/Sergei Karpukhin
O russo Sergei Ignashevich cabeceia a bola em amistoso contra a Turquia, no dia 5 de junho. Foto: Reuters/Sergei Karpukhin


O meio-campo é outro setor imprevisível. A Rússia certamente usará dois laterais, mas as vagas seguem em disputa. Mais ao centro, o problema é a falta de um meia defensivo forte. Na verdade, a opção por Igor Denisov, do Lokomotiv Moscou, deveria ser uma solução óbvia, mas, como sempre, nada é tão simples quanto parece. Em 2015, quando trabalhavam no Dynamo de Moscou, Cherchesov e Denisov se desentenderam e não se falam mais desde então. Denisov é, de longe, o melhor volante da Rússia, mas Cherchesov nunca o convocou e minimizou o fato quando questionado sobre a ausência do jogador no início do ano. “Porque eu sou o treinador principal. Eu tomo decisões”, disse ele.

Em vez disso, o treinador costuma usar Denis Glushakov, do Spartak. Glushakov teve uma temporada ruim e não é especialista nesse papel; ele só tem sido convocado por Cherchesov para ser reserva. A Rússia, pelo menos, tem um bom número de meias centrais: Cherchesov tem confiança em Alexander Golovin, Roman Zobnin, Daler Kuzyaev e Alan Dzagoev, que devem lutar pelos três postos no setor. Finalmente, o talentoso Alexey Miranchuk deve começar atrás de Smolov. Com Kokorin lesionado, a Rússia vai atacar com um centroavante e um meia ofensivo.

Forças: a Rússia tem uma formação estável (3-5-1-1 ou 3-5-2) e um meio-campo central muito ofensivo. Eles também são bons em pressionar no campo de defesa adversário, onde são sempre muito coesos e eficientes.

Fraquezas: seus envelhecidos laterais são um calcanhar de aquiles, enquanto a inexperiência da zaga central, particularmente fraca no jogo aéreo, pode assombrá-los. A falta de um volante também é crítica.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Golovin
É o jogador mais jovem da equipe e um dos três quase garantidos no time titular, junto com Akinfeev e Smolov. Desde 2015, passou de um jovem desconhecido a um homem-chave no coração do meio-campo russo. Não surpreende que tenha sido cogitado pelos principais clubes da Premier League, incluindo Chelsea e Arsenal. Deu grande demonstração de seu talento no fim de abril, ao marcar um belo gol de falta no Emirates pelo CSKA durante as quartas de final da Liga Europa. Ele quer jogar fora do país e, provavelmente, será um dos nomes que estarão em evidência neste verão.
Que jogador parece que irá desapontar?
Smolov
Desde que Kokorin rompeu os ligamentos, Smolov se tornou a principal força de ataque da equipe russa. Não quer dizer que isso facilite as coisas para o atacante do Krasnodar. Smolov é o maior artilheiro russo nas últimas três temporadas, mas não é nem de perto tão eficiente para a seleção quanto para o clube. Isso se deve em grande parte a uma diferença de concepção de jogo: para a Rússia, Smolov geralmente tem que defender mais, e isso afeta o número de chances que tem para marcar. Além disto, Arábia Saudita e Egito tendem a se fechar na defesa, o que não favorece um jogador acostumado a explorar espaços abertos. É provável que Smolov sofra contra essas equipes. Outro motivo para preocupação está em suas estatísticas da Eurocopa de 2016 e da Copa das Confederações do ano passado: Smolov começou jogando em todas as seis partidas, mas balançou a rede apenas uma vez, contra a Nova Zelândia.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Uma vaga nas oitavas de final. O sorteio fez os russos pensarem que a seleção teve sorte ao cair em um grupo tão fácil, mas, desde dezembro, Mohamed Salah se tornou um dos jogadores mais importantes do planeta, e isso semeou incertezas sobre a capacidade de os anfitriões chegarem ao mata-mata. De qualquer forma, a passagem de fase teria como efeito um duelo contra Espanha ou Portugal: a jornada da Rússia quase certamente terminaria neste ponto.
Grupo A
Arábia Saudita
Por Gregory Wilcox, do Arab News
O técnico Juan Antonio Pizzi dirigiu a Arábia Saudita pela primeira vez em novembro de 2017. Ele ainda espera por seu primeiro jogo competitivo no comando dos Falcões Verdes, que enfrentam a anfitriã Rússia no jogo de abertura da Copa do Mundo. Durante seus sete meses no cargo, o argentino tem feito o maior número possível de amistosos para se situar e saber o que precisa ser feito antes que o mundo ponha os olhos em sua equipe no dia 14 de junho.

Durante as Eliminatórias, sob o comando de Bert Van Marwijk, os Falcões Verdes costumavam jogar no 4-3-3, quando conseguia se segurar bem contra times mais fortes, ao tentar quebrar o ritmo e levar a bola para o ataque mais rapidamente. Pizzi tem tentado fazer com que os jogadores tirem mais a bola do setor defensivo. Tem funcionado até certo ponto: a equipe evoluiu em jogos recentes, nas discretas vitórias amistosas sobre Argélia e Grécia, que representam uma clara melhora em relação à derrota por 4 a 0 para a Bélgica, em novembro. A seleção vem mantendo posse de bola com mais qualidade e a move mais rapidamente. Além disto, tem conseguido desacelerar os jogos, quebrando o ritmo dos adversários. O ex-treinador do Chile parece ter uma formação compacta, definida em um 4-2-3-1, com três atacantes prontos para avançar e garantir um meio-campo povoado.

Com metas potencialmente difíceis de atingir, os Falcões Verdes se concentrarão em buscar solidez. Há experiência na defesa, embora haja carência de ritmo e a falta de exposição a atacantes de primeira linha do futebol mundial possa atrapalhar. Osama Hawasawi é o líder na defesa: forte e físico, o jogador de 34 anos está em fim de carreira, mas seu companheiro Omar Hawasawi (sem parentesco) está em excelente forma na temporada. Há um bom número de opções decentes na defesa, sobretudo Yasser Al-Sharani, todos capazes de atuar nos dois lados e de avançar rapidamente.

O experiente Tassir Al-Jassim estará ao lado do subestimado Abdullah Otayf no meio-campo. Os dois trabalham bem a bola, embora o segundo não consiga avançar tanto quanto gostaria.

Os três atacantes são os verdadeiros destaques. Salam Dawasri, Yehya Al-Sheri e Fahad Al-Muwallad são os cérebros criativos da equipe, capazes de abrir as defesas asiáticas, embora ainda aguardem seus principais testes. O trio passou a segunda metade da temporada emprestado a clubes da Liga Espanhola, fazendo apenas dois jogos entre eles. A forma que apresentarem na Rússia pode ser determinante para o desempenho da seleção. Os dois atacantes de lado são capazes de surpreender as defesas vindo de trás e, se permitirem que Al-Shehri consiga se posicionar atrás do centroavante principal, os Falcões Verdes poderão causar problemas. A seleção também conta com Nawaf Al-Abed, outro talento criativo e um dos pilares do time nas Eliminatórias, mas que lutou contra lesões durante todo o ano.

A falta de um finalizador nato é um problema para a equipe. É provável que Mohammad Al-Sahlawi desempenhe esse papel, mas há outras opções, como Mohanned Asseri, mais perigoso no jogo aéreo e mais capaz de prender a bola.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Fahad Al-Muwallad
É um talento insinuante e é o tipo de jogador que os torcedores gostam de ver, desde que receba as bolas certas. Se o treinador der um pouco de liberdade, ele terá potencial para fazer com que as coisas aconteçam e levar a torcida à loucura.
Que jogador parece que irá desapontar?
Mohammad Al-Sahwalli
Tem excelente marca de gols por seu país e médias bem acima de qualquer meta. No entanto, há dúvidas sobre sua qualidade para marcar contra as principais defesas do planeta.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Essa é a primeira Copa do Mundo da Arábia Saudita em 12 anos. Espera-se que, graças a uma boa colocação em um dos grupos mais fáceis da competição, ela possa chegar à segunda fase. Caso contrário, não terminar na última posição seria um feito importante.
Grupo A
Egito
Por Ahmad Yousef, do Kingfut.com
O Egito pode ter Mohamed Salah, um dos melhores jogadores do mundo, mas não permita que isso o engane: essa é uma equipe muito defensiva sob o comando do técnico Héctor Cúper. Em seus primeiros 32 jogos, o time dirigido pelo treinador argentino sofreu apenas 18 gols. Até maio, ele ainda não havia perdido nenhuma partida por mais de um gol de diferença.

Sua mentalidade defensiva foi implantada no time e seu 4-2-3-1 inicial conta com dois meias: Mohamed Elneny e Terek Hamed, que devem jogar mais abertos.

Enquanto isto, o veterano goleiro Essam El Hadary, que deve começar jogando, não está preocupado com a idade. “Tenho 45 anos e não posso discutir isso, mas, para mim, trata-se apenas de um número em um papel”.

A defesa será formada por Mohamed Abdel-Shafy (ou Karim Hafez, caso ele se recupere de lesão) na lateral esquerda, com dois defensores do West Bromwich Albion, Ali Gabr e Ahmed Hegazi, na zaga central, e o sempre versátil Ahmed Fathi na lateral direita.

Uma das principais fraquezas do Egito, que deve ser enfrentada antes do início da Copa do Mundo, é a maneira como leva gols dos adversários. Treze dos 18 sofridos desde que Hector Cúper assumiu a seleção foram marcados em cruzamentos diretos para a área, algo surpreendente para um time que tem uma defesa com Hegazi e Gabr, uma dupla com média de altura de 1,95m e tão elogiada por sua percepção de jogo.

À frente, Cúper prefere contar com três meias ofensivos e um jogador de ataque. Mahmoud Hassan “Trezeguet”, Abdullah El-Said e Mohamed Salah completam o setor, com Trezeguet, na esperança de repetir na seleção as boas atuações do Kasimpasa: “Espero poder reproduzir as apresentações que tive aqui (na Turquia) na Copa do Mundo. Quero ajudar a seleção o máximo que puder”.

Na direita, naturalmente, tudo vai depender muito do ritmo ditado por Salah, responsável pela força ofensiva da equipe. O ala do Liverpool precisará se concentrar no futebol novamente depois que uma disputa por direitos de imagem com a federação egípcia o irritou no final de temporada europeia.

El-Said vai administrar o ritmo no centro, enquanto o jogador na frente será Ahmed Hassan “Koka”. Sua tarefa é ingrata. O atacante do Braga tem que superar a defesa do adversário e perseguir quaisquer bolas longas que os defensores chutem em sua direção, enquanto também tenta cadenciar o jogo. Quando tiver a posse de bola, tentará finalizar ou, mais frequentemente, municiar um dos meias-ofensivos.

O Egito pode ter mesmo dificuldade para marcar gols, mas não será fácil furar sua defesa. Em amistosos recentes contra Portugal e Grécia, os Faraós foram testados contra adversários fortes pela primeira vez e, embora tenham perdido por 2 a 1 e 1 a 0, mostraram que têm coragem e determinação para encarar rivais mais consistentes.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Mahmoud Hassan
Destaque do Kasimpasa, Mahmoud Hassan “Trezeguet” foi apelidado assim por sua leve semelhança física com o astro francês David Trezeguet. Ele impressionou na Turquia, para onde foi emprestado pelo Anderlecht, da Bélgica. O jogador tinha, até o meio de maio, a impressionante marca de 13 gols e seis assistências em sua primeira temporada, mostrando para o mundo que o Egito não se limita a Mohamed Salah.
Que jogador parece que irá desapontar?
Mohamed Elneny
Uma lesão no tornozelo interrompeu o excelente desempenho de Mohamed Elneny na segunda metade da temporada, que rendeu ao jogador a prorrogação de seu contrato com o Arsenal em março. Ele estará de volta a tempo para a Copa do Mundo, mas não deve estar em sua melhor forma física.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Os torcedores egípicios esperam que as performances deslumbrantes de Mohamed Salah na temporada possam inspirar o restante da equipe, um tanto sem brilho, a passar da fase de grupos. A percepção no Egito é de que a equipe tem condições de avançar para as oitavas de final e qualquer coisa menos do que isto seria encarada como uma decepção.
Grupo A
Uruguai
Por Ignacio Chans, do El Observador
Qualquer um que tenha visto o Uruguai jogar nos últimos dez anos está familiarizado com o estilo de jogo de Óscar Tabárez: seus times são formados a partir da defesa, para dificultar ao máximo que o adversário marque gols. Depois, tudo é sobre fazer a bola chegar a Luis Suárez e Edinson Cavani, atacantes de primeira linha do futebol internacional.

Seus times uruguaios sempre foram fortes na defesa central, e os laterais só avançam quando é absolutamente necessário. Adiante, um meio de campo mais combativo que criativo, com ênfase em mover a bola para o ataque o mais rápido possível. Futebol vertical com uma meta: derrubar os adversários de surpresa.

Até então, o Uruguai não precisava de algo mais que ser seguro na defesa e perigoso no ataque, até que algo aconteceu. O time, que estava junto por tanto tempo, precisou ser renovado, principalmente no meio-campo. E essa troca de gerações aconteceu muito mais rapidamente do que qualquer um imaginou que seria possível.

Com os novos jogadores, chegou também um novo estilo. O surgimento de atletas como Federico Valverde (Deportivo La Coruña, emprestado pelo Real Madrid), Rodrigo Betancur (Juventus), Nahitan Nández (Boca Júniors) e Matías Vecino (Inter de Milão) forçaram Tabárez a mudar sua abordagem. No fim, com esses jogadores dinâmicos e talentosos, a transformação do plano de jogo do Uruguai foi algo quase inevitável.

Por muito tempo, Tabárez dizia que o Uruguai não tinha jogadores para adaptar-se a um estilo “europeu”, isto é, os jogadores da equipe podiam ser físicos e criativos. Agora ele tem e, durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo e nos amistosos preparatórios, utilizou uma abordagem distinta.

A defesa permanece a mesma, com Diego Godin e José Maria Giménez formando uma rara combinação em Copas do Mundo: a de jogadores que, semanalmente, atuam lado a lado no mesmo clube (Atlético de Madrid). Para a lateral, a esperança é que Martín Cáceres (Verona) chegue em boa forma para o torneio após duas temporadas marcadas por lesões, enquanto na direita haverá uma disputa entre o experiente Maximiliano Pereira (Porto) e o jovem Guillermo Varela (Peñarol) para estar entre os 11 que começam jogando.

Mas foi no meio-campo onde as mudanças reais aconteceram: Matías Vecino é titular garantido após uma excelente temporada na Inter de Milão, mas ainda não se sabe quem entre Betancour ou Valverde irá acompanhá-lo: ambos preferem ir para o ataque a ter obrigações defensivas, mas se desenvolveram muito jogando na Itália e na Espanha, respectivamente.

À direita, Nández deve começar jogando, enquanto na esquerda Cristian Rodríguez é o favorito, apesar de não apresentar a mesma resistência dos anos anteriores. No ataque, bom, não há muito a acrescentar a nomes como Cavani e Suárez.

Lembre que as mudanças estruturais levam tempo para se transformar em hábito. O conceito básico de 4-4-2 com pressão todo o tempo no campo não mudou, mas os meias agora tratam melhor a bola e servem muito melhor a Suárez e Cavani.

Nós também sabemos que a Copa do Mundo não é lugar para experiências. Portanto, é totalmente possível que, em caso de tropeço na abertura contra o Egito, Tabárez retorne ao esquema mais defensivo. Não seria a primeira vez: em seu primeiro torneio internacional na passagem atual como treinador do Uruguai (na Copa América do Peru, em 2007), ele não viu problemas em abandonar sua formação inicial usando três atacantes.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Nahitan Nández
A pressão de jogar uma Copa do Mundo não será um problema. Na verdade, provavelmente o fará jogar ainda melhor. Um líder que se tornou capitão do Peñarol com 21 anos e hoje é uma estrela do Boca Juniors.
Que jogador parece que irá desapontar?
Cristian Rodriguez
Ele tem sido parte vital da equipe há muito tempo, mas hoje em dia faltam a intensidade e a velocidade que são chave para o futebol de qualquer jogador de grande porte.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
As quartas de final. Passar pelo grupo A não deve ser problema, mas eles podem enfrentar Espanha ou Portugal nas oitavas. Caso passem, podem esperar França ou Croácia: provavelmente, será o limite para esse time.
Grupo B
Portugal
Por Nuno Travassos, Maisfutebol
Portugal vai jogar a Copa do Mundo deste ano como campeão europeu, então, qualquer pecha de zebra desapareceu. Isso também significa que o complexo de inferioridade que muitas vezes condicionou a equipe foi derrubado. O treinador, Fernando Santos, se recusa a falar da sua equipe como favorita para o torneio, embora ele sugira que a ambição é a mesma da Euro 2016.

Dois anos depois do triunfo, Portugal tem problemas na defesa; os zagueiros que apareceram bem na França não oferecem as mesmas confianças no momento e tem sido difícil encontrar alternativas. Santos admitiu recentemente que está disposto a experimentar jogadores que nunca foram convocados, algo que havia descartado apenas alguns meses antes, incluindo a convocação de Rúben Dias, do Benfica, em março, mas ele acabou de fora por conta de lesão.

Portugal parece ter agora mais opções ofensivas e vai deixar Éder, o herói de 2016, fora do seu time. “Eu entendo essa parte emocional, mas não temos que pagar nada a ele. Eu paguei a ele da maneira que eu senti que deveria retribuir: eu liguei para ele e expliquei por que eu não o escolhi”, disse Santos, depois que a classificação para a Rússia foi confirmada. Jogadores como Bernardo Silva, André Silva ou Gelson Martins dão mais talento ao ataque, apesar de Santos não ter abandonado a estrutura que levou a equipe ao título europeu.Cristiano Ronaldo comemora gol marcado por Portugal contra a Rússia na Copa das Confederações de 2017. Foto: AP/Ivan Sekretarev
Cristiano Ronaldo comemora gol marcado por Portugal contra a Rússia na Copa das Confederações de 2017. Foto: AP/Ivan Sekretarev


A campanha de 2016 recebeu algumas críticas sobre a qualidade do jogo, apesar da conquista histórica, mas Santos continua a desprezar essas preocupações: “Estamos aqui para vencer. E nós lutamos com as nossas armas. Isso é o que eu quero. Não consigo entender a ideia de um time que perde, mas faz um ótimo jogo. Isso me deixa confuso”.

Santos deve permanecer fiel ao 4-4-2 (com 4-3-3 como plano B), com Cristiano Ronaldo liderando a linha ao lado de André Silva, e o foco em uma defesa organizada com rápidos contra-ataques.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Bruno Fernandes
Ele era o capitão da Sub-21 de Portugal, e já tinha impressionado na Serie A, com Udinese e Sampdoria, antes de superar todas as expectativas no Sporting em 2017-18. Ele pode não começar jogando no torneio, mas vai lutar por um lugar, seja no meio ou na lateral.
Que jogador parece que irá desapontar?
Bruno Alves
Fernando Santos terá dificuldade para escolher o parceiro de Pepe. Bruno Alves parecia ter ganhado o lugar na classificação, mas teve uma temporada difícil com o Rangers e jogou apenas cinco jogos da Liga em 2018. Aos 36 anos, ele dificilmente estará em condições físicas ideais.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Apesar de Portugal ser campeão europeu, o nível para a Copa do Mundo tem que estar na altura habitual: passar da fase de grupos e depois pensar jogo a jogo. Há muitos candidatos que têm melhores chances, mas Portugal deve vencer o Irã e o Marrocos para se classificar junto com a Espanha no Grupo B. Com os adversários do Grupo A (Rússia, Arábia Saudita, Egito e Uruguai) para escolher nas oitavas de final, é realista para Portugal mirar nas quartas de final.
Grupo B
Espanha
Por José Sámano, El Pais
A “Roja” está sorrindo novamente. Após o fracasso na Copa do Mundo de 2014 e as derrotas na Eurocopa de 2016, a Espanha se recuperou no ano passado e se prepara para a Copa na Rússia parecendo-se com o time que venceu três grandes torneios consecutivos entre 2008 e 2012. Julen Lopetegui, que assumiu a cargo de Vicente del Bosque após a Euro 2016, revigorou a equipe sem ter que começar do zero.

É extraordinário que a Espanha tenha encontrado a forma com o mesmo time que esteve em baixa. Oito dos jogadores que foram eliminados pela Itália na Eurocopa de 2016 tiveram um papel fundamental na fase de classificação para a Rússia (David de Gea, Sérgio Ramos, Gerard Piqué, Jordi Alba, Sergio Busquets, Andrés Iniesta, David Silva e Álvaro Morata).

Se a Copa do Mundo começasse amanhã, seria mais provável que sete deles ficassem entre os titulares - só Morata não foi chamado. As posições restantes serão provavelmente ocupadas por Koke e Thiago Alcântara (ambos no time que disputou a Euro-2016, na França), Dani Carvajal (que se recupera de lesão), Isco e Diego Costa. Em outras palavras, o time da última década permanece intacto na forma de Ramos, Iniesta e Silva. Esse trio tem sido escalado desde que venceu a Eurocopa de 2008, em Viena.

No último ano, a Espanha foi rejuvenescida, mantendo o mesmo estilo de jogo de sempre. Embora Lopetegui tenha sido flexível, a equipe continua a valorizar a bola acima de tudo. Ela resume tudo. Seu estilo de passe permanece no lugar graças a um grupo iluminado de meio-campistas: Busquets, Thiago, Iniesta, Isco e Silva.

A única diferença é no ataque. David Villa e, em menor escala, Fernando Torres foram os únicos atacantes que se adaptaram bem ao estilo tiki-taka da Espanha. É um time tão heterodoxo que os seus melhores momentos são quando usam um falso nove escondido entre os meias, seja com Cesc Fábregas, antigamente, ou com Marco Asensio agora.

Como Diego Costa não pôde jogar pelo Atlético de Madrid até janeiro, Morata liderou o ataque após o início explosivo da temporada pelo Chelsea. Mas o madrileno pareceu entrar em baixa mais ou menos na época em que Costa reapareceu. Costa, no entanto, não conseguiu se encaixar, devido à sua dificuldade de se envolver em um jogo que flui passe após passe. Iago Aspas e Rodrigo são mais adequados ao estilo da Espanha.

Em suma, o ataque é onde Lopetegui ainda precisa encaixar as peças finais do quebra-cabeça. O resto da seleção é tão fácil de reconhecer como os times de 2008, 2010 e 2012. Não é necessária uma revolução, a Roja é mais uma vez a Roja. A única coisa que falta é o time confirmar isso em mais um grande palco.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Isco
O meia foi fundamental nas Eliminatórias e jogará em sua primeira competição internacional em grande momento como jogador. Ele amadureceu muito e é um driblador de primeira classe, muito bom na finalização. Além disso, ele também tem movimentos muito bons na área entre os meio-campistas e os atacantes.
Que jogador parece que irá desapontar?
Diego Costa
Com David Villa nos Estados Unidos, a Espanha jogou bem sem um atacante ortodoxo. Diego Costa ainda não se adaptou e é por isso que ele pode brigar por esse “título” na Rússia. Ele tem achado difícil se conectar com os meio-campistas - parece que Costa gosta de heavy metal, quando seus companheiros de equipe preferem a música clássica.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
La Roja tem uma equipe para chegar às etapas finais do torneio. Após as decepções no Brasil (2014) e na França (2016), a equipe voltou a ser competitiva. Lopetegui manteve a base do time e acrescentou, com muito cuidado, jogadores como Isco, Asensio, Lucas, Saúl, Aspas e Rodrigo. A Espanha pode esperar o melhor novamente.
Grupo B
Marrocos
Por Amine El Amri, Le Matin
Duas décadas, 20 anos e quatro Copas do Mundo quase apagaram o Marrocos do cenário mundial de futebol. Os tempos de frustração fizeram os torcedores quase renunciarem ao seu direito de ver o time nacional jogar no mais alto nível da competição internacional.

Mas a chegada do ex-técnico da Cambridge United, Renard, no início de 2016, mudou tudo. O francês trouxe um espírito de luta: a maioria dos jogadores já estavam lá, mas Renard acrescentou seu tempero. Primeiro, ele fez Mbark Boussoufa recuar do ataque. Junto com Karim El Ahmadi, a experiência no meio-campo é consolidada por Younès Belhanda, que completa um triângulo quando a equipe perde a posse de bola.

A outra grande mudança trazida por Renard envolve o papel defensivo de Romain Saïss, que se tornou um zagueiro central, mudando seu habitat natural de meia área a área. Isso tornou a equipe mais forte no ar. Depois da lesão de Hamza Mendyl, Renard fez mais uma alteração, com Achraf Hakimi, do Real Madrid, jogando como lateral esquerdo, um papel que nunca havia desempenhado antes.

Achraf é um jogador mais técnico e tem um bom relacionamento com o verdadeiro craque da equipe, Hakim Ziyech. O homem do Ajax geralmente começa no lado esquerdo, antes de assumir o meio-campo central e às vezes troca de posição com Nordin Amrabat, o “touro furioso” do time.

Além dos 11 titulares, os jogadores que saem do banco incluem Fayçal Fajr. “Fayçal é alguém que é essencial para este grupo”, disse Renard em março. “Ele é capaz de jogar no meio-campo em cinco posições e me ajuda a administrar os que não estão felizes em ficar no banco.”

Renard deve renovar sua fé em uma formação 4-2-3-1, passando para 4-4-2 na fase defensiva e para o 4-3-3 no ataque.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Hakim Ziyech
Sem dúvida, Hakim Ziyech. Ele é o craque, o jogador mais talentoso da equipe marroquina e ajudou o Ajax a chegar à final da Liga Europa em 2017.
Que jogador parece que irá desapontar?
Munir
O goleiro conquistou a confiança de todo o grupo, mas mal jogou este ano pelo Numancia, da Segunda Divisão espanhola. Ele mostrou dificuldades para administrar sua recepção de bola no amistoso contra a Sérvia, em março.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Apesar de ter sofrido apenas um gol durante as Eliminatórias, o Marrocos vai reforçar seu trabalho defensivo. Tudo dependerá do primeiro jogo, contra o Irã. Eles precisam vencer antes de enfrentar Espanha e Portugal, para ter chances de classificação às oitavas de final, que é sua meta.
Grupo B
Irã
Por Behnam Jafarzadeh, Varzesh3.com
Pela primeira vez, o Irã participará de duas Copas do Mundo consecutivas e, após um desempenho relativamente aceitável no Brasil 2014, o Team Melli está em busca de um sonho maior na Rússia.

“O Irã vem muito forte”, disse recentemente o técnico Carlos Queiroz. “Com a experiência da Copa do Brasil em 2014 e com vários jogadores tendo se transferido para a Europa, nos tornamos mais sólidos e competitivos. Queremos passar para as oitavas de final, mas isso obviamente será uma tarefa muito difícil”.

Há quatro anos, o time de Queiroz jogou futebol reativo, com base em uma linha defensiva profunda e rápidos contra-ataques em uma formação 4-2-3-1, mas, para chegar aos mata-matas, o Irã precisa de um estilo mais ofensivo, como mostrou nos recentes amistosos no 4-1-4-1.

O Irã tem mais jogadores em forma do que há quatro anos, e isso pode ajudar Queiroz com seus planos táticos. Além de Sardar Azmoun, que está retornando ao nível que chamou a atenção de muitos clubes da Europa, Alireza Jahanbakhsh se tornou o artilheiro do Campeonato Holandês, Karim Ansarifard, o segundo melhor marcador da Grécia, Kaveh Rezaei está entre os artilheiros da Bélgica e Saman Ghoddos teve uma temporada brilhante pelo Ostersunds.

Mas nas outras áreas, o técnico português tem preocupações reais. Seu primeiro zagueiro, Saeed Ezatolahi, estará suspenso no jogo decisivo contra o Marrocos, e o treinador procura um substituto ideal. Parece, contudo, que nenhuma das outras opções o convenceu completamente.

Outra grande preocupação para Queiroz é a defesa como um todo. Nos últimos anos, Morteza Pouraliganji e Jalal Hosseini foram os zagueiros de confiança, mas parece que Queiroz prefere colocar outro zagueiro ao lado de Pouraliganji na Copa do Mundo. Na lateral esquerda, Milad Mohammadi sabe que seu lugar é garantido, mas, no lado direito, Voria Ghafouri e Ramin Rezaeian competem para consolidar seu lugar nos 11 iniciais.

Alireza Beiranvand é o goleiro número 1. No entanto, a principal preocupação de Queiroz nos últimos meses foi a preparação física de seus jogadores que atuam no Irã. “Nossos jogadores que estão no Irã não estão prontos e precisam de uma preparação de 40 dias para chegar ao nível da Copa do Mundo”, disse ele.

Queiroz é sempre uma pessoa difícil de adivinhar, muitas vezes mudando de formação enquanto tenta colocar os jogadores mais em forma. Seu time inicial nunca é previsível.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Mehdi Taremi
Apesar de suas controvérsias fora do campo, trata-se de um talento único, com grande capacidade de criar oportunidades de gols para ele e seus companheiros de equipe. Para muitos, Sardar Azmoun ou Alireza Jahanbakhsh são astros do Irã, mas Taremi pode ser a arma escondida de Queiroz.
Que jogador parece que irá desapontar?
Ramin Rezaeian
Ele se transferiu para a Liga Belga para cimentar seu lugar no time titular do Irã, mas teve uma temporada decepcionante. O zagueiro não tem características fortes e, se começar jogando, pode ser um fracasso.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
O objetivo realista do Irã é conseguir um ou dois pontos na fase de grupos. Um empate contra Marrocos - e talvez Portugal - e uma derrota apertada contra a Espanha. Mesmo esses resultados significando eliminação, isso seria aceitável para os torcedores do Irã.
Grupo C
França
Por Patrick Urbini, da France Football
Desde que chegou à final da Eurocopa de 2016, a França não deu o salto esperado. O potencial ofensivo é, hoje, claramente superior, com a adição de jogadores como Kylian Mbappé, Thomas Lemar e Ousmane Dembélé. Também há mais opções para o meio-campo, como Corentin Tolisso, enquanto os atletas mais jovens ganharam experiência ao longo das Eliminatórias. Mas ainda parece faltar consistência, personalidade e poder de controlar a partida para que o time seja considerado um favorito natural ao título da Copa do Mundo. Além disso, continua sendo difícil definir o estilo de jogo da seleção nacional.

Os confrontos deste ano têm enviado sinais contraditórios, sobretudo na derrota por 3 a 2, em casa, diante da Colômbia, no último mês de março. Na ocasião, a equipe desfilou meia hora no ataque, seguida de uma hora inteira de puro embaraço defensivo.

Esse cenário deixou muitas perguntas sem resposta no setor defensivo. O quão agressiva e inventiva a França pode ser no campo do adversário sem contar com seus dois melhores zagueiros, Djibril Sidibé e Benjamin Mendy, que estiveram às voltas com lesões durante a maior parte da temporada? Os dois foram incluídos por Didier Deschamps no grupo que disputará o Mundial, mas, se não estiverem preparados para jogar, como Benjamim Pavard e Lucas Hernández se sairão como defensores?Em amistoso contra a Itália, em junho de 2018, Ousmane Dembele comemora com Paul Pogba. Foto: Reuters/Eric Gaillard
Em amistoso contra a Itália, em junho de 2018, Ousmane Dembele comemora com Paul Pogba. Foto: Reuters/Eric Gaillard


Deschamps prefere um 4-4-2 ou um 4-3-3, dependendo do adversário, da natureza da partida, do equilíbrio que ele busca para o meio-campo e do tipo de jogadores a serem usados pelos lados. Mas, se o treinador sabe exatamente qual é o melhor time à disposição hoje, isso não parece claro.

À exceção de Zinedine Zidane, as seleções francesas que disputaram as Copas de 1998 e 2006 baseavam-se principalmente na solidez defensiva, no poder físico e na capacidade de recuperar a bola rapidamente. A estratégia de Deschamps é bem diferente: o time tem mais velocidade na frente, maior ênfase no contra-ataque e soluções mais individuais do que coletivas.

Em 2014 e em 2016, os dois grandes torneios que disputou, Deschamps utilizou um 4-3-3, o que pode significar mais uma aposta no meio de campo formado por Paul Pogba, N’Golo Kanté e Blaise Matuidi, com Tolisso como uma possível alternativa a este último. Caso contrário, o 4-4-2 poderia permitir uma dupla de ataque com Antoine Griezmann e Olivier Giroud, deixando Matuidi no banco.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Kylian Mbappé
Mesmo que a França não chegue à final, ele pode perfeitamente ser uma das estrelas do Mundial, assim como Thierry Henry fez, aos 20 anos, na Copa de 1998, sendo o artilheiro francês no torneio. O mesmo aconteceu com Pelé, em 1958; com Diego Maradona, em 1982; com Ronaldo, em 1994; e com Lionel Messi, em 2006, todos lendas do futebol dando seus primeiros passos em Copas do Mundo, já com grande expectativa, a despeito do fato de serem, praticamente, apenas adolescentes (como Mbappé).
Que jogador parece que irá desapontar?
Paul Pogba
Muitas atuações abaixo do esperado em momentos importantes colocaram em dúvida sua capacidade de ser decisivo nas partidas mais difíceis. Ele não é um melhor jogador agora do que há dois anos, quando trocou a Juventus pelo Manchester United, e volta e meia parece não se importar com muita coisa. Após uma temporada decepcionante na Premier League, Pogba pode até perder seu lugar no time titular se não mostrar uma postura mais correta e tornar seu jogo mais simples.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
As semifinais. Qualquer coisa menos do que a última campanha, no Brasil, quando a França foi eliminada nas quartas de final com uma derrota por 1 a 0 diante da futura campeã Alemanha, será considerada um grande fracasso. Isso colocaria em xeque o futuro de Deschamps, que teve o contrato renovado até 2020.
Grupo C
Austrália
Por Richard Parkin, do Guardian Australia
Tendo mudado de técnico tão em cima da hora, a Austrália irá à Rússia como uma grande incógnita. O ex-treinador Ange Postecoglou era enfático sobre a estratégia de jogo a ser implementada: sem medo, um estilo ofensivo baseado em posse de bola e pressão alta. Na Copa do Brasil, em 2014, a equipe foi elogiada pela maneira como encarou os duelos contra Chile e Holanda. Muitos consideram que o momento decisivo em que a Austrália abandonou o complexo de inferioridade foi a conquista da Copa da Ásia, em 2015.

Mas o trem comandado pela revolução imposta por Postecoglou começou a descarrilar nas Eliminatórias para o Mundial da Rússia. Resultados ruins diante de Tailândia e Iraque expuseram uma seleção com várias falhas. Depois de não garantir a vaga automática na Copa de 2018, a Austrália superou por pouco a Síria na repescagem, despachando Honduras em seguida.

Agora sob o comando de Bert van Marwijk, espera-se uma Austrália muito mais pragmática na Rússia, tanto em termos de filosofia quanto de tática. Em amistosos contra Noruega e Colômbia, o holandês recuou no flerte de Postecoglou com o 3-4-2-1/3-2-4-1, que apostava na ultrapassagem dos alas e na presença de dois camisas 10. Marwikj optou por um 4-3-3 mais simples, com uma linha defensiva bem mais postada.

Ao anunciar a primeira convocação com 32 nomes, Van Marwijk reiterou aspectos de sua proposta. “Eu gosto de jogar um futebol rápido e ofensivo”, disse. “Mas eu também gosto de vencer”.

Dada à natureza de curto prazo do acordo com a Austrália, válido apenas para o Mundial — ele será substituído por Graham Arnold após a competição —, não se pode esperar nenhuma mudança radical por parte de Van Marwijk. O técnico irá reforçar a defesa e, contra equipes melhores, como a França, tentará jogar com velocidade, apostando em passes verticais para jogadores ágeis, como Mathew Leckie, Robbie Kruse e Nikita Rukavytsya.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
?
O jogador que mais irá surpreender será aquele que se tornar titular inesperadamente. Com apenas quatro amistosos sob o comando de Van Marwijk, a equipe que irá iniciar o jogo contra a França é uma grande incógnita. O lateral-direito Fran Karacic, nascido na Croácia, pode ser esse nome. Destaque em um setor que tem sido problemático para a Austrália por anos, ele é alto, forte e líder do time, mesmo com apenas 22 anos. Daniel Arzani é outro a ser observado atentamente. Depois de uma temporada sensacional na liga doméstica da Austrália, o jovem atacante não sofre de falta de confiança e pode, aos 19 anos, realizar algo especial, sobretudo contra defesas muito fechadas.
Que jogador parece que irá desapontar?
?
Se algum jogador desapontar, não será por conta de falhas individuais, mas sim devido à função que se espera que ele exerça. Tanto Tom Rogic quanto Aaron Mooy têm sido ótimos nos últimos anos, mas se Van Marwijk optar por Mile Jedinak como único volante — tal qual no conhecido dilema inglês envolvendo Frank Lampard e Steven Gerrard —, existem dúvidas sobre a possibilidade de ambos serem efetivos em uma mesma equipe. Rogic pode até ser sacrificado se o treinador quiser mais força física no meio-campo, com Jackson Irvine, do Hull City, ou Marrimo Luongo, do Queens Park Rangers, oferecendo mais solidez defensiva. Seria uma pena, considerando o talento de Rogic, um dos poucos jogadores australianos capazes de abrir uma defesa de nível mundial.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Van Marwijk tem a missão de fazer uma fase de grupos tranquila, com a classificação ao mata-mata sendo considerada um sucesso. Mas, diante de três adversários ranqueados entre as 12 melhores equipes do mundo, apenas o mais otimista dos torcedores pode considerar isso possível. Ainda assim, é uma chave menos assustadora do que a da Copa de 2014, quando a Austrália enfrentou Espanha, Holanda e Chile. Se o técnico conseguir incutir um senso de coletividade e de gana em seus jogadores, não há razão para que a seleção não consiga incomodar um ou mais oponentes de mais grife.
Grupo C
Peru
Por Pedro Canelo, do El Comercio
Ricardo Gareca, técnico do Peru, extremamente querido no país, é conhecido como Tigre, e o apelido com certeza resume bem o instinto de luta que seu time demonstrou nas Eliminatórias para a Copa, garantindo a classificação para o torneio pela primeira vez em 36 anos. Liderado pelo capitão e recordista de gols Paolo Guerrero, a equipe tem uma alma aguerrida e fará de tudo para garantir, na Rússia, mais um capítulo de uma história feliz.

Primeiro, o estilo; depois, o contorno. Gareca usou olhos bem treinados para escolher os jogadores certos para exercer seu modelo de jogo preferido, focado em dar um bom tratamento à bola. Peru havia perdido sua identidade futebolística nos últimos 20 anos, até ele assumir o posto, em 2015. O treinador trouxe de volta a elegância que havia se perdido, acrescentando toques mais modernos de condicionamento físico e disciplina tática. Tudo isso se somou para que o Peru conseguisse chegar à Rússia, derrotando a Nova Zelândia na repescagem.

A preparação do Peru foi atingida por um duro golpe quando Guerrero foi banido do Mundial após ser condenado por doping pela Fifa. Mas o alívio veio no fim de maio, e a seleção irá para a Copa com seu jogador mais importante em campo.

Ao que parece, Gareca vai começar o torneio com Gallese no gol, Luis Advíncula na lateral direita, Alberto Rodríguez e Christian Ramos como dupla de zaga e Miguel Trauco na lateral esquerda. Renato Tapia e Yoshimar Yotún, jogadores que se completam muito bem devido à capacidade de posicionamento e de passe, vão atuar como volantes. Já o trio que opera logo atrás de Guerrero deve ter André Carrillo, Christian Cueva e Jefferson Farfán.

Se o Peru tiver dificuldades de balançar as redes, uma opção seria deslocar Farfán para o ataque, ao lado de seu antigo companheiro Guerrero, trocando o esquema para o 4-4-2. É nisso que Gareca trabalhou durante os treinos em San Luis, e funcionou nos amistosos de março, com vitórias sobre Croácia e Islândia.

A Fifa permite que as seleções da Copa enviem uma lista provisória com 35 nomes, mas Gareca selecionou somente 24. Ele não queria trabalhar com um grupo muito grande, então apenas um jogador precisou ser cortado, Sergio Peña. O olhar do técnico está direcionado para os atletas que têm estado com ele nos últimos dois anos, desde a Copa América. Na ocasião, a seleção acabou eliminada nos pênaltis, nas quartas de final. Será preciso um olhar de tigre se o plano é alcançar algo semelhante na Rússia.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Edison Flores
Ele é um dos destaques do time e uma ameaça constante de gol aos adversários. Conhecido como “Orejas” (Orelhas), o atacante balançou as redes nove vezes durante a Era Gareca e foi decisivo em diversas vitórias, sobretudo em triunfos fora de casa sobre Paraguai e Equador. Aos 24 anos e defendendo o Aalborg, da Dinamarca, uma transferência para uma liga mais importante o aguarda em breve, com certeza.
Que jogador parece que irá desapontar?
Alberto Rodríguez
A maior preocupação de Gareca. Aos 34 anos, ele é o principal defensor do time, mas ainda não está 100% após sofrer uma série de lesões.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
As oitavas de final. O jogo decisivo para as pretensões do Peru será logo o primeiro, contra a Dinamarca, em 16 de junho. Se os comandados de Gareca superarem esse obstáculo, estarão em uma excelente posição para avançar ao mata-mata. Contra um time fisicamente tão impressionante quanto o dos dinamarqueses, o Peru terá que causar estragos através do trabalho em equipe e de um tratamento eficiente da bola.
Grupo C
Dinamarca
Por Troels Henriksen, do Jyllands-Posten
Para nós, dinamarqueses, é um pouco estranho entrar em um grande torneio sem Morten Olsen. O ex-jogador e ex-técnico da seleção nacional exerceu, com sobras, a maior influência sobre o futebol do país nas últimas cinco décadas. Durante os anos 70 e 80, ele foi um grande líder, capitão da Dinamarca que encantou o mundo com um futebol voltado para o ataque, sobretudo na Copa do Mundo de 1986, no México. Depois, entre 2000 e 2015, Olsen foi o treinador da seleção.

Mas tudo precisa chegar ao fim. Após não classificar a equipe para várias competições consecutivas, Olsen pediu demissão, e a Federação Dinamarquesa de Futebol nomeou o norueguês Åge Hareide, único técnico a vencer os campeonatos Dinamarquês, Sueco e Norueguês. Hareide, ex-jogador do Manchester City, manteve a tradição ofensiva da Dinamarca, mas mudou drasticamente a filosofia de jogo e a tática. Em sua mente, ele tinha um único grande trabalho: tirar o melhor de Christian Eriksen.

“Quando eu vejo um grande jogador, darei a esse atleta toda a liberdade do mundo para que use suas habilidades”, disse o comandante ao Jyllands-Posten alguns meses antes da Copa do Mundo.

A Dinamarca não joga mais um futebol baseado em posse de bola, como o da Holanda ou da Espanha, com uma interminável — e muitas vezes inócua — troca de passes. O novo estilo é direto, agressivo e rápido. Isso criou espaços para Eriksen, e o meia do Tottenham foi extremamente importante para a equipe durante as Eliminatórias. Em 19 jogos sob o comando de Hareide, o craque marcou 15 gols — com Olsen, ele havia balançado as redes apenas seis vezes em 57 partidas.

A seleção dinamarquesa também vem tentando utilizar a capacidade física de seus jogadores. Atletas como Simon Kjaer, Andreas Bjelland, Thomas Delany, Yussuf Yurary Poulsen e Mathias “Zanka” Jørgensen são todos grandes e fortes, enquanto o meia Delaney, do Werder Bremen, representa uma ameaça na bola parada — os marcadores parecem se esquecer dele, dando maior atenção aos zagueiros dinamarqueses.

A Dinamarca pode e vai pressionar o campo do adversário, mas a herança futebolística do país não foi esquecida. Assim, muitas vezes a equipe termina o jogo com mais posse de bola do que os rivais. A diferença, agora, é que cada passe conta. É preciso haver um propósito.

Defensivamente, Andreas Christensen, do Chelsea, deve ficar de fora, uma vez que Hareide prefere a experiência de Kjaer, do Sevilla, e Bjelland, do Brentford. No meio, William Kvist tem sido muito criticado por estar velho e lento demais. O volante perdeu a posição de titular em sua equipe, o FC Copenhagen, algo que ameaça também o seu posto na seleção dinamarquesa. Kvist, contudo, fez uma grande partida quando a Dinamarca venceu a Irlanda por 5 a 1, em Dublin, e isso pode assegurar sua vaga na Rússia, se Hareide mantiver a confiança nele.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Andreas Bjelland
Ele manteve a posição no time titular mesmo com Andreas Christensen impressionando pelo Chelsea na Premier League. Bjelland é um zagueiro canhoto com bom domínio de bola e grande visão de jogo. A carreira desse jogador não seguiu um caminho rápido, e sua primeira conquista veio apenas aos 24 anos, com o título do Campeonato Dinamarquês pelo FC Nordsjaelland, em 2012. Ele sofreu uma lesão nos ligamentos cruzados do joelho assim que chegou ao Brentford e sofreu para retomar ao alto nível. Um bom desempenho na Copa do Mundo com certeza dará a Bjelland a atenção de clubes maiores.
Que jogador parece que irá desapontar?
Christian Eriksen
Ele não pode carregar o peso de toda a expectativa dinamarquesa, mesmo depois de ter garantido praticamente sozinho a classificação ao Mundial. A namorada do craque, Sabrina, deve dar à luz o primeiro filho do casal pouco antes da estreia na Copa, contra o Peru, e isso também pode afetar o seu psicológico.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
O sorteio foi gentil com a Dinamarca, que terá pela frente Peru e Austrália. O consenso geral no país é de que o Peru tem pouca experiência em Mundiais, além de jogadores que atuam em clubes menores do que os dinamarqueses. Enquanto isso, a Austrália acaba de contratar um novo técnico, depois de um desempenho fraco nas Eliminatórias. Então, no que diz respeito à Dinamarca, a seleção é favorita para passar de fase, atrás apenas da França. Um duelo com Croácia ou Argentina nas oitavas de final parece estar à vista.
Grupo D
Argentina
Por Javier Saúl, do La Nacion
Não há argumentos sólidos que sugiram que a Argentina pode vencer esta Copa do Mundo. O time não tem o nível de entrosamento da Espanha, a estrutura da Alemanha ou a mistura entre jogadores de qualidade mundial e espírito de equipe de seus grandes rivais, como o Brasil. Mas a Argentina tem Lionel Messi, e isso, por si só, é uma razão para acreditar que nada é impossível.

“Se o Leo estiver bem, o time vai estar mais ao controle dele do que do meu”, confessou o técnico Jorge Sampaoli. O objetivo mais realista é chegar às quartas de final. Uma eliminação antes disso seria frustrante, enquanto qualquer coisa além precisará ser vista como uma performance muito positiva. Mas ninguém na Argentina esquece as três finais perdidas em sequência: na Copa do Mundo de 2014, e nas Copas Américas de 2015 e 2016. Trata-se de uma equipe que sofre de uma preocupante fraqueza mental e que estará sob grande pressão na Rússia.

Uma das maiores deficiências argentinas está no gol, uma posição aberta depois que Sergio Romero foi cortado com uma lesão no joelho. Willy Caballero atuou muito pouco pelo Chelsea na última temporada, e seus substitutos não parecem ter experiência o bastante a essa altura. Na defesa, só há um jogador de nível internacional, Nicolás Otamendi, e o desempenho do setor vem deixando muito a desejar com Sampaoli. O treinador trocou titulares e esquemas com frequência, mas acabou optando por uma linha tradicional de quatro defensores. Gabriel Mercado não se sente confortável na lateral direita e pode ser outro calcanhar de Aquiles. Messi disputa bola contra Waldo Vernet, do Haiti, em amistoso em Buenos Aires no dia 29 de maio. Foto: Reuters/Marcos Brindicci
Messi disputa bola contra Waldo Vernet, do Haiti, em amistoso em Buenos Aires no dia 29 de maio. Foto: Reuters/Marcos Brindicci


Também há muitas questões a serem respondidas sobre o meio de campo, e a contusão de Lucas Biglia — uma fratura dupla na vértebra lombar, que põe em dúvida suas condições de jogo — só acrescenta mais um item à lista de incertezas. A falta de controle e iniciativa para manter a posse de bola no meio durante as partidas levantou perguntas importantes. A resposta dos atletas tem sido apenas hesitante.

Dois desses meio-campistas simbolizam o clima que cerca a Argentina nesta Copa do Mundo. Um deles é Javier Mascherano, que completará 34 anos no dia 8 de junho e joga em uma fraca Liga Chinesa. O volante está claramente em declínio e parece espelhar o estado geral da equipe. Por outro lado, Giovani Lo Celso, de 22 anos, terá que exercer maior influência para que tudo corra bem. Ele é um jogador moderado, capaz de criar ataques, como comprovou na última temporada pelo PSG, e parece mais preocupado com a unidade do time do que vários de seus companheiros. Lo Celso pode iniciar jogadas ofensivas e passar entre as linhas de defesa para os atacantes. E aí mora outra preocupação. Os parceiros de Messi — como Sergio Aguero e Gonzalo Higuain — não podem deixar seu capitão trabalhar sozinho se sonham em ganhar a taça. A Argentina pode perder com Messi, mas a impressão é que jamais vencerá sem ele.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Giovani Lo Celso
O futebol europeu transformou Lo Celso em um versátil, completo e decisivo jogador. Ele deixou o Rosário Central como um meio de campo criativo. No Paris Saint-Germain, desenvolveu suas habilidades e, consequentemente, sua importância para o time aumentou. Lo Celso é, agora, muito mais capaz de anular contra-ataques, além de contribuir defensivamente perseguindo os melhores jogadores do adversário. E não é apenas isso: seu chute (e passe) de primeira é excelente, e algumas vezes ele aparece na área rival para finalizar. No meio-campo, ele realmente pode ser o parceiro perfeito que Lionel Messi sempre sonhou ter na seleção.
Que jogador parece que irá desapontar?
Javier Mascherano
Era bastante óbvio que ele não poderia continuar jogando no Barcelona e, na verdade, ele só se transferiu para a China para que pudesse seguir em atividade, mantendo assim a chance de participar de outra Copa do Mundo. Atuar na Liga Chinesa não o ajudou muito, porém. Apesar de seguir sendo uma opção para a defesa ou para o meio-campo, os melhores dias de Mascherano ficaram claramente para atrás. Contudo, ele continua exercendo uma influência positiva sobre os companheiros.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Apesar de ter Lionel Messi, um dos melhores jogadores do mundo, uma meta realista para a Argentina é chegar até as quartas de final. A seleção chega à Rússia depois de muitos anos de péssima gestão, algo que deixou cicatrizes. O técnico Jorge Sampaoli está no comando há apenas um ano e o time ainda carece de uma identidade reconhecível.
Grupo D
Islândia
Por Sindri Sverrisson, do Morgunbladid
Apesar de esta ser a primeira Copa do Mundo da qual a Islândia irá participar, a equipe acumulou bastante experiência e entrosamento por conta dos diversos torneios disputados juntos ao longo dos anos. A menor nação do planeta a jogar um Mundial na história encontrou sua melhor forma depois que Lars Lagerbäck e Heimir Hallgrímsson assumiram o comando, no fim de 2011. Desde então, o time tem se baseado no mesmo grupo de jogadores, na mesma formação titular e na mesma estratégia. E esses atletas pretendem surpreender o mundo mais uma vez, do mesmo modo que fizeram ao alcançar as quartas de final da Eurocopa de 2016.

“Nossa meta é clara: superar a fase de grupos. Quando nos classificarmos, não vamos temer nenhum possível oponente, porque já teremos deixado pra trás duas seleções entre Argentina, Croácia e Nigéria”, disse Hallgrímsson ao anunciar os 23 jogadores que irão à Copa.

Enquanto Lagerbäck, que se aposentou após a Euro de 2016, preferia a formação 4-4-2, Hallgrímsson tem modificado o esquema para o 4-5-1 em partidas contra equipes mais fortes. Isso dá ao capitão do time, Aron Gunnarsson, mais ajuda para defender, com o calmo e confiável passador Emil Hallfreðsson ao seu lado. Além disso, Gylfi Sgurðsson, dono de chutes certeiros, também ganha mais espaço à frente da dupla de volantes. Gunnarsson e Sigurðsson, sem dúvida os dois jogadores mais importantes do time, têm formado uma perfeita dupla de meio-campo por anos, mas ambos precisaram superar lesões às vésperas da Copa do Mundo. Perder qualquer um dos dois seria um golpe duro para a Islândia, mas Hallfreðsson e Birkir Bjarnason já mostraram que também podem ser úteis.

Salvo outras contusões, Bjarnason e Jóhann Berg Guðmundsson vão atuar nas pontas. Guðmundsson representa sempre uma ameaça ao adversário com seu bom pé esquerdo, e Bjarnason também tem faro de gol. Os dois são ainda muito disciplinados defensivamente, algo que vale para toda a equipe, incluindo o artilheiro Jón Dadi Bödvarsson, que nunca para de correr, e Alfred Finnbogason, um dos principais goleadores da última Bundesliga pelo Augsburg. A Islândia vai atuar defensivamente, mas busca punir os oponentes com contra-ataques muito bem trabalhados e lances de bola parada, bem como com os lançamentos longos de Gunnarsson. O objetivo é compor o mais organizado e disciplinado time do mundo, mas que também tem boas qualidades individuais com uma geração dourada de meio-campistas e matadores, que estão alcançado o auge de suas carreiras.

Hannes Pór Halldórsson tem sido uma sólida escolha como goleiro pelos últimos seis anos, com os zagueiros-centrais e melhores amigos Kári Árnason e Ragnar Sigurðsson diante dele. A dupla atraiu muita atenção na Euro 2016, mas desde então Sverrir Ingi Ingason vem chegando bem perto de ganhar a vaga de um dos dois. Hörður Magnússon, de 25 anos, é um alto e técnico lateral-esquerdo e o mais novo atleta do time titular. Já na lateral direita a primeira opção é o veloz Birkir Már Sævarsson.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Jóhann Berg Guðmundsson
Ele tornou-se cada vez mais valioso para a seleção islandesa nos últimos anos, e seu pé esquerdo deve chamar a atenção na Rússia. Guðmundsson vem de uma temporada sensacional pelo Burnley, onde teve papel decisivo na classificação do clube para a Liga Europa. Todos esperam que Gylfi Sigurdsson vá comandar o ataque da Islândia, mas Gudmundsson pode tomar o protagonismo por ter o pacote completo de velocidade, técnica, finalização e passe, além de uma consciente participação defensiva.
Que jogador parece que irá desapontar?
Birkir Már Sævarsson
O lateral optou por voltar para casa e defender o Valur no semi-profissional Campeonato Islandês, o que pode afetar o seu desempenho na Rússia. Além disso, ele tem muito pouca ou nenhuma competição pela vaga no lado direito, algo que pode deixá-lo um pouco confortável demais. Sævarsson tem se saído bem em quase todos os duelos até agora, mas existe o risco de se mostrar um ponto fraco contra alguns dos melhores alas do mundo na Copa.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Avançar à fase mata-mata é uma meta realista para a Islândia, mas não há espaço para erros. O lado negativo de ter um time que atua junto há tanto tempo, e que se conhece profundamente, é que cresce muito a dependência de que todos esses jogadores estejam completamente saudáveis e prontos.
Grupo D
Croácia
Por Aleksandar Holiga, do Telesport
Apesar dos argumentos indicando que o 4-3-3 seria a melhor opção diante dos jogadores disponíveis, a formação habitual da Croácia tem sido o 4-2-3-1, eventualmente transformando-se em um 4-4-2, com o meio-campo em formato de losango. O técnico Zlatko Dalic fez mudanças significativas imediatamente após assumir o cargo, apenas dois dias antes do jogo decisivo contra a Ucrânia pelas Eliminatórias. Luka Modric foi movido para a posição de camisa 10, uma função que o jogador do Real Madrid raramente exerceu desde a juventude. O enigma Modric-Rakitic era uma pedra no caminho dos antecessores de Dalic, que sofriam para aproveitar as habilidades das duas estrelas de maneira produtiva. O novo treinador optou por essa solução e valeu a pena tanto diante da Ucrânia, em Kiev, quanto na repescagem contra a Grécia.

Nos últimos anos, a Croácia vinha sofrendo com uma dependência crescente de Modric. Antes, o craque chegou a atuar posicionado na frente da área defensiva, tendo que dar conta também de muita marcação. Quem quer que atuasse à frente dele — em geral Rakitic, Marcelo Brozovic ou Mateo Kovacic — raramente entregava passes decisivos no terço final do campo, e a seleção atacava sobretudo pelas pontas, algo estranho para um time com tanto talento no meio-campo.

Agora, jogando mais avançado, Modric tem muito menos espaço e tempo com a bola, e suas estatísticas de passe encontram-se longe de serem tão impressionantes quanto em outros momentos. Mas os benefícios podem superar as desvantagens: Dalic espera que a inteligência e movimentação do jogador aumentem o poder de fogo da equipe. Nessa estratégia, Rakitic precisa atuar mais recuado, com maiores obrigações defensivas, na expectativa de que consiga também bons passes longos para o ataque. Isso significa ainda que não há vaga no meio-campo nem para Brozovic nem para Kovacic. Como Dalic precisa de alguém que dê mais equilíbrio à equipe, e sem ter à disposição um verdadeiro volante clássico, Milan Badelj, da Fiorentina, é quem se encaixa melhor na função do que qualquer outro.

Danijel Subasic, do Monaco, com certeza começará como titular no gol, enquanto Sime Vrsaljko e, provavelmente, Ivan Strinic serão os laterais. Domagoj Vida, Dejan Lovren e Vedran Corluka disputam as duas vagas de zagueiro-central. Corluka costumava levar vantagem por conta da experiência, mas ele sofreu muitas lesões recentemente, o que ocasionou um declínio em sua força e velocidade. Embora não pareça que a Croácia irá jogar com as linhas altas, os outros dois beques parecem uma aposta mais segura no momento.

O lado direito do ataque costuma ser mais bem ocupado do que o esquerdo, com Vrsaljko avançado muito e o ala — seja Andrej Kramaric, Mario Mandzukic ou algum outro — cortando para dentro. Modric também pode aparecer por ali, uma vez que a Croácia dá especial atenção a essa zona do gramado. Já a lateral esquerda há muito é considerada um ponto fraco, e muitos adversários buscaram explorar isso. Mesmo sendo verdade que a equipe não tem um jogador de altíssimo nível para a posição, existe uma necessidade de prover mais cobertura defensiva para Ivan Perisic. O atleta da Inter de Milão costuma correr a partir do meio-campo para um jogo mais tradicional pelos lados e pouco contribui na marcação, deixando com frequência o companheiro atrás dele exposto.

Apesar de algumas performances mais fracas nas partidas recentes e da ameaça imposta por jovens como Ante Rebic e Marko Pjaca, Perisic provavelmente irá manter o seu lugar na ala. Já Kramaric e Mandzukic podem trocar de posições no ataque, com o posto de centroavante podendo ser ocupado tanto por um artilheiro de porte (Mandzukic) quanto por um tipo mais flexível de jogador (Kramaric). Nikola Kalinic é o próximo da fila para atuar na frente.

Contudo, a despeito de seu poderio ofensivo, o time titular da Croácia tem uma média de idade próxima dos 30 anos, configurando uma das equipes mais velhas da Copa do Mundo.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Andrej Kramaric
Com sua versatilidade e capacidade de explorar os espaços entre as linhas, Kramaric dá à Croácia uma imprevisibilidade que faltava há muito tempo. Ele será crucial para o sucesso do ataque da equipe.
Que jogador parece que irá desapontar?
Dejan Lovren
A Croácia nunca confiou muito neste jogador, que falha ao não corresponder inteiramente com qualquer um dos parceiros de zaga na seleção. Dessa vez, parece que ele irá substituir Corluka no time titular, por conta das constantes lesões do veterano, e isso já desperta as suspeitas habituais.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
“Tudo é possível na fase mata-mata” tem sido o mantra de todas as seleções croatas desde que o país ascendeu a um patamar mais alto. E é verdade: a Croácia pode bater qualquer um em um dia bom. Por outro lado, ela também pode perder para qualquer um. Por mais que a equipe não chegue tão longe desde 1998, chegar às oitavas de final é a expectativa mínima para a mais talentosa geração que o país produziu nas últimas duas décadas.
Grupo D
Nigéria
Por Solomon Fowowe, do The Guardian Nigéria
Desde que Gernot Rohr assumiu o comando das Super Águias, em 2016, o time evoluiu gradativamente nos quesitos espírito de equipe e disciplina. A união construída no grupo trouxe uma mentalidade forte, que permite à Nigéria prosperar contra todas as expectativas. Trata-se de uma seleção jovem, com a marca do treinador alemão, que criou um contra-ataque resiliente capaz de muitas surpresas na Copa do Mundo.

Ainda que Rohr tenha flertado com várias formações diferentes — incluindo o 3-5-2 usado na vitória por 4 a 2 sobre a Argentina, em novembro —, está claro que o técnico irá optar pelo seu confiável 4-2-3-1, baseado na resistência defensiva e nos eficientes contra-golpes. Embora as Super Águias formem um time melhor do que a soma de suas partes, sua força também está calcada no brilho de alguns elementos. Rohr, porém, sempre busca um olhar coletivo, procurando minimizar a importância dos destaques individuais.

“Nós não temos nenhum grande jogador como Kanu ou Okocha, que foram fundamentais no passado, então a força desse grupo está no trabalho em equipe”, afirmou o comandante. “Nosso capitão John Obi Mikel ou Victor Moses não são atletas que decidirão o destino do jogo sozinhos, como as estrelas dos anos 90”.

Apesar do discurso, a influência de Obi Mikel no time é imensa. O meia, ex-Chelsea, coordena o jogo da Nigéria e dita o ritmo das partidas com uma calma e inteligente distribuição de bola. Por trás de Mikel estão dois ladrões de bola: Ogenyi Onazi e o talentoso Wilfred Ndidi. Eles compõem a base do meio-campo, atuando como escudos humanos para a linha defensiva. Ambos são prioritariamente destruidores, mas estão longe de convencer na hora de construir jogadas. Essa é a maior crítica feita aos dois: a distribuição e a transição da defesa para o ataque é frequentemente pobre, uma situação exacerbada todas as vezes em que Mikel não joga.

A solução de Rohr para o problema foi colocar Mikel o mais próximo possível de Onazi e Ndidi. Assim, ele atua mais perto da dupla de volantes do que do centroavante, Odion Ighalo, cuja capacidade de se movimentar o impede de ficar isolado. Sua competência de recuar com inteligência, sem deixar de se posicionar para marcar gols, garantiram a ele o comando do ataque. Kelechi Iheanacho fica como uma opção de qualidade no banco.

O poderio ofensivo da Nigéria depende fortemente do ritmo e da astúcia de Victor Moses, lateral-esquerdo do Chelsea. Com a seleção, o jogador vira um virtuoso ala, adicionando verticalidade e velocidade pelos lados ao jogo do time. Atuando como um ponta pelas Super Águias, Moses é o mais importante jogador da equipe, capaz de momentos mágicos e também, certas vezes, de excessos de individualismo.

Rohr tem frisado a necessidade de “grande disciplina” e de “solidariedade e comunhão” para a equipe. Essas características são melhor incorporadas pela dupla de zaga, composta por Leon Balogun e William Troost-Ekong. Os dois têm uma sintonia profunda e compõem uma defesa sólida, difícil de ser rompida. A habilidade de Balogun, combinada ao estilo de imposição física de Troost-Ekong, adaptam-se perfeitamente à proposta de jogo do time.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Francis Uzoho
Como um goleiro que havia feito apenas duas partidas profissionais pelo Deportivo La Coruña, Uzoho é, provavelmente, uma pessoa de sorte por chegar à Copa do Mundo como provável titular da Nigéria. Aos 19 anos, porém, Uzoho tem um bom comando de área e uma impressionante capacidade de bloquear finalizações. Ao garantir vaga nos 11 iniciais, ele irá se juntar a companhias ilustres como Peter Rufai, Ike Shorunmu e Vincent Enyeama.
Que jogador parece que irá desapontar?
Alex Iwobi
As apresentações pobres do jogador pelo Arsenal levaram muitos a se perguntar o quanto ele pode fazer pelas Super Águias. Depois de uma ótima temporada de estreia como profissional pelo clube inglês, em 2015/2016, o ponta-esquerda de 22 anos pouco tem entrado em campo, com um desempenho sofrível quando ganhou oportunidades. Muitas vezes, ele parece alheio ao jogo, e isso precisará ser contornado para que o talentoso Moses Simon não o substitua na formação inicial.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Como está no grupo mais difícil da Copa do Mundo, existe uma enorme possibilidade de eliminação precoce, ainda na primeira fase. Contudo, é plausível que eles consigam superar Croácia e Islândia na busca pela vaga nas oitavas de final. Muito disso irá depender da partida de estreia contra a Croácia.
Grupo E
Brasil
Por Carlos Eduardo Mansur e Márvio dos Anjos, do jornal O GLOBO
Nos amistosos mais recentes da seleção brasileira, Tite esforçou-se para encontrar jogadores que pudessem se infiltrar em linhas defensivas de cinco homens, como as utilizadas por Antonio Conte no Chelsea. Dois tipos foram necessários em particular: um meio-campista capaz de trabalhar perto da marca do pênalti e um camisa nove com presença física. Como ninguém se encaixou, o técnico selecionou Taison, do Shakhtar Donetsk, em seus 23 — mas o ala parece um pouco redundante, já que é parecido com outros três jogadores do elenco.

Isso significa que Philippe Coutinho — que está acostumado a costurar por dentro de um dos flancos — está prestes a ser colocado em uma função fundamental, conduzindo o meio-campo de uma posição central e servindo os pontas que vêm correndo e driblando de ambos os lados. Há um enxame de opções de ataque pelos flancos: Neymar, Gabriel Jesus, Willian, Roberto Firmino, Marcelo...

No geral, o lema “nunca tente em uma Copa o que você nunca testou antes” prevaleceu no que é, na verdade, uma seleção muito previsível — conselhos que Tite recebeu de ex-jogadores como Rivellino, Gerson e Zico. Então, o Brasil chega à Copa do Mundo colocando suas apostas na velocidade imposta em campo. Apesar de atuar com profundidade, o time tem muito pouca inclinação a cruzar bola. Tite impôs um método de jogo muito organizado, baseado em triângulos e com defensores agressivos (uma tradição brasileira) sempre perto dos meias de criação, para construir movimentações por dentro.Neymar comemora seu gol, primeiro do Brasil em amistoso contra a Croácia, no dia 3 de junho. Foto: Reuters/Andrew Yates
Neymar comemora seu gol, primeiro do Brasil em amistoso contra a Croácia, no dia 3 de junho. Foto: Reuters/Andrew Yates


O lado esquerdo do Brasil representa a maior ameaça aos rivais, mas também é a área mais provável para os oponentes explorarem. Marcelo tem propensão a deixar espaços, como mostrou no Real Madrid, mas Tite não vai conter o lateral-atacante mais ofensivo do mundo. Isso vai exigir muita atenção do veterano Miranda, que pode ser empurrado à frente mais do que qualquer zagueiro-central na história do Brasil em Copas, e do volante Casemiro. À direita, a lesão de Dani Alves é uma grande perda que Danilo, do Manchester City, terá dificuldades de suprir. O Brasil pode compensar de outro modo, porém: a presença de Miranda, Marquinhos e Paulinho representa uma arma considerável nas bolas paradas ofensivas. Os adversários precisam estar atentos.

Graças à influência de Pep Guardiola, Tite tem uma requintada variação tática na manga com o segundo goleiro, Ederson. Se o Brasil enfrentar uma forte pressão, o arqueiro poderá contorná-la distribuindo a bola com precisão assim que estiver em posse dela. Neymar e Coutinho seriam então lançados em profundidade, saltando atrás de uma linha defensiva muito avançada. Os últimos amistosos antes da Copa do Mundo, contra a Croácia e a Áustria, mostrarão se Tite é corajoso o suficiente para ir com Ederson na Rússia. Considerando tudo, porém, Alisson, da Roma, não deve ver sua titularidade ameaçada.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Paulinho
O meia enfrentou críticas dos torcedores depois de um excelente início no Barcelona e há especulações de que ele será vendido durante a janela de transferências. Mas Tite conhece muito bem seu estilo, e confia nele: os dois trabalharam juntos no Corinthians, vencendo a final do Mundial de Clubes contra o Chelsea, em 2012. Essa familiaridade transforma Paulinho em uma das armas mais perigosas da seleção brasileira.
Que jogador parece que irá desapontar?
Philippe Coutinho
Depois de meia temporada tentando se adaptar e se firmar em Barcelona, enquanto assiste ao Liverpool jogar melhor sem ele, Coutinho chega à Rússia com a responsabilidade de fornecer soluções contra adversários ultra-defensivos. Ele pode ser jogado para uma posição mais central, que não é onde ele tem melhor desempenho. No banco, Willian e Roberto Firmino estão sedentos por uma vaga no time titular.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
O Brasil está em busca do título. Poucas equipes são tão fortes e confiantes — apesar de confiança sozinha não ser garantia de sucesso, como lembram os torcedores brasileiros de 2006 e 2014. Tite ainda busca o equilíbrio certo, mas seu histórico defensivo é notável: o Brasil sofreu apenas 11 gols em 18 partidas das Eliminatórias. Ele também tem muitos craques à sua disposição: um Neymar de 26 anos, três jogadores treinados por Guardiola na última temporada e sete outros que se tornaram mais maduros depois do trauma do 7 a 1 contra a Alemanha quatro anos atrás.
Grupo E
Suíça
Por Max Kern, do Blick
O time é muito parecido com o da Euro 2016, mas ganhou mais conjunto nos últimos três anos e pode se beneficiar disso na Rússia. Ainda há muitos torcedores suíços que não entendem por que a maioria dos jogadores não canta o hino nacional, mas uma coisa é certa: trata-se de uma equipe inegavelmente multicultural. Os atletas, pelo menos, parecem ter entendido isso, e fazem o melhor para se unir como uma única força.

Era maio de 2015 quando o capitão Stephan Lichtsteiner iniciou a discussão: “Os suíços querem se identificar com a seleção nacional. É vital encontrar o equilíbrio certo e a mistura correta. Minha preocupação não é com o “suíço verdadeiro” e com o “outro suíço”, mas sim com o fato de o povo poder continuar se identificando com a seleção. É um assunto delicado, eu sei disso. Mas também é uma questão que não podemos ignorar”.

Lichtsteiner queria que jogadores como Pirmin Schwegler (Hannover 96) e Tranquillo Barnetta (FC St. Gallen) participassem da equipe nacional, mas eles não estavam na França em 2016 e não estarão na Rússia desta vez. Capitão na ausência de Lichtsteiner, Valon Behrami, que fugiu do Kosovo com a família, desempenhou um papel importante ao fazer com que todos remassem na mesma direção. Técnico da equipe, Vladimir Petkovic descreveu assim o espírito do grupo:

“Todos na nossa equipe gostam de estar juntos, e eles estão lá uns para os outros. Na minha opinião, essa é a chave para qualquer sucesso. Encontramos uma fórmula muito boa, e os resultados que alcançamos nos ajudam a consolidá-la. Nós investimos nessas questões. A atitude básica é extremamente positiva, e o público aprecia nossas conquistas. Realmente gosto disso, pois houve momentos em que, apesar do nosso sucesso esportivo, essas discussões continuaram surgindo.”

No gol, Yann Sommer é uma certeza, assim como Schär e Rodriguez na defesa. Há um ponto de interrogação sobre quem jogará ao lado de Schär: Johan Djourou ou Manuel Akanji. Entre os volantes, Xhaka, do Arsenal, e o guerreiro Behrami, da Udinese, estão prontos para começar, enquanto Xherdan Shaqiri, Blerim Dzemaili e Steven Zuber devem ocupar as três vagas restantes no meio-campo, depois de Admir Mehmedi não ter se recuperado de uma cirurgia no pé. Na frente, o titular é Haris Seferovic. Uma opção, no entanto, é ter Shaqiri atrás de Seferovic, com Breel Embolo à direita.

Petkovic parece silenciosamente confiante: “A equipe cresceu coletivamente. Cultivou um bom estilo, que pode ser flexível quando necessário. Mas devemos manter nossos pés firmes no chão porque, francamente, não somos tão bons (quanto outros times). Temos que continuar trabalhando, com muito amor pelo futebol. Há um abismo para alcançar as equipes de ponta, mas, por isso, espero ainda mais determinação. Para preenchermos esse abismo”.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Manuel Akanji
O zagueiro tem apenas 22 anos, mas já é da equipe principal do Borussia Dortmund. Alguns críticos o acusam de apressar as coisas, como quando, aos 20 anos, trocou o FC Winterhur, da segunda divisão, pelo FC Basel, ou como quando se juntou ao Dortmund, em janeiro deste ano, após ter se recuperado de uma lesão nos ligamentos. Até agora, porém, ele tem correspondido aos desafios, e pode continuar nessa toada na Rússia.
Que jogador parece que irá desapontar?
Haris Seferovic
Ele não teve muito tempo de jogo em 2018 e pode ter problemas para conseguir lutar em campo na Rússia. Não teria sido melhor escolher alguém como Albian Ajeti, que ganhou a Bota de Ouro na Suíça na última temporada?
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Qualquer um que jogue em um grupo com o pentacampeão mundial Brasil não pode sonhar com o primeiro lugar. E, se você terminar em segundo, o que a Suíça pode perfeitamente alcançar, é provável que enfrente a Alemanha nas oitavas de final — e aí é hora de fazer as malas.
Grupo E
Costa Rica
Por Marco Marín, do La Nación
Depois de uma surpreendente performance na Copa do Mundo no Brasil, em 2014, Los Ticos tentarão repetir seu sucesso na Rússia em 2018, adotando a mesma fórmula. A Costa Rica impõe um estilo defensivo desde que Jorge Luis Pinto assumiu o time e os alavancou para os oito melhores na América do Sul. Pinto não está mais no comando e quem irá liderá-los desta vez é Oscar Ramírez, um ex-jogador nacional que esteve na equipe costarriquenha que fez história na Itália em 1990, garantindo um lugar nas oitavas de final.

Ramírez tirou uma página do livro de Pinto e manteve a tradicional formação 5-4-1, que funcionou tão bem para a Costa Rica há quatro anos, mesmo que ele goste de dizer que no ataque a equipe muda para um 3-4-3. Contudo, as chances de ver Los Ticos na mesma formação do “Dream Team” de Cruyff, no Barcelona, são tão pequenas quanto as do Marrocos vencer a Copa do Mundo. Isso significa que a Costa Rica será uma das poucas equipes que formará um linha de cinco homens na defesa, a fim de resguardar o gol protegido por seu craque, Keylor Navas.

De cima para baixo, a Costa Rica provavelmente enviará Marco Ureña, do Los Angeles FC, como o atacante solitário. Sob o sistema empregado por Ramírez, não se pede que Ureña suba até próximo à linha de fundo. Seu dever principal será tentar vencer a linha defensiva adversária com sua velocidade, esperando que isso crie chances para que Christian Bolaños e Bryan Ruiz procurem por diagonais. Assim, Ureña avança para a esquerda ou para a direita vindo do meio. Recentemente, ele sofreu fraturas faciais durante um jogo da MLS e seu período de recuperação foi estabelecido em quatro semanas, tornando sua ida à Rússia uma decisão de última hora. Se ele não estiver apto para jogar, seu lugar provavelmente será ocupado por Joel Campbell, agora no Real Betis. Campbell está voltando para o time titular de sua equipe depois de ficar lesionado por vários meses. Os fãs do Arsenal sabem do que ele é capaz quando está em boas condições.

No meio, a Costa Rica gosta de utilizar dois meias pelo centro, com David Gúzman, do Portland Timbers, e Celso Borges, do Deportivo La Coruña, no comando das funções defensivas. Borges tem a capacidade de conectar o jogo entre defesa e ataque, juntamente com Ruiz e Bolaños, mas será encarregado de voltar e defender, se necessário. Quanto a Guzmán, ele tem a incumbência de roubar bolas, embora seja mais capaz de iniciar ataques do que Yeltsin Tejeda há quatro anos. Esta dupla terá a obrigação de cortar possíveis passes profundos das equipes adversárias e fazer uma marcação com pressão suficiente para desacelerar os rivais.

Ruiz, agora no Sporting Lisboa, e Bolaños, do Deportivo Saprissa, da Costa Rica, assumem o papel criativo e ofensivo da equipe. Ruiz tem mais qualidade e capacidade de segurar o jogo, o que permite que os laterais façam ultrapassagens e afastem os defensores, para oferecer mais opções no ataque. Bolaños gosta de cortar para dentro e tem um grande chute de longe, mas sua forma física é motivo de preocupação, especialmente depois de sofrer uma fratura no tornozelo em março. Caso ele não esteja pronto para a Copa do Mundo, seu lugar provavelmente será ocupado por Daniel Colindres (também do Deportivo Saprissa). Colindres tende a jogar como atacante, ou pelo menos em um espaço mais alto do campo, mas não deve ter problemas em assumir as responsabilidades de Bolaños, embora isso possa significar uma pequena queda na experiência e na qualidade.

Na parte de trás, Los Ticos gostam de jogar com Cristian Gamboa, do Celtic, e Bryan Oviedo, do Sunderland, como lateral-direito e lateral-esquerdo, respectivamente. Oviedo quer fazer sua primeira Copa do Mundo depois de perder a última com uma fratura na tíbia. Esses dois dão ritmo à equipe e terão que funcionar como alas que atuam de uma área à outra se a Costa Rica quiser ter chances de passar da fase de grupos. Quanto aos três centrais, o trabalho será confiado a Giancarlo González, do Bolonha, com Oscar Duarte (Espanyol) à esquerda e Johnny Acosta (Rio Negro, da Colômbia) à direita. González e Duarte são zagueiros clássicos e, desde a Copa de 2014, seus desempenhos cresceram exponencialmente. Sobre Acosta, é difícil entender por que um pequeno (para sua posição) e veterano jogador faz parte dos onze titulares em uma Copa do Mundo, mas ele tem a confiança de Ramírez para executar suas instruções em campo, e é por isso que foi chamado para o que será seu último torneio internacional com a seleção.

Quanto ao goleiro, não há muito a ser dito sobre Keylor Navas. Subestimado há quatro anos, quando no Levante, Navas construiu seu caminho para o Real Madrid.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Bryan Oviedo
O lateral-esquerdo, ex-Everton, perdeu a última Copa do Mundo depois de fraturar sua fíbula e tíbia, e as coisas não têm sido fáceis para ele desde então. Oviedo mudou-se para o Sunderland, onde foi rebaixado duas vezes consecutivas. Há margem para surpresa, no entanto. Nesta temporada, Oviedo deu cinco assistências e marcou dois gols pelos Black Cats em 34 partidas da Liga, somando um total de 2.603 minutos em campo. Ele também tem sido uma peça importante da seleção, sendo titular em seis das dez partidas das Eliminatórias. Recentemente, ele jogou nos dois amistosos contra Escócia e Tunísia. No primeiro deles, deu o passe para Ureña assegurar a vitória por 1 a 0.
Que jogador parece que irá desapontar?
Kendall Waston
Passou de titular indiscutível para a reserva nos últimos dois meses. O capitão do Vancouver Whitecaps começou em oito dos dez jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo, marcando o gol que selou a passagem da Costa Rica para a Rússia. No entanto, depois de um amistoso contra a Espanha, em novembro de 2017, seu lugar entre os titulares foi questionado por muitos, incluindo o técnico Ramírez. Embora ele não tenha criticado publicamente o jogador, o treinador não colocou Waston em campo em dois dos últimos três amistosos. Contra a Tunísia, ele recebeu a oportunidade de começar a partida, mas parecia inseguro quando teve que enfrentar atacantes rápidos, como fez no jogo contra a Espanha.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
É claro que o objetivo realista é se classificar para a fase eliminatória em segundo lugar no grupo. Sorteados no Grupo E, com o Brasil, será difícil para a Costa Rica repetir o surpreendente desempenho de 2014. Eles devem se concentrar em conseguir o maior número de pontos possíveis de suas partidas contra a Sérvia e a Suíça. O primeiro jogo, contra a Sérvia, será fundamental. Uma vitória e um empate ou vitória contra os suíços podem ser suficientes para chegar às oitavas de final.
Grupo E
Sérvia
Por Miloš Marković, do Sportske.net
A Sérvia retorna aos Mundiais depois de uma longa ausência. Os olhos do país estarão acompanhando o time cheio de estrelas comandando por Mladen Krstajic, esperando que eles possam superar uma fragilidade mental crônica que os impediu de alcançar sucessos no passado. A Sérvia viaja para a Rússia determinada a evitar o cenário da Copa do Mundo de 2010. Sob comando de Radomir Antic, a equipe liderou seu grupo de qualificação, que tinha a França, e conquistou a vaga automática para o torneio na África do Sul, onde acabou esmagada na fase de grupos, terminando no último lugar do Grupo D devido à falta de espírito de equipe, à ausência de coragem e determinação e a uma sequência de atuações decepcionantes.

Oito anos depois, a Sérvia espera se distanciar das notáveis semelhanças com a campanha de 2010 — mais uma vez chega como vencedora do seu grupo de qualificação — e colocar em exibição uma equipe mais forte tática e psicologicamente na Rússia. Os primeiros sinais não oferecem o nível esperado da promessa, no entanto. A equipe parecia prestes a chegar à Rússia com uma campanha categórica nas Eliminatórias, em um grupo que tinha País de Gales e Irlanda. Uma série de exibições fracas na reta final da disputa, contudo, escancarou a falta de versatilidade do técnico Slavoljub Muslin, que terminou substituído por seu próprio assistente, Mladen Krstajic. Tudo isso diminuiu as expectativas sérvias, ainda que a classificação como líder do grupo tenha se consolidado.

Em um esforço para se distanciar de Muslin e da derrocada do seu mentor, o ex-zagueiro do Werder Bremen introduziu uma série de ajustes táticos e nas convocações. De imediato, Krstajic chamou a estrela da Lazio Sergej Milinkovic-Savic, cuja personalidade indomável não parecia se encaixar com a natureza tranquila de Muslin. O novo treinador não teve dúvidas sobre incluir o jovem de 23 anos no grupo, nem a respeito do importante papel do atleta no time. “Nossos melhores jogadores sempre terão um lugar na minha equipe. Sergej Milinkovic-Savic provou que pode ser convocado com vistas ao futuro e está fadado a se tornar a espinha-dorsal deste time”, explicou o comandante.

Com o Sargento — como Savic é chamado na Itália — em uma fundamental posição de meio-campo, Krstajic embarcou em uma turnê asiática, em novembro de 2017, para provar que o atleta da Lazio poderia jogar ao lado de Nemanja Matic, do Manchester United, e do capitão do Crystal Palace, Luka Milivojevic. A assistência de Milinkovic-Savic para Adem Ljajic — outro ponto polêmico das convocações de Muslin — no empate em 1 a 1 contra a Coreia do Sul foi considerada prova suficiente de que a estrela da Séria A terá protagonismo na Rússia.

Afastando-se do 3-4-3 utilizado por Muslin na maior parte das Eliminatórias, Krstajic implementou a maior mudança na defesa. Considerada a parte mais forte da equipe sérvia, assim como o meio-campo cintilante, a retaguarda com Branislav Ivanovic e Aleksandar Kolarov era esperança de um impressionante muro à frente do goleiro Vladimir Stojkovic. Mas o novo técnico abalou as coisas ao introduzir uma linha defensiva com quatro homens, em seu sistema preferido, o 4-2-3-1. Ele também promoveu Kolarov a capitão, tirando a braçadeira de Ivanovic, algo que decerto surpreendeu muita gente.

O ataque é o único setor da equipe em que Krstajic não mexeu. O centroavante segue sendo Aleksandar Mitrović, que ganhou fama de fanfarrão durante o período de empréstimo ao Fulham. Rejeitado no Newcastle, ele já percorreu um longo caminho em questão de meses desde que se mudou para Londres e pode ser o maior fator de medo da Sérvia na Rússia. Mitrović tem potencial para ser uma espécie de fio condutor para o futebol da equipe, unindo todas as partes do quebra-cabeça, além de fornecer opções ofensivas das quais a seleção sente falta.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Sergej Milinkovic-Savic
Ele já surpreendeu nesta temporada na Série A, comandando a Lazio uma partida após a outra, e é esperado que mantenha a boa forma na Copa do Mundo. O jogador de 23 anos dita o jogo de forma semelhante a Paul Pogba — o meia, inclusive, tem sido especulado como reforço no Manchester United —, mas também é capaz de atuar mais à frente, ao lado do atacante. Relativamente novato a nível internacional, cada passo que ele der no coração do meio-campo da Sérvia terá a sensação de desembrulhar um presente de Natal.
Que jogador parece que irá desapontar?
Dusan Tadic
Ele deve ter sido afetado por parte da negatividade que o cercou no Southampton nesta temporada, e isso pode continuar a atrapalhar suas performances na Copa do Mundo. O ótimo desempenho constante de Tadic nas Eliminatórias foi vital para que a Sérvia chegasse à Rússia. Contudo, o meia criativo provavelmente será deslocado para a direita, já que Krstajic quer acomodar Milinkovic-Savic, o que pode resultar em uma queda de produção e, por tabela, em um golpe na sua confiança.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
A torcida sérvia tende a ter expectativas exageradas sobre as chances da seleção nacional. A equipe é composta por jogadores de alta classe que, até agora, exibiram uma crônica falta de união em grandes competições, o que torna difícil estimar o real potencial do time para o Mundial. Atletas e torcedores consideram a classificação à fase de mata-mata atrás do Brasil um mínimo, enquanto a possível eliminação nas oitavas de final pode ser recebida como um grande fracasso. Devido a essa percepção levemente distorcida, alcançar as quartas de final — ou até mesmo as semifinais — talvez não venha a ser considerado uma grande surpresa, embora (claro!) devesse sê-lo.
Grupo F
Alemanha
Por Christoph Biermann, do 11 Freunde
Para a maioria das pessoas, a Copa das Confederações é somente uma equivocada invenção de alguns dirigentes da Fifa. Faltando um ano para o Mundial, a competição reúne a seleção do país-sede com seis campeões continentais e o mais recente ganhador da Copa do Mundo. Normalmente, os únicos interessados nesse evento que antecipa o Mundial são os organizadores, já que nele há a possibilidade de se testar a infraestrutura e os estádios dos donos da casa.

Por conta de tudo isso, até os jogadores da seleção alemã reviraram os olhos ao pensar que teriam que estar na Copa das Confederações de 2017, após uma longa temporada. O elenco, porém, ficou aliviado quando o técnico Joachim Löw os avisou que poderiam tirar férias em meados do ano passado, enquanto ele levaria o time B para o campeonato.

De um modo ou de outro, os atletas da equipe principal devem ter ficado ressabiados ao assistir aos jogos do torneio pela televisão, uma vez que a decisão tomada por Löw culminou em um resultado surpreendente. Nomes como Leon Goretzka, Lars Stindl, Timo Werner e Antonio Rüdiger não apenas foram destaque por ajudar a Alemanha a ganhar a Copa das Confederações, como acabaram se tornando motivo de competição para os principais integrantes da seleção nacional — esses que tinham tirado um tempo para descansar. Além disso, a torcida alemã, que parecia um pouco entediada com o time oficial, comemorou a atuação dos vibrantes reservas.

Assim, a Copa das Confederações de 2017 renovou energias, restaurou o sentimento de competição acirrada para jogar na seleção e criou um cenário no qual Löw ganhou muito mais opções entre os reservas para fazer suas escolhas. Contudo, ao definir a convocação, ele não contou somente com a opção pelos confiáveis veteranos ou pelos destaques da Copa das Confederações, mas também com dois atletas cujas carreiras internacionais têm um sopro de tragédia.Equipe alemã comemora gol em amistoso em Klagenfurt, na Áustria, contra os donos da casa, em 2 de junho. Foto: AP/Ronald Zak
Equipe alemã comemora gol em amistoso em Klagenfurt, na Áustria, contra os donos da casa, em 2 de junho. Foto: AP/Ronald Zak


Um deles é o meia Ilkay Gündogan. Atuando no Manchester City, muitos torcedores alemães ficaram aliviados pelo fato de que ele finalmente conseguiu jogar uma temporada completa livre de grandes lesões. Sem o histórico de contusões, Gündogan decerto teria sido escalado muito mais vezes do que as 24 desde que estreou pela Alemanha, há sete anos — o que faria dele campeão mundial e integrante do grupo que esteve na Euro 2016.

Destino parecido tem acompanhado seu antigo colega de Borussia Dortmund, Marco Reus. O atacante fez a sua estreia no mesmo ano que Gündogan, em 2011, e tem apenas cinco escalações a mais pela seleção do que o colega. Reus também não jogou a Copa do Mundo, em 2014, por causa de uma lesão durante o último amistoso antes de a seleção vir ao Brasil — e, depois, não foi selecionado para a Euro 2016 devido a um problema na virilha. Isso significa que Löw tem à disposição dois proeminentes jogadores, que precisam fazer valer a pena vestir a camisa da seleção alemã. Uma situação agradável para o treinador, até porque lhe dá muitas opções.

No aspecto tático, Löw não gosta apenas de adaptar suas táticas de acordo com os times que enfrenta, ao trocar o 4-2-3-1 básico por um 4-3-3, ou até mesmo pelo 3-4-3 ou o 3-5-2, mas também costuma mudar o padrão de jogo introduzindo diferentes tipos de jogadores.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Leon Goretzka
O meia combina preparo físico com pensamento estratégico. Ele irritou a torcida do Schalke ao anunciar sua transferência para o Bayern de Munique, mas deve renovar a relação com os alemães na equipe nacional.
Que jogador parece que irá desapontar?
Manuel Neuer
Nunca, em hipótese alguma, Neuer decepciona, mas agora pode ser que sim. Ou por não ser titular depois da lesão no pé que o fez perder boa parte da temporada, ou por por jogar e acabar atuando abaixo do esperado devido à falta de prática.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Em termos de ataque, a seleção alemã conta com ainda mais potencial do que em 2014, embora também tenha perdidos jogadores importantes, especialmente nomes como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger e Per Mertesacker. Ainda assim, a Alemanha tem potencial suficiente para chegar ao menos às semifinais — algo que o país tem feito em todos os grandes campeonatos desde 2006.
Grupo F
México
Por Rodrigo Mendoza , da Televisa
Juan Carlos Osorio aplicou seus princípios básicos para a seleção mexicana: rotação de jogadores e flexibilidade tática. Os adversários do México na Rússia não têm certeza do que os espera na Copa do Mundo, uma vez que a estratégia e o comportamento dos mexicanos em campo são muito imprevisíveis.

O time coordenado por Osorio é um camaleão que se adapta a cada nova partida, pois o técnico sabe que o futebol é afetado pelas forças que lutam umas contra as outras. Consequentemente, as suas estratégias de jogo, assim como a convocação dos jogadores, são definidas levando em consideração os pontos fortes dos oponentes. “Eu acho que devemos ser uma mistura de duas coisas”, diz ele. “Devemos ser um time que potencializa nossos próprios pontos fortes, mas que também respeita os adversários. Obviamente, precisamos ser leais com a nossa forma de jogar, porque é dessa maneira que avançamos. Acho que estamos no caminho certo”.

Osorio aposta no 4-3-3, mesmo após o time ter se saído bem com o 3-4-3. Foi com essa formação, por exemplo, que a seleção venceu o Uruguai na Copa América.

A equipe mexicana tem uma linha de defesa alta. Não é incomum que o time tenha muita posse de bola no campo adversário, com os quatro primeiros defensores bem avançados. No entanto, esta abordagem de ataque pode causar problemas, já que os que jogam na defesa têm algumas dificuldades com seu posicionamento em campo, assim como eventualmente se confundem sobre quando pressionar e quando recuar.

No meio-campo, Osorio ainda não encontrou o volante ideal. Ele quer um jogador com poder aéreo e habilidades necessárias para jogar a bola para além da defesa. Como Rafael Márquez está se aproximando da aposentadoria, Osorio atribuiu a Héctor Herrera este papel. Infelizmente, o jogador do FC Porto nem sempre está na posição certa e, às vezes, isso resulta em uma enorme quantidade de espaço entre a defesa e os meio-campistas.

O plano ofensivo do time é o mais estabelecido. Osorio sempre quer ter dois alas, que são capazes de cruzar e jogar por meio de passes inteligentes na diagonal. O técnico tampouco abre mão de um atacante de área, que possa finalizar com frequência e criar espaços para os meio-campistas chegarem por trás.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Hirving Lozano
Apesar dos problemas disciplinares no futebol europeu, pelo PSV Eindhoven, o ala deve ser capaz de melhorar suas atuações no México com mais alguns gols.
Que jogador parece que irá desapontar?
Jesús Manuel Corona
Ele tem a capacidade de destruir defesas com dribles e precisão no chute, mas registrou uma temporada terrível no Porto e não chega à Copa na melhor forma física de sua carreira.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Nas últimas seis Copas do Mundo, o México foi eliminado nas oitavas de final, e o país não aceitará nada menos do que passar da fase de grupos. Contudo, caso termine em segundo lugar na chave, atrás da Alemanha, o Brasil seria o mais provável primeiro adversário no mata-mata. Portanto, é muito difícil que vejamos a seleção mexicana alcançando as quartas de final, por exemplo.
Grupo F
Suécia
Por Andréas Sundberg, do Fotbollskanalen
Não houve muita pressão para a Suécia chegar à Copa do Mundo, mesmo com Zlatan Ibrahimovic se aposentando do futebol internacional após a Euro 2016. Nas Eliminatórias, a seleção conseguiu empates contra França e Holanda, mas, ainda assim, terminou em segundo lugar no grupo. Na repescagem, o time mandou a Itália para a casa.

Não foi bonito, mas foi eficaz, e é justo dizer que a equipe reconquistou o coração do povo sueco. Por muitos anos, Zlatan foi o único nome importante, mas o time retomou o fôlego que os fez se qualificar para uma série de campeonatos durante os anos 2000, além de chegar às quartas de final da Euro 2004.

É verdade que, no passado, a Suécia já teve três jogadores excepcionais — Ibrahimovic, Fredrik Ljungberg e Henrik Larsson —, enquanto desta vez apenas Emil Forsberg, do RB Leipzig, chega perto de ser descrito como uma “estrela”. E, em parte, é por isso que o sucesso deles foi tão aplaudido pelos suecos. Com grandes atuações do zagueiro Andreas Granqvist (que vem de um mau período no Wigan) e do volante Seb Larsson (agora na Segunda Divisão do Campeonato Inglês com o Hull City), resistir às investidas italianas foi magnífico.

Nas Eliminatórias, a principal força da Suécia foi a defesa, com Granqvist e Victor Nilsson Lindelöf, do Manchester United, compondo a dupla de zaga. Granqvist atuou como capitão do time, além de ter sido eleito o melhor jogador sueco do ano em 2017, o primeiro a desbancar Zlatan desde 2006. A única preocupação defensiva real está no lado esquerdo, onde a Suécia teve dificuldades por Forsberg ser muito ofensivo, deixando o lateral Ludwig Augustinsson constantemente exposto.

Ao atacar, é importante para a equipe encontrar Ola Toivonen, que gosta de segurar a bola e depois entregar para Forsberg ou Marcus Berg, que sobem em velocidade. Outra estratégia ofensiva sob o comando do técnico Janne Andersson são os avanços dos alas, geralmente Forsberg e Viktor Claesson, que acabam criando mais espaços no ataque.

Falta à Suécia mais criatividade no meio-campo central, especialmente se Albin Ekdal, que joga pelo Hamburgo, estiver lesionado, algo que tem ocorrido bastante recentemente. Mais à frente, Toivonen e Berg carecem do carisma de Zlatan, mas se conhecem muito bem, já que jogaram juntos em várias equipes desde os 14 anos de idade.

“Temos uma filosofia que leva em consideração continuarmos treinando os atletas independentemente de com quem eles estão jogando. Basicamente, precisamos nos preparar bem, ser muito organizados e ter uma atuação muito boa na Rússia”, diz Andersson.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Viktor Claesson
Ele não é tido como um grande nome, mas pode ser uma revelação na Rússia, onde defende o Krasnodar. Trata-se de um jogador muito veloz, que fez vários gols como meio-campista nesta temporada.
Que jogador parece que irá desapontar?
Ola Toivonen
Apesar de ser um jogador-chave para a Suécia, ele não tem atuado regularmente pelo Toulouse. Será que as coisas vão finalmente mudar na Rússia?
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Ter a Alemanha no grupo significa, realisticamente, que a Suécia está lutando pelo segundo lugar. Com México e Coreia do Sul como os outros dois adversários, com certeza não é impossível se classificar, mas também não há pressão para fazê-lo. Alcançar as oitavas de final seria um bom resultado.
Grupo F
Coreia do Sul
Por Seo Hyung-wook, do Footballist e da MBC
A Coreia jogou a maior parte das Eliminatórias com a formação 4-2-3-1. No entanto, após a qualificação para o Mundial, o treinador Shin Tae-yong tentou criar o seu próprio sistema. Ele prefere jogar com uma linha fluida de três defensores, além de uma dupla de ataque. Parece, porém, ser uma escolha instável, uma vez que a Coreia do Sul tem lutado para encontrar jogadores que se encaixem nesse esquema.

A Coreia aposta na combinação de jogadores no setor ofensivo. Apesar de não ter atacantes de qualidade, o time conta com alas e meias que estão em boa forma, como Son Heung-min, do Tottenham; Kwon Chang-hoon, do Dijon; Lee Jae-sung, do Jeonbuk; e Hwang Hee-chan, do Red Bull Salzburg. O treinador planeja transformar Son em centroavante, uma função da qual ele provou poder dar conta após a lesão de Harry Kane no Tottenham.

Son e Ki Sung-yueng, ambos da Premier League, são os jogadores mais importantes. O capitão, Ki, é o motor da Coreia, ostentando a inteligência e a experiência que um time com deficiências precisa. Alto e um pouco lento, ele compensa a falha com boa percepção e habilidades precisas no que se refere à passagem da bola. Como um volante mais fixo ou um meia que vai de uma área à outra, Ki é o oxigênio da equipe.

Sem o capitão, a Coreia do Sul poderia perfeitamente transformar-se no time mais fraco da Rússia, uma importância que foi provada diversas vezes durante as Eliminatórias. Atualmente, porém, a maior estrela do futebol sul-coreano é Son. A temporada pelo Tottenham, com gols importantes, mostrou do que o jogador é capaz. Como não há atacante de origem confiável, a Coreia aposta em seu filho mais famoso para crescer no momento certo.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Kim Min-jae
Ele é, atualmente, o defensor mais seguro do time, e por isso uma das possíveis surpresas. A despeito de uma lesão recente, que não o garante como titular, o zagueiro já demonstrou sua força tanto dentro quanto fora de campo. Fisicamente imponente e abençoado com inteligência futebolística, ele talvez seja um dos melhores defensores da Ásia.
Que jogador parece que irá desapontar?
Son Heung-min
Isso pode ser uma decepção para os torcedores sul-coreanos por conta da responsabilidade que o jogador carrega nas costas. Na última temporada, Son se apresentou maravilhosamente na Premier League, e isso fez com que se criassem muitas expectativas. Entretanto, Son ainda não mostrou sua qualidade atuando na seleção, ainda que Shin tenha tentado encontrar a posição e o papel mais adequados para ele. Ao que parece, não é uma decisão fácil nem para o treinador, nem para o atleta.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
As oitavas de final. A maioria das pessoas está cética sobre as chances da Coreia na Copa do Mundo. Realisticamente, seria correto prever uma saída ainda na fase de grupos, mas a equipe tem boas opções de ataque e atletas com experiência em várias grandes ligas e campeonatos. Com um pouco de sorte, a Coreia pode derrotar a Suécia e ter a chance de avançar à fase mata-mata.
Grupo G
Bélgica
Por Kristof Terreur, do HLN
Kevin De Bruyne geralmente fala o que pensa. Depois de um em empate por 3 a 3 com o México, em novembro, o meia atacou o plano tático do técnico Roberto Martinez, diante da falta de superioridade dos belgas. “O México foi taticamente melhor que nós. Eles pressionaram nossos laterais na defesa e ficamos em minoria no meio-campo, eram sete contra cinco”, analisou.

Essas foram palavras de um jogador vencedor, mas também preocupado, com medo de que isso possa acontecer na Copa do Mundo contra equipes com três meias. Esse é o calcanhar de Aquiles do time, junto com a defesa de seus laterais.

Yannick Carrasco, o ala esquerdo no 3-4-3, é vulnerável e tende a esquecer suas funções defensivas. A missão de cobrir seus erros fica para os três zagueiros: Toby Alderweireld, Vincent Kompany e Jan Vertonghen, com Thomas Vermaelen no banco. Apenas Vertonghen não tem sofrido com problemas musculares na temporada, e mantê-los saudáveis será vital para as chances da Bélgica na Copa.

A equipe de Roberto Martinez passeou durante as Eliminatórias com uma campanha histórica. Foram 43 gols marcados em nove vitórias e um empate. Mas, diante da falta de grandes testes, a Bélgica ainda não sabe exatamente o quão forte está o time.Kevin De Bruyne durante amistoso contra o Egito, em junho de 2018. Foto: Reuters/Francois Lenoir
Kevin De Bruyne durante amistoso contra o Egito, em junho de 2018. Foto: Reuters/Francois Lenoir


Jogando mais recuado no Manchester City, da Inglaterra, De Bruyne também foi centralizado por Martinez na seleção, em que já atuou como ponta e camisa 10. Ao seu lado, o disciplinado Axel Witsel é geralmente o preferido, mesmo depois de se transferir para a China. Quem acaba ficando no banco é Mousa Dembele. Radja Nainggolan, que também poderia cumprir esse papel, não foi nem convocado.

“Temos visto uma grande evolução. Quando De Bruyne busca o jogo para fazer um passe longo, ele passa a ter cinco opções de passe. É um armador moderno e ganhamos muito quando ele tem a bola. Esse sistema funcionou muito bem para a gente durante as Eliminatórias”, afirmou o treinador.

O novo papel de De Bruyne deu mais liberdade ao capitão Eden Hazard, que se destacou durante a classificação para a Copa, com seis gols e cinco assistências. Outro que se beneficiou dessa mudança foi o atacante Romelu Lukaku, que marcou 11 gols. Ele é o titular absoluto no comando do ataque da Bélgica, com Michy Batshuay, que hoje está machucado, no banco. Pela direita, quem joga é Dries Mertens, em uma função diferente da que faz no Napoli. Quando está com a equipe italiana, o atacante joga mais centralizado, onde rende melhor.

A Bélgica não teve um teste de verdade desde o primeiro jogo com Roberto Martinez, um amistoso contra a Espanha. Os Diabos Vermelhos mal viram a bola e não souberam como reagir. Na Rússia, a Bélgica pode ser um dos melhores ataques, mas também uma das piores defesas.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Thomas Meunier
Ele às vezes é titular no Paris Saint-German, mas foi uma revelação nas Eliminatórias como ala-direito. Ao todo, foram cinco gols e sete assistências durante a campanha, incluindo três de cada contra Gibraltar. Trata-se do jogador mais produtivo do time.
Que jogador parece que irá desapontar?
Moussa Dembélé
Ele mal jogou sob o comando de Martinez.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Chegar às quartas de final é uma obrigação. A Bélgica espera ter um desempenho melhor do que em 2014, quando foi eliminada para a Argentina nesta fase. Se tudo der certo na Rússia, ela deve encarar o Brasil nas quartas. Este seria o primeiro duelo da Bélgica contra uma das seis primeiras seleções do ranking da FIFA desde setembro de 2016, quando enfrentou a Espanha.
Grupo G
Panamá
Por José M. Dominguez, da TVN Panamá
Para muitos analistas, o 5-4-1 de Hernan Dario Gomez foi uma das grandes evoluções do Panamá em seu mini tour pela Europa em março. O 4-4-2, usado em muitos jogos das Eliminatórias, foi abandonado em amistosos na Dinamarca e na Suíça, para testar um esquema muito usado no alto nível do futebol internacional nos últimos dois anos.

Na primeira partida, contra os dinamarqueses em Copenhagen, o Panamá impressionou. Começaram de forma agressiva e a formação lembrava mais um 3-4-3. Com o passar dos minutos, eles foram empurrados para a defesa, e houve muito a se admirar: disciplina tática, linhas compactas, criatividade no meio-campo, força física e solidez defensiva. A derrota por 1 a 0 não foi ruim e apresentou um padrão de jogo a ser repetido nesta Copa.

Na Suíça, foi uma história diferente. Dario Gomez mudou boa parte do time, e o resultado foi uma derrota por 6 a 0 sem muitos fatos positivos. Apesar das duas exibições diferentes na Europa, o 5-4-1 se manteve. É um meio, na cabeça do treinador, de competir no mesmo nível com Bélgica e Inglaterra, as duas maiores forças do grupo G. O novo esquema caiu bem para a maioria dos jogadores, que tiveram pouco tempo para se adaptar às novas instruções.

“A mudança no esquema foi positiva. Estamos acostumados com o 3-5-2 (ou 5-4-1). Eu acho que a disciplina e a concentração que mostramos por vezes foi a grande lição desse duelo (contra a Dinamarca)”, disse Edgar Yoel Bárcenas, que jogou bem pela ala-direita na ocasião.

Após a derrota para a Suíça, Bárcenas afirmou que o plano de jogo foi mantido: “Nós fizemos o que nosso técnico planejou durante a maior parte do jogo. Essa partida foi mais difícil do que contra a Dinamarca. Precisamos nos concentrar, pensar e ver o que queremos fazer”.

O lateral-esquerdo Luis Ovalle, que joga no Olimpia de Honduras, deu mais detalhes sobre as instruções de Gomez: “Nosso técnico nos fez jogar com cinco no meio. Os pontos cruciais eram: manter a posse da bola e atacar com velocidade. Manter a concentração na defesa e trabalhar todos juntos”.

Muita coisa terá que dar certo para que esse novo esquema funcione perfeitamente, mas a ousadia tática de Dario Gomez pode render muitos frutos.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Fidel Escobar
Um zagueiro firme do New York Red Bulls. Tem um chute forte em seu pé direito e sai jogando com tranquilidade. Outro que pode surpreender é o goleiro Jaime Penedo, que atua no Dinamo Bucareste.
Que jogador parece que irá desapontar?
Román Torres
Uma das estrelas das Eliminatórias. Ele não se encontra na melhor forma física (está machucado), e pode ter que jogar na Rússia sem estar afiado o suficiente para preocupar Inglaterra e Bélgica.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Não ser um saco de pancadas. Depois disso, ficaríamos felizes com um empate. Ganhar uma partida seria uma grande felicidade em nossa primeira Copa do Mundo. Queremos apenas dar uma boa impressão e competir.
Grupo G
Tunísia
Por Majed Achek, do Tunisie-Foot
Assim que Nabil Maaloul assumiu o time, ele manteve o mesmo 4-2-3-1 usado por seu antecessor para derrotar o Egito e conquistar uma vaga na Copa Africana das Nações. Desde então, o esquema foi mantido, com adaptações para um 4-3-3 ofensivo, dependendo do oponente. Apesar de gostar de jogar com três zagueiros, o treinador precisa trabalhar com o material que tem.

Sua linha de defesa é composta por Ali Maaloul, Syam Ben Youssef, Mehdi Meriah e Rami Bedoui. Recentemente, Bedoui e Youssef têm perdido as vagas para Dylan Bronn e Yohan Benalouane, respectivamente. Ele chegou a optar por uma linha de cinco jogadores na defesa na partida decisiva contra o Congo, valendo vaga na Copa do Mundo. É provável que ele recorra novamente ao 5-3-2 contra Inglaterra e Bélgica, e ao 4-2-3-1 contra o Panamá.

No meio-campo, Mohamed Amine Ben Armor e Ferjani Sassi devem começar jogando. Mas as últimas convocações de Ellyes Skhiri podem ameaçar a vaga de Ben Armor. Maaloul ainda pode combinar o talento dos dois, deixando Ghailane Chaalali de fora do time titular. Ele iniciou quase todas as partidas sob o comando de Maaloul.

O meio será completado por Naïm Sliti na esquerda e Seifeddine Khaoui ou Anice Badri na direita, no lugar deixado por Youssef Msakni. O ataque será liderado por Wahbi Khazri, que ganhou a posição de Taha Yassine Khenissi. Meia avançado, Khazri teve boas atuações pelo Rennes na temporada e será transformado em centroavante durante a Copa do Mundo.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Ellyes Skhiri
Ele vem de uma temporada excelente com o Montpellier, mas é desconhecido fora da França. Com apenas 22 anos, o jovem se tornou o capitão do clube e deve mostrar todo seu talento para interromper os ataques da Inglaterra e da Bélgica. É um jogador para se observar e não deve ficar por muito tempo no Montpellier depois da Copa do Mundo.
Que jogador parece que irá desapontar?
Ahmed Akaïchi
A Tunísia deve jogar sem um atacante de ofício, pelo menos no time titular. De qualquer forma, o centroavante da equipe é Akaïchi, graças à lesão de Khenissi. Depois de marcar gols pela Tunísia, ele perdeu espaço e, se voltou, não foi por suas atuações pelo Al Ittihad, irritando os sauditas a cada chance perdida. Ele deve ter muito tempo de jogo, mas pode ser que não resolva muita coisa.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Nas últimas três Copas do Mundo, a Tunísia foi eliminada com duas derrotas e um empate, uma grande decepção para os fãs. Todos têm na cabeça a campanha de 1978, quando a Tunísia mostrou um bom futebol e quase se classificou contra o campeão e o terceiro colocado da Copa anterior. Uma ambição possível para a equipe é chegar até a segunda fase. Eles podem surpreender a Inglaterra, devem perder para a Bélgica e decidir seu destino contra Panamá.
Grupo G
Inglaterra
Por Dominic Fifield, do The Guardian
O técnico Garreth Southgate abraçou um esquema com três zagueiros no começo da temporada. Durante uma classificação tranquila nas Eliminatórias, Southgate usou o 4-2-3-1, mas se convenceu de que a variação de um 3-4-3 era a melhor maneira de fazer a jovem equipe inglesa render.

À primeira vista, parecia uma mudança arriscada, pela falta de bons defensores ingleses. Mas a decisão de usar Kyle Walker como um zagueiro pela direita, com a entrada de Kieran Trippier na ala, funcionou. Mesmo mal no Manchester City, Walker é capaz de imprimir intensidade à linha de zaga inglesa, que terá John Stones no meio, responsável pela saída de jogo, além de Harry Maguire ou Eric Dier pela esquerda. Esse esquema também faz com que a Inglaterra explore suas principais forças: os alas. De um lado, Walker e Trippier fazem dupla, enquanto Danny Rose ocupa o flanco esquerdo.

Dier também pode atuar como volante, e Southgate pode recorrer a uma dupla de meias defensivos em alguns jogos da Copa do Mundo, para proteger a sua zaga. Quando a Inglaterra precisar propor mais o jogo, esse 3-4-3 deve se aproximar mais de um 3-5-2, com dois articuladores (Dele Alli, Jesse Lingard ou Ruben Loftus-Cheek) e um volante de contenção, que deve ser Jordan Henderson. Diante da falta de um camisa 10, preencher o meio-campo com energia e, se Loftu-Cheek jogar, uma mistura de habilidade e força parece uma alternativa razoável.

“Acho que o sistema nos dá boa estabilidade e soluções mais fáceis para nossos meias. Podemos também mudá-lo de acordo com a equipe que vamos enfrentar. Usar dois atacantes em certos jogos, dois meias com um atacante, ou três no meio e dois no ataque”, exemplificou Garreth Southgate.

O técnico certamente tem opções. Se Harry Kane estiver no comando do ataque, pode ter a companhia de outro centroavante como Jamie Vardy, ou de um par de meias e atacantes laterais. De qualquer forma, Raheem Sterling já parece ser uma peça-chave do sistema. O atacante do City teve sua melhor temporada pelo clube, e tem mantido o alto nível pela Inglaterra, jogando como camisa 10.

“Foi bom de ver porque, se jogarmos no 3-4-3, sabemos que Raheem pode desempenhar essa função, como fez contra a França. Mas será que ele consegue jogar como um dos dois atacantes, se ele atua como ponta no City? Sabemos que ele gosta de jogar pelo meio, sua performance me lembra de quando ele atuou com Luis Suárez e Daniel Sturridge no Liverpool, correndo e driblando pelo meio”, analisou Southgate.

Sterling ainda precisa brilhar em uma Copa - na verdade, isso também se aplica à própria Inglaterra -, algo que muito depende do quanto ele estará confiante e contente quando a campanha começar, em Volgogrado.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Ruben Loftus-Cheek
A Inglaterra tem a capacidade de surpreender coletivamente, mas conta com alguns jovens que podem se destacar. Loftus-Cheek chegará na melhor forma de sua carreira. Com 22 anos, ele passou três meses fora de ação no início desse ano. Quando voltou, tirou o Crystal Palace do perigo na Premier League. Emprestado pelo Chelsea, o meia alia velocidade, força e habilidade com a bola. O rapaz foi muito bem em sua estreia pela seleção, no amistoso contra o Brasil, em novembro, e tem sido prestigiado por Southgate. O treinador gostaria de vê-lo agredindo mais a área adversária, mas sua ajuda na posse de bola já é uma grande vantagem para a Inglaterra.
Que jogador parece que irá desapontar?
Harry Kane
Depende do que se considera uma decepção. A Inglaterra não vai viajar para a Rússia cheia de expectativas, é um país realista sobre suas possibilidades. Dito isso, o grupo vai inevitavelmente se apoiar em alguns jogadores fundamentais, com Kane assumindo a maior responsabilidade, provavelmente. O atacante será convencido de que pode conquistar a artilharia da Copa. A ambição está em sua natureza e, depois de não conseguir fazer a diferença na Eurocopa 2016, ele quer deixar sua marca no Mundial. Decisivo, já anotou mais de 80 gols desde o torneio continental, mas tem parecido enferrujado depois de passar um mês sem jogar, com uma lesão no tornozelo. Como será que ele vai chegar à Rússia?
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Com o desempenho que o time teve durante as Eliminatórias e o planejamento e progresso da equipe com Southgate, uma classificação até as quartas de final é possível. O time tem o talento natural para atingir este objetivo, mas qualquer coisa além disso é improvável, principalmente pela qualidade dos adversários que teriam que ser derrotados. Seria bom, depois do trauma da Copa do Mundo de 2014, quando a Inglaterra foi eliminada em seu grupo seis dias depois de estrear na competição.
Grupo H
Polônia
Por Tomasz Wlodarczyk e Michal Gutka, do Przegląd Sportowy
A Polônia marcou muitos gols em sua campanha nas Eliminatórias, mas também concedeu muitos aos adversários. Na verdade, a seleção tem a pior defesa entre todos os vencedores de grupos da qualificatória europeia para o Mundial. É por isso que o técnico Adam Nawaka está focado na retaguarda da equipe antes da Copa do Mundo, exatamente do mesmo modo que fez antes da Eurocopa de 2016.

Na ocasião, a Polônia sofreu apenas dois gols na competição, a segunda defesa menos vazada do torneio. Recentemente, Nawaka mudou a formação para o 3-4-3, tendo preferido antes o 4-2-3-1 ou o 4-4-2. O treinador, de 60 anos, ainda afirma que as duas são as formações polonesas básicas. Ele alega, porém, que também deseja flexibilidade e um elemento surpresa. O técnico usou o novo sistema nos últimos quatro jogos, e pode ser muito útil ter a opção de trocar de esquemas táticos durante o Mundial.

“Nós queremos experimentar algo novo e maximizar o potencial de alguns jogadores”, disse Nawalka antes de um empate sem gols com o Uruguai e uma derrota por 1 a 0 diante do México, em novembro. “Já utilizamos esse sistema em treinamentos, então a mudança ocorrerá de maneira fluente. As funções serão divididas de um modo que nos permita alterar de três para quatro defensores durante a partida”, acrescentou. As coisas começaram a melhorar em março deste ano, em uma nova derrota de 1 a 0, dessa vez para a Nigéria, e em uma vitória por 3 a 2 sobre a Coreia do Sul. Os jogadores estavam claramente mais confortáveis, mas parece que o 3-4-3 ainda precisa de mais trabalho para funcionar à perfeição.Robert Lewandowski (à esquerda) comemora gol contra a Romênia nas Eliminatórias da Copa da Rússia, em novembro de 2016. Foto: AP/Alexandru Dobre
Robert Lewandowski (à esquerda) comemora gol contra a Romênia nas Eliminatórias da Copa da Rússia, em novembro de 2016. Foto: AP/Alexandru Dobre


Na meta, Nawalka tem duas excelentes alternativas com Wojciech Szczesny e Lukasz Fabianski. Independentemente de ter três ou quatro homens na linha defensiva, Kamil Glik e Michal Pazdan são as apostas mais seguras para a zaga. Se a Polônia atuar com quatro defensores, o lado direito pertenceria a Lukasz Piszcek, enquanto Maciej Rybus ocuparia a lateral esquerda. Ambos também podem atuar como zagueiros em caso de opção pelo 3-4-3.

O meio-campo é um setor de pouca preocupação antes do Mundial. Por anos, a Polônia sofreu com a falta de um criador de jogadas, mas agora Piotr Zielinski, do Napoli, mostrou que é capaz de elevar o time a um grande nível. Zielinski pode tanto atuar centralizado, ao lado de Grzegorz Krychowiak — atualmente emprestado pelo PSG ao West Bromwich, depois de sofrer uma considerável queda de desempenho desde a Euro 2016 —, quanto ser deslocado para um setor mais ofensivo, como um dos três meia-atacantes por trás de Robert Lewandowski.

O novo sistema também precisou contornar a carência de alas. Kamil Grosicki é sempre uma boa alternativa para a seleção nacional, mas há poucas opções viáveis além dele. Jakub Blaszczykowski acabou de retornar de uma lesão, e os outros atletas disponíveis para a posição ainda não têm experiência o bastante para começar jogando na Rússia.

À primeira vista, as chances de sucesso da Polônia parecem passar por Lewandowski, mas a chave para o bom desempenho da equipe pode ser Arkadiusz Milik. O artilheiro do Napoli retornou ainda mais forte após sofrer a segunda lesão nos ligamentos da carreira e, se ele estiver na melhor forma, as possibilidades polonesas crescem exponencialmente. As bolas paradas da Polônia também são uma arma perigosa: foram 12 gols marcados desse modo em 10 jogos nas Eliminatórias, mais do que qualquer outro time nesta Copa do Mundo. A equipe também balançou as redes cinco vezes a partir de contra-ataques, outra característica forte da seleção — só Espanha e Sérvia foram mais eficazes neste quesito ao longo da caminhada rumo à Rússia.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Arkadiusz Milik
O artilheiro do Napoli sofreu duas contusões nos ligamentos cruzados, mas trabalhou duro durante a reabilitação para manter as melhores condições físicas. Por isso, ele estava em boa forma ao retornar, em março. São excelentes notícias para a Polônia, até porque Nawalka adora esse atacante de 24 anos. O ideal é que Milik faça dupla de ataque com Lewandowski, se aproveitando de toda a atenção que os adversários darão à estrela do Bayern.
Que jogador parece que irá desapontar?
Michal Pazdan
Ele ganhou muito destaque como zagueiro central na Euro 2016, mas falhou ao não evoluir desde então. Nawalka tem insistido com ele, que tem bom entrosamento com Kamil Glik, do Mônaco. É Glik, aliás, quem lidera a linha defensiva, enquanto Pazdan faz o trabalho sujo. O problema é justamente o quanto o desempenho do zagueiro do Legia Varsóvia despencou na última temporada. Pazdan deve ser o único titular que atua no fraco Campeonato Polonês, e é difícil dizer se ele pode repetir a boa forma de dois anos atrás.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Há um grande apetite por sucesso depois de sólidas campanhas na Euro 2016 e nas Eliminatórias, quando a Polônia venceu o Grupo E com vantagem de cinco pontos. Essa é a melhor seleção polonesa desde o início dos anos 80, mas a torcida está tentando não se precipitar. Se jogar o que pode, o time deve ficar no topo de uma chave que tem Senegal, Colômbia e Japão — esta é a expectativa mínima. Tudo é possível daí em diante, mas, falando de modo realista, as quartas de final são o mais longe que a Polônia pode chegar na Rússia.
Grupo H
Senegal
Por Salif Diallo, da APS
Apesar de guiar Senegal para a primeira Copa do Mundo em 16 anos, apenas a segunda do país na história, Aliou Cissé foi bastante criticado durante a campanha nas Eliminatórias. Boa parte da imprensa especializada, bem como a torcida, debochava do estilo do técnico, tido como tedioso e muito conservador, além de incapaz de aproveitar todo o talento do time. Mas Cissé, que foi volante e capitão da seleção nacional, nunca se desculpou pelo pragmatismo.

Talvez seja um pouco irônico, portanto, que o treinador, no posto desde 2015, também tenha sido atacado por tentar algo novo durante os amistosos em março. O problema, segundo os detratores, é que a introdução do esquema 3-5-2 sugeriria uma estratégia ainda mais defensiva. O desempenho da equipe nos empates contra o Uzbequistão (1 a 1) e Bósnia-Herzegovina (0 a 0) foram considerados decepcionantes.

Os jogadores tentaram dissipar a confusão. “Nossa preferência ainda é o 4-3-3 ou o 4-2-3-1, mas o técnico quis testar uma formação com três zagueiros”, disse o mais importante desses defensores, Kalidou Koulibay, do Napoli. “E mostramos algumas coisas boas em um cenário com o qual não estamos habituados”.

Um dos poucos comentaristas e ex-jogador que apoia regularmente Cissé é Amara Traoré, que não só disputou a Copa de 2002 com o agora treinador como sabe o que é exercer a função, tendo em vista que comandou Senegal até 2012. Mas até mesmo Traoré afirmou que é necessário melhorar muito antes de a experiência com três zagueiros ser replicada em uma partida oficial. “Os jogadores não parecem adaptados ao esquema, e atuaram mais em um 5-3-2 do que em um 3-5-2”, explicou.

O clima em torno de Cissé é bem diferente do de 2015, quando a torcida clamava que ele fosse escolhido para substituir o francês Alain Giresse. Todos se lembravam de um jogador influente, que demonstrava bom sinais de que poderia transferir isso para a carreira como técnico ao levar a equipe sub-23 de Senegal às quartas de final dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Como comandante, Cissé jamais adotou uma postura populista, então não houve surpresa quando ele classificou toda a polêmica sobre o novo esquema tático como “boba”.

“Esse sistema tem estado por aí há anos”, afirmou. “Não é novo para mim, tampouco para a seleção nacional. Estou convencido de que alguns dos nossos jogadores gostam muito, inclusive. Continuaremos trabalhando nisso. Muitos treinadores não adotam essa formação porque leva muito tempo para acertar. Isso não significa que vamos utilizá-la na Copa do Mundo. Temos outros modelos para os quais estamos preparados”.

Independentemente do esquema pelo qual opte, Cissé parece contar com solidez defensiva e talento individual de alguns jogadores, especialmente Sadio Mané. Essa foi a abordagem que o transformou no primeiro técnico senegalês a conduzir a equipe nacional a uma Copa do Mundo. A torcida exige que ele leve o time pelo menos tão longe quanto em 2002, quando, com o francês Bruno Metsu no comando, Senegal alcançou as quartas de final. Falhar na fase de grupos, especialmente se as atuações permanecerem monótonas, significará um final infeliz para o reinado de Cissé.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Ndiaye
O técnico relutou em colocá-lo para começar jogando, mas o jogador do Stoke City impressionou nas últimas partidas, trazendo mais confiança para o meio-campo.
Que jogador parece que irá desapontar?
Cheikhou Kouyaté
Só porque a presença dele no time pode significar a ausência de Ndiaye.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Desde que o treinador opte por investir nos pontos fortes da equipe, a seleção pode repetir o desempenho de 2002 e alcançar pelo menos as quartas de final.
Grupo H
Colômbia
Por Camilo Manrique V., do El Tiempo
O esquema tático da Colômbia mudou bastante desde a lesão de Radamel Falcao, em 2014. A ausência de sua grande estrela levou José Pékerman a jogar com um 4-2-3-1 na Copa do Brasil, quando a seleção alcançou as quartas de final. Esta também foi a formação básica nas Eliminatórias para a Rússia. Contudo, em algumas poucas partidas o técnico optou pelo 4-3-2-1, com três jogadores fortes no meio-campo.

Os defensores são o segredo para tentar fazer a bola chegar ao ataque. Na direita, o lado mais forte, há o lateral Santiago Arias e Juan Cuadrado; na esquerda, vários jogadores foram testados, mas as opções mais prováveis são o lateral Frank Fabra e Edwin Cardona mais à frente. De um modo ou de outro, a Colômbia tem tido muitas dificuldades pelo flanco esquerdo, sobretudo defensivamente.

No meio, a presença de Carlos Sánchez é a chave. Uma das funções principais que ele exerce com Pékerman é a de se posicionar entre os zagueiros quando o time está atacando. O volante que atua ao lado dele costuma ser Abel Aguilar, que buscar ir de uma área à outra, mas Mateus Uribe, Jeferson Lerma e Wilmar Barrios também disputam uma vaga na equipe.

A criatividade da seleção colombiana cabe inteiramente a James Rodríguez. Além de todas as jogadas ofensivas girarem em torno dele, Rodríguez pode decidir uma partida com um passe ou gol. O atacante do Bayern de Munique não tem posição fixa — Pékerman lhe dá liberdade no setor ofensivo, e James também fica satisfeito em recuar para ajudar na defesa. Contudo, a Colômbia depende tanto deste jogador que, quando ele não rende tanto, ou quando fica muito cansado, a ameaça ao adversário desaparece.

Desde 2014, o centroavante mudou muito. Primeiro, foi Teófilo Gutiérrez, agora esquecido; depois, Carlos Bacca, que alternava bons e maus jogos. Agora, de novo com Falcao García, a Colômbia ganhou um artilheiro de volta. A experiência e o faro de gol de Radamel serão fundamentais para o sucesso do time na Rússia.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Mateus Uribe
O volante do Club América, do México, teve bons anos recentemente tanto no clube quanto em âmbito internacional. Há dois anos, ele venceu a Libertadores da América com o Atlético Nacional e foi um dos mais importantes jogadores daquele time. Isso fez com que ele se transferisse para o México, onde além da marcação e de evitar gols ele também balança as redes com frequência para alguém de sua posição. Uribe estreou na seleção colombiana em 2016 e tem tido atuações regulares desde então.
Que jogador parece que irá desapontar?
David Ospina
O goleiro, um dos mais bem-sucedidos jogadores da Colômbia, não teve uma das melhores temporadas no Arsenal, atuando apenas na Liga Europa ou nas Copas, ficando como reserva na Premier League. A falta de atividade regular afetou diretamente seu desempenho na seleção nacional: dos últimos sete gols que sofreu, ele foi diretamente responsável por quatro. Alvo de críticas, Ospina pode ser um ponto fraco na Rússia.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Repetir o que foi feito no Brasil. A Colômbia pode competir em pé de igualdade com Polônia e Senegal, e no papel o time é melhor do que o do Japão, então eles devem avançar no grupo. Nas oitavas de final, de acordo com a maioria das previsões, o adversário seria a Inglaterra ou a Bélgica, duas equipes que também estão no mesmo nível da Colômbia. Se chegar às quartas de final, porém, o rival pode ser a Alemanha — aí sim uma equipe claramente melhor.
Grupo H
Japão
Por Akihiko Kawabata e Ben Mabley, do Fottballista.jp
O Japão jogou, no fim de maio, o primeiro amistoso após a troca de comando de último minuto, fornecendo a primeira indicação sólida sobre como, exatamente, o novo chefe Akira Nishino planeja montar o time na Rússia. Não foi surpresa ver os retornos de Keisuke Honda, Shinji Kagawa e Shinji Okazaki, todos deixados de lado por Vahid Halilhodzic — alguns observadores mais cínicos sugeriram que, pensando que o Japão não se sairia bem na Copa do Mundo de qualquer modo, a mudança de técnico teria ocorrido para permitir que as maiores estrelas do país estivessem presentes, para pelo menos agradar aos patrocinadores.

Mas a grande novidade é que Nishino irá adotar três jogadores na linha defensiva, numa formação similar a um 3-4-2-1. Os Samurais Azuis não têm utilizado três zagueiros com frequência por mais de uma década. Alberto Zaccheroni flertou com a ideia em 2011, mas rapidamente desistiu.

Contudo, o esquema 3-4-2-1 tem sido empregado com sucesso por equipes como Sanfrecce Hiroshima e Urawa Reds no Campeonato Japonês — no primeiro caso, desde o fim dos anos 2000 —, então ao menos trata-se de algo familiar à maioria dos atletas. Antes usado somente como volante na seleção nacional, o capitão Makoto Hasebe jogou boa parte da temporada como parte de uma linha de três zagueiros e repetiu o mesmo papel no amistoso contra Gana.

É uma mudança significativa, e o primeiro teste não foi especialmente promissor. O Japão perdeu por 2 a 0 para os africanos, que marcaram com Thomas Partey, de falta, e Emmanuel Boateng, de pênalti, com a linha defensiva flagrada desguarnecida nas duas situações.

Como acontece com frequência com este time, também houve alguns bons momentos, como as ultrapassagens de Yuto Nagatomo e Genki Haraguchi pelos lados. Mas eles criaram oportunidades inúteis sucessivamente, com constantes cruzamentos sem eficácia, e o esquema foi modificado para o 4-4-2 ao longo do segundo tempo.
Provável time titular
Que jogador irá surpreender a todos na copa do mundo?
Yuya Osako
Sua habilidade para se deslocar até o último setor ofensivo, segurando a bola com habilidade e desferindo passes ágeis, adicionam um sabor diferente à seleção japonesa, graças às qualidades que ele costuma exibir na Bundesliga.
Que jogador parece que irá desapontar?
Hiroki Sakai
Muitos japoneses estão preocupados com as condições físicas do defensor do Olympique de Marselha. Ele sofreu uma lesão no pior momento possível, já na reta final da temporada na Ligue 1. Enquanto a torcida reza para que o jogador se recupere rapidamente, há temores de que isso não seja possível.
Qual é a meta realista na Copa do Mundo? Por quê?
Chegar às oitavas de final. Isso igualaria os melhores desempenhos do Japão em Mundiais, em 2002 e 2010, tornando-se uma meta óbvia para a seleção. Também é um objetivo apropriado para a capacidade atual da equipe. Com tudo o que aconteceu, seria um sonho mirar nas quartas de final ou além.

Créditos: Desenvolvimento: Gabriel Valverde | Interface: Ana Luiza Costa, Clara Brandão e Fernando Lopes | Produção: Daniel Lima