Por Sílvio Túlio, G1 GO


Caiado critica fala de Bolsonaro e diz que presidente não pode 'lavar as mãos'

Caiado critica fala de Bolsonaro e diz que presidente não pode 'lavar as mãos'

O governado de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), criticou nesta quarta-feira (25) o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), onde ele sugeriu a "volta à normalidade" e o fim do "confinamento em massa", instituído para evitar a disseminação do coronavírus. Ele ainda pediu respeito à sua atuação, citou uma frase do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, e anunciou que as conversas com Bolsonaro, a partir de agora, serão somente por meio de comunicados oficiais.

Em pronunciamento no Palácio das Esmeraldas, sede do governo, Caiado afirmou que Goiás seguirá os decretos assinados por ele para conter a pandemia e que não admite a postura de Bolsonaro de "lavar as mãos" para a situação do coronavírus. O governador pede que o presidente assuma sua responsabilidade em relação ao atual cenário.

"Fui aliado de primeira hora, durante todo tempo [de Bolsonaro], mas não posso admitir que venha agora um presidente da República lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso econômico ou pela falência de empregos que amanhã venha a acontecer. Não faz parte da postura de um governante", disse Caiado.

"Um estadista tem que ter a coragem de assumir as falhas. Não tem de responsabilizar as outras pessoas. Assuma a sua parcela", completou.

À jornalista Natuza Nery, da Globonews, Caiado disse que rompeu com o presidente: "Não tem mais diálogo com este homem. As coisas têm que ter um ponto final".

Caiado destacou que, como médico, tem orgulho de sua classe e do trabalho feito pelo setor em Goiás. Ele se mostrou irritado com o fato de Bolsonaro ter classificado o coronavírus como uma "gripezinha", pediu respeito e até citou o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para justificar sua posição.

"[Os profissionais] estão à frente, colocando em risco a suas vidas. Quando se escuta uma declaração como essa, de dizer que isso é um resfriadinho, é uma gripezinha. Respeita. Ninguém definiu melhor que o Obama: na política e na vida a ignorância não é uma virtude", afirmou.

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), diz que só falará com o presidente da República, Jair Bolsonaro, por meio de comunicados oficiais — Foto: Governo de Goiás/Divulgação

Comunicados oficiais

Caiado lamentou ter recebido as informações sobre o pronunciamento do presidente pela imprensa e disse que a relação com Bolsonaro se militará a comunicados oficiais.

“Como governador da sua base, como governador aliado, receber uma matéria que também diz respeito a mim como governador, aliado, médico que sou, pela imprensa, um comunicado oficial, falarei com ele por meio de um comunicados oficiais", revelou.

Caiado disse que todas as medidas determinadas por ele e que constam em três decretos já assinados foram discutidas com a comunidade científica e pesquisadores da área de saúde. O governador destacou ainda que não se furtará a tomar outras decisões se for necessário.

"As medidas serão duras. Se decisões tiver de tomar, eu as tomarei ao lado dos poderes constituídos Goiás como sempre faço, respeitando a população do meu estado. 'Sei modular e calibrar corretamente as decisões que terei de tomar'", salientou.

"Se decisões tiver que tomar junto ao Governo Federal, eu as tomarei junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional. A autonomia que eu estou aqui, conclamando neste momento, como governador do estado de Goiás, me é conferido pela Constituição Brasileira, no seu artigo 24, inciso 12, que propõe a todos os governadores o direito de legislar de forma concorrente com a união quando se trata de saúde pública.", avalia.

As ações de isolamento são recomendações de autoridades sanitárias, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim como em Goiás, em vários estados, os governos locais determinaram fechamento temporário do comércio, escolas e serviços que não são essenciais para evitar o avanço do vírus.

Caiado afirmou que não vai se acovardar diante do momento atual e que não é possível sacrificar vidas em nome da economia.

"Buscam a tese que teremos um colapso econômico de grandes proporções [com a manutenção da quarentena]. Ora, o que é isso? É exatamente colocar na balança o que é mais importante: a vida ou a sobrevivência econômica. Nós podemos fazer as duas coisas", destacou.

O governador elogiou a posição do empresariado goiano, que apesar de ter de fechar as portas devido à pandemia, tem "ajudado de sobremaneira" no combate ao vírus.

Governador Ronaldo Caiado fala sobre decisões federais em relação ao coronavírus, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

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