Por Filipe Matoso, Gustavo Garcia e Pedro Henrique Gomes, G1 e TV Globo — Brasília


'Não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta', diz Braga Netto

'Não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta', diz Braga Netto

O ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, afirmou nesta segunda-feira (30) que "está fora de cogitação" e que "não existe essa ideia" de demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Braga Netto deu a declaração durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, ao lado de Mandetta e dos ministros Tarcísio Gomes (Infraestrutura), Onyx Lorenzoni (Cidadania) e André Mendonça (Advocacia Geral da União).

O presidente Jair Bolsonaro vem defendendo o relaxamento das medidas de isolamento social adotada nos estados e a retomada da atividade econômica, com a reabertura do comércio e volta dos estudantes às escolas. As recomendações de especialistas, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do próprio Mandetta são de que o isolamento é necessário para evitar a expansão da pandemia.

Durante a entrevista coletiva, o ministro da Casa Civil respondeu a uma questão dirigida a Mandetta, na qual o jornalista perguntou ao ministro da Saúde se ele "teve ou está tendo atritos" com o presidente Jair Bolsonaro, se está sob ameaça de demissão ou se pensa em deixar o cargo.

Antes de Mandetta responder, Braga Neto se antecipou, tomou a palavra e disse:

"Deixar claro para vocês: não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta. Isso aí está fora de cogitação no momento, está certo? Não existe", declarou.

Logo em seguida, Mandetta assumiu a palavra e disse que "tensões são normais" neste momento "pelo tamanho desta crise" provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Mandetta defende manter ‘máximo grau de isolamento social’

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O ministro da Saúde afirmou já ter dito "duas ou três vezes" que "enquanto estiver" no cargo, continuará trabalhando com "ciência, técnica e planejamento".

"Quando a gente fala 'foco, foco', não vamos perder o foco. O foco é um vírus corona novo, que derrubou o sistema mundial. Ele é mais dramático do que as guerras mundiais, mais dramático que qualquer coisa anterior", afirmou Mandetta.

Inicialmente, Braga Netto afirmou que os repórteres poderiam fazer oito perguntas durante a entrevista coletiva com os ministros. Mas, na quinta pergunta, a entrevista foi encerrada quando um jornalista indagou a Mandetta se ele estava contrariado com o passeio do presidente Jair Bolsonaro.

O repórter perguntou: "O presidente saiu ontem às ruas, para fazer visitas. Pode?" Imediatamente, uma funcionária da Presidência anunciou ao microfone: "Em função do adiantado da hora, a presente coletiva está encerrada. Os ministros se retirarão do recinto". Os ministros, então, deixaram o salão onde acontecia a entrevista coletiva. Mandetta e dois secretários do Ministério da Saúde permaneceram, mas para apresentar os dados referentes à contaminação do coronavírus no país.

Neste domingo, (29), um dia depois de Mandetta dizer que as pessoas devem permanecer em casa, em isolamento social, Bolsonaro saiu de carro da residência oficial do Palácio da Alvorada. Ele foi a uma farmácia e a uma padaria no bairro Sudoeste, em Brasília, depois ao Hospital das Forças Armadas e ao centro de Ceilândia, uma das regiões administrativas do Distrito Federal. Nas ruas, a presença do presidente provocou pequenas aglomerações, contrariando as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com o Blog do Camarotti, Mandetta decidiu reafirmar a posição a favor de isolamento social, mesmo que isso implique em demissão. Segundo o Blog do Valdo Cruz, Mandetta não pretende tomar a iniciativa de deixar o governo, mas Bolsonaro não descarta demiti-lo.

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Pedido de desculpas

Durante a entrevista nesta segunda-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pediu desculpas por ter criticado o trabalho da imprensa em manifestação no fim de semana.

“Eu peço desculpas. Eu acho que a gente quando erra, a gente erra”, afirmou

No último sábado (28), no Ministério da Saúde, Mandetta teceu críticas ao trabalho de veículos de comunicação, alinhando-se ao presidente Jair Bolsonaro.

Na ocasião, o ministro disse que “às vezes, os meios de comunicação são sórdidos, porque só vendem se a matéria for ruim”.

O ministro afirmou que, no sábado, seu propósito era o de aconselhar a população a ler um livro, a Bíblia, ouvir uma música, como formas de se evitar o estresse.

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