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Planalto

Achamos bom um presidente tutelado por generais?

Jair Bolsonaro - acuado - radicalizará. O exame dos padrões de seu comportamento assim indica.

Ele pode estar mesmo isolado - mas é a publicidade desse isolamento, sinal externo de fraqueza, o que mobiliza a reação do reacionário que governa o Brasil.

A ideia de que estaria isolado e sem força para demitir um auxiliar, de que Mandetta lideraria um governo paralelo garantido por generais, de que o presidente, tutelado, já seria uma espécie de rainha de Inglaterra - isso consiste em cenário a que um populista autoritário como Bolsonaro, um girassol cujo norte é o calor das redes, não se submete. Reagirá. Radicalizará.

O presidente da República, no Brasil, é muito poderoso. Que não nos enganemos sobre aquela caneta e sobre o que alguém de natureza golpista pode fazer quando encurralado. Por exemplo: decretar, no limite, estado de defesa e esperar a reação do Congresso para um choque institucional que poderia produzir um chão de desordem civil e ingovernabilidade. Há quem queira essa instabilidade.

Destaco essa possibilidade extrema também para chamar a atenção de quem me lê à forma - não percebida - como a mentalidade autoritária se instala influentemente entre nós.

Demonstro: circula a especulação segundo a qual generais tocariam uma espécie de intervenção militar na Presidência - e há quem ache mesmo muito bom. Não é.

Em outras palavras: contra a irresponsabilidade e o autoritarismo de um presidente eleito, a tutela militar? Devemos nos preocupar com esse tipo de puxadinho. Não é simples demoli-lo depois.

Isso é convite ao perigo. Uma ousadia para com a democracia em tempos de exceção.

Consideramos aceitável - deixamos passar sem ressalvas - que Davi Alcolumbre telefone para generais com o intuito de lhes informar que não aceitaria a demissão de um ministro, prerrogativa exclusiva do presidente da República?

Acharemos normal agora que um presidente de Poder - que dispõe de instrumentos políticos para frear e mesmo derrubar o presidente da República - avalize a tutela de militar sobre o chefe do Executivo?

Sugiro refletirmos sobre quem convidamos a dançar no baile.

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