Brasil

Cidade de São Paulo tem quatro hospitais com 100% de ocupação de UTI por coronavírus

Ao menos seis hospitais do estado também registram mais de 80% de ocupação por pacientes internados por Covid-19
Ilustração sobre coronavírus Foto: Lizabeth Menzies / AFP
Ilustração sobre coronavírus Foto: Lizabeth Menzies / AFP

SÃO PAULO - A cidade de São Paulo atingiu, nesta quinta-feira, 100% de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva ( UTI ) por coronavírus em quatro hospitais municipais: Tide Setúbal, Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo e Dr. Ignácio Proença de Gouvêa, todos na Zona Leste da capital.

A região, segundo o secretário de Saúde, Edson Aparecido, é o local de maior "pressão" por atendimento a vítimas da Covid-19. São Paulo tem, ao todo, 19 hospitais municipais.

- O quadro muda (diariamente), porque, quando conseguimos tirar da internação, enviamos para algum hospital de campanha. Mas, de qualquer maneira, já é um quadro preocupante, sobretudo nas periferias da cidade. Ainda mais na Zona Leste, onde estamos tendo uma pressão muito grande - afirmou o secretário.

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O secretário demonstrou preocupação com a disseminação rápida da doença, sobretudo se houver diminuição do isolamento social.

- Aumenta a ocupação dos hospitais, diminui (a quantidade) de leitos que eu tenho abertos. Não tem retorno, é só aumento (de pacientes internados). A gente precisa ter tempo para tratar tudo isso e dar uma resposta à sociedade.

Hospitais estaduais


A situação das UTIs dos hospitais estaduais também têm se agravado com o aumento do número de pessoas internadas em São Paulo. Ao menos seis hospitais públicos tem 80% das UTIs ocupadas por pacientes com Covid-19.  A situação mais complicada é registrada na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, hospital referência para tratamento de doenças infeciosas. No local, há 93% de ocupação, segundo a Secretaria de Saúde. Ontem, a taxa chegou a 100%.

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Já a enfermaria do Emílio Ribas tem 63% de ocupação. O Hospital das Clínicas, também referência no tratamento a pacientes com Covid-19, tem 83% da UTI ocupada. Já na enfermaria, há 56% de internação. A situação também é complicada no Hospital Geral de Pedreiras, na Zona Sul da capital: assim como o Emílio Ribas, a UTI tem 93% de ocupação e, a enfermaria, 82%.

Segundo especialistas, essa taxa oscila diariamente, uma vez que podem existir altas médicas, melhora ou piora no quadro de saude de um paciente, transferências e óbitos.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o Hospital Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte, também está com a UTI cheia. A taxa de ocupação é de 86%. Na enfermaria, a situação é um pouco melhor: 53% dos leitos estão ocupados. O Hospital geral Santa Marcelina do Itaim Paulista, na Grande São Paulo, também tem 80% de ocupação da UTI, assim como o Hospital Geral de Carapicuíba.

Segundo o Secretário de Saúde, José Henrique Germann, existe hoje em São Paulo um centro de regulação online que gerencia vagas em hospitais do estado, o que promete evitar que um paciente fique sem atendimento médico ao buscar o sistema de saúde.

- Isso já existe, fazemos também para outras patologias. O CROS tem esse papel, ele não inventa vaga, nem fecha hospital. Ele procura onde há leito para o paciente, observando as condições clínicas. O sistema existe há bastante tempo e cumpre o papel de alocar pacientes em hospitais de acordo com o grau de gravidade - explicou.

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Germann não informou a taxa de ocupação de hospitais particulares, mas disse, durante coletiva de imprensa, que a rede privada está "menos estressada" em relação à busca por leitos.

- Estamos conversando para ter uma colaboração entre os hospitais (particulares) e o estado, com objetivo de trazer a rede privada para a pública. Temos conversado com muita frequência e vamos criar algum sistema de colaboração para que eles possam nos ajudar. É isso que eu enxergo como colaboração.

Nesta quinta-feira, a prefeitura de São Paulo passou a exigir que todos os hospitais da cidade, sejam púlicos, privados ou filantrópicos, informem diariamente a quantidade de leitos disponíveis e ocupados durante a pandemia do novo coronavírus.

Três mortos por hora

Nesta quinta-feira, São Paulo registrou 853 mortos por Covid-19. Nas últimas 24 horas, foram 75 novos óbitos, uma média de três novos registros por hora. Há 2.300 pessoas internadas com complicações da doença, sendo que 1.115 estão na UTI e 1.264 em enfermarias. O estado soma 11.568 casos confirmados de coronavírus, 525 a mais do que ontem.