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Mortos pelo coronavírus no Brasil já são mais de 8,5 mil

Mortos pelo coronavírus no Brasil já são mais de 8,5 mil

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (6) que mais de 125 mil brasileiros entraram nos registros de casos de Covid-19. Na últimas 24 horas, o ministério registrou mais 615 óbitos e, com isso, o contingente de cidadãos mortos pelo coronavírus no Brasil chegou a 8.536.

Você já nem deve lembrar, mas na quinta passada eram 5.901 mortos. Os números vão aumentando desse jeito, cada vez mais rápido, vão dando saltos. E vai todo mundo se acostumando, porque são números.

Um número muito grande de mortes de repente, num desastre, sempre assusta. As pessoas levam um baque. Morreram mais de 250 pessoas em Brumadinho. É uma tragédia. Nos Estados Unidos, em 2001, morreram quase 3 mil nos atentados do 11 de setembro. Três mil, assim: de repente.

Mas quando as mortes vão se acumulando ao longo de dias e de semanas, como acontece agora, na pandemia, esse baque se dilui e as pessoas vão perdendo a noção do que seja isso: 8 mil vidas acabaram. Eram vidas de pessoas amadas por outras pessoas: pais, filhos, irmãos, amigos, conhecidos.

Aí o luto dessas tantas famílias vai ficando só pra elas, porque as outras pessoas já não têm nem como refletir sobre a gravidade dessas mortes todas, que vão se acumulando todo dia. Todo dia.

Hoje são 8.500. Amanhã a gente não sabe. Quando é assim, o baque só acontece quando quem morre é um parente, um amigo, um vizinho ou uma pessoa famosa.

E um dos 8.536 brasileiros mortos pelo coronavírus se chamava Joaquim de Paula Reis e morava numa cidade mineira de Belo Vale. Ele não era famoso, mas também não era um número. Na cidade dele, o seu Joaquim era uma pessoa muito querida por muitas pessoas.

A Serra da Moeda é um paredão com 70 quilômetros de montanhas íngremes, a 1.500 metros de altitude. A serra guarda muitas riquezas divididas em áreas de mineração e dezenas de cachoeiras escondidas no meio de matas fechadas, como a Cachoeira do Mascate, que é a vitrine para receber os turistas. Embaixo está a cidadezinha com fazendas do século XVIII e um museu para guardar a história dos escravos da região. Na praça, a igrejinha histórica - e a rotina de receber muitos visitantes mudou. Agora, andar pela região é só de máscara.

Quando morre alguém conhecido, como seu Joaquim, de 95 anos, a tristeza é de todo mundo. Ele era um agricultor e não teve filhos. Ana Maria de Souza trabalha no asilo que ele viveu os últimos meses de vida. Ela conta que ele era brincalhão, fazia a turma dar muita risada.

“Ele era uma pessoa tranquila, gostava muito de brincar. Ficaram bem sentidos, todo mundo, quando ficou sabendo que ele morreu”, contou.

A cidade não tinha um caso sequer de coronavírus e o choque com a morte do seu Joaquim fez a rotina mudar bastante desde então. “A morte dele foi uma morte assim, que ele adoeceu, sentiu mal, foi para o hospital, chegou lá ele faleceu, os médicos diagnosticaram que ele morreu com essa doença. O povo ficou assim, meio cismado com isso, essa doença você liga a televisão todo dia e é tanta morte num lugar, tantas no outro, mas aqui ficou só nele”, lamentou Augustinho Fernandes de Castro, aposentado.

No comércio, atendimento só da porta para fora. E sair de casa só para emergência: “Quase não estou saindo de casa, não. Hoje eu tinha que vir aqui”.

Todo mundo espera que essa doença não leve mais ninguém da região. O luto pela morte do seu Joaquim é o luto do Brasil por seus 8 mil mortos, quase a população inteira de Belo Vale.

"Dá até tristeza, né? Imagina se fosse um familiar da gente ali, né? A gente fica triste", diz uma moradora. “Como eu e você, nós deveríamos também entrar no luto, ser unânime com todas as famílias, com todos aqueles que perderam um ente querido. Sentimento de perda, um vazio. Dói muito, né?”, lamenta outra.

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