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Juristas e políticos dizem que Bolsonaro tentou pressionar o Supremo de forma indevida

Juristas e políticos dizem que Bolsonaro tentou pressionar o Supremo de forma indevida

Parlamentares e entidades da sociedade civil criticaram o que consideraram ser uma tentativa de pressão do presidente Jair Bolsonaro sobre o Supremo Tribunal Federal. Até alguns empresários que participaram do encontro foram surpreendidos, como José Velloso, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas.

Também houve críticas aos discursos com referências a termos médicos para falar da morte de empresas num momento em que famílias têm que lidar com a morte de parentes.

A primeira reação veio logo após a saída do presidente Bolsonaro do Supremo. Em uma rede social, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, criticou a atitude. Disse que "a população não pode mais cair em provocações que opõem dois valores e colocam o brasileiro para brigar. Raciocínios pobres, argumentos rasos, metáforas incabíveis. CNPJ na UTI? Já são mais de 8 mil CPFs perdidos, sem chance de recuperação. Não validemos este debate lunático."

A pressão do Executivo sobre o Judiciário foi condenada pelo líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias: “Essa pressão de hoje sobre o Supremo vem na esteira de ameaças públicas explícitas, de enfrentamento aos poderes constituídos, à liberdade de imprensa e ao pleno funcionamento das instituições, que não coadunam com a ideia de estado democrático.”

No Congresso, líderes de outros partidos também reagiram. Parlamentares criticaram a postura do presidente de querer separar o enfrentamento da crise na economia dos cuidados fundamentais com a saúde.

“Que propostas nós temos? Que critérios foram apresentados pelo governo Bolsonaro para poder ir além? Nada. Quais são as regiões? Quais são as medidas que vão ser apresentadas? Não há. E dizer que romper o isolamento resolve o problema econômico está longe de ser verdade. O desemprego foi grave e vai ser ainda mais grave. Que proposta temos para reativar a economia? O presidente parece meio assim dizendo: ‘Eu não tenho muito a ver com isso. Eu alertei que ia ser um grave problema’. É um comportamento de candidato, e nós precisamos de presidente”, disse o deputado Arnaldo Jardim, do Cidadania-SP.

"É verdadeiramente inadmissível que no momento onde a curva epidemiológica do coronavírus atinge índices alarmantes, com mais de 600 óbitos diários, que o presidente da República vá ao presidente do STF, inclusive uma tentativa de constrangê-lo, fazendo uma gravação ao vivo através de uma de suas redes sociais, para pedir a flexibilização das regras de quarentena”, afirmou o deputado André Fiqueiredo (PDT-CE), líder da oposição.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, disse em uma rede social que "essa ridícula e inédita ‘marcha sobre o Supremo’ ratifica que Bolsonaro não tem a menor noção de como funcionam a Constituição, a forma federativa de estado e a relação entre os três Poderes”.

A ida ao Supremo surpreendeu até os empresários que estavam em audiência com o presidente Jair Bolsonaro. Segundo a pauta oficial, eles buscavam em Brasília discutir com o governo medidas ajuda para o setor enfrentar a crise. Mas, de acordo com participantes, o presidente decidiu mudar a pauta e focar no fim do isolamento.

O presidente-executivo da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos, José Velloso, disse que foi iniciativa do presidente trazer o assunto para a reunião, que os empresários queriam tratar da competitividade do setor.

“Não estava na nossa agenda inicial, mas o presidente Bolsonaro trouxe a discussão da flexibilização do isolamento no país. E é consenso de que nós precisamos sim de uma estratégia. Estratégia correta, tomando todos os cuidados, o máximo cuidado com os trabalhadores, para poder sair da forma mais rápida possível, identificando o que será necessário para essa nova etapa da retomada da economia brasileira”, afirmou.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, José Ricardo Roriz Coelho, que também participou da reunião, reforçou que qualquer medida tem que ser tomada sem trazer risco para as pessoas.

“Nós precisamos de uma coordenação, nós precisamos ter um trabalho conjunto para que a volta da atividade, não só atividade industrial, mas o comércio etc, seja feita da melhor maneira possível sem risco para as pessoas e preservando o maior número de empregos possível”, disse.

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