BC mantém taxa de juros em 6,5% ao ano

Autoridade diz que retomada lenta alivia impacto do dólar e da greve dos caminhoneiros sobre a inflação

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São Paulo e Brasília

O BC (Banco Central) admitiu que a disparada do dólar e a greve dos caminhoneiros podem ter impacto sobre a inflação no curto prazo, mas decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 6,5% ao ano, como era esperado pelo mercado. No texto em que comunicou a decisão, tomada por unanimidade, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) disse que a elevada ociosidade da economia brasileira poderá absorver possíveis impactos sobre os preços.

Informou que os dados de maio e de abril ainda não mostram os efeitos da paralisação sobre a economia brasileira. "Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação", disse no comunicado.

A decisão foi unânime e era esperada por 37 dos 38 economistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg.

 

Mesmo que houver impacto sobre os preços, a avaliação do BC é de que este será pontual e que poderá ser absorvido pela lentidão da economia brasileira em se recuperar. Isso vale também para a disparada do dólar.

"Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas", disse o Copom.

O comitê admitiu que o risco para a inflação aumentou desde a última reunião, devido ao mau momento para as economias emergentes no cenário internacional.

Ao mesmo tempo, lembrou que as projeções para a inflação oficial de 2018 e de 2019 são de 4,2% e 3,7%, nessa ordem. Ou seja, ainda abaixo das metas de 4,5% para este ano e de 4,25% no ano que vem.

A manutenção era esperada pela maior parte dos analistas, já que o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou, após a queda acentuada do real em relação à moeda americana, que a autoridade monetária não usará a política monetária para atuar no câmbio.

Ao mesmo tempo, Goldfajn anunciou a intensificação do uso de contratos de swaps para conter o avanço da moeda americana ante o real. A operação equivale à venda de dólares no mercado futuro.

Para Eduardo Velho, economista-chefe do Banco do Estado do Espírito Santo, o próprio fato de o BC ter aumentado a intervenção já era um sinal que os juros básicos da economia seriam mantidos.

"Não houve surpresa", ponderou. "Acho que isso já tinha sido sinalizado claramente. Ao reforçar o uso de instrumentos cambiais, o BC já havia afirmado, indiretamente, que não iria elevar juros".

Na avaliação de Velho, uma elevação pequena da Selic também não seria suficiente para reverter a alta do dólar.

"Esse é um ciclo que faz parte do cenário internacional, que depende de qual será o caminho dos juros americanos e também da imprevisibilidade da política econômica do Brasil em 2019", disse, em referência à incerteza trazida pelas eleições presidenciais.

A tendência, na avaliação de economistas, é de que a Selic continue no mesmo patamar nos próximos meses.

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central
Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn - Evaristo Sá, AFP
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