O blog apurou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes que suspendeu a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal tem respaldo da maioria dos ministros da Corte.
Apesar de ser uma decisão liminar (provisória e tomada por apenas um ministro), deverá ser mantida se for analisada no plenário, quando se manifestarão os demais ministros.
Ramagem é amigo de Bolsonaro e dos filhos do presidente. Além disso, o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, ao se demitir, acusou Bolsonaro de tentar interferir na PF. Moraes, na liminar, escreveu que a nomeação de Ramagem fere o princípio da impessoalidade na administração pública.
Segundo integrante do Supremo ouvido pelo blog, a Corte está dando um recado claro de que há limites na ação do Executivo. Ele lembra que em 2016 o Supremo já tinha impedido a posse do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como chefe da Casa Civil da ex-presidente Dilma Rousseff, pouco antes da votação do impeachment. Na ocasião, a liminar foi dada pelo ministro Gilmar Mendes.
Ministro Alexandre de Moraes revoga nomeação de Ramagem para PF
Em paralelo, integrantes da Polícia Federal avaliam que, se já havia uma blindagem da corporação contra ações políticas nas investigações, a decisão do Supremo fortalece a instituição. Eles entendem que, mesmo se Ramagem assumir, terá poderes limitados.
Ainda de acordo com os delegados ouvidos pelo blog, seria impróprio a nova direção da PF nomear um delegado para apurar a interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF. Essa apuração será feita em inquérito autorizado pelo ministro Celso de Mello. Por isso, a decisão do ministro Alexandre de Moraes foi recebida com alívio entre diretores e superintendentes da PF.
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