Política

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz é preso em São Paulo

Investigado por esquema de 'rachadinha' estava em endereço de advogado de Flávio em Atibaia (SP). Foragida, mulher de ex-assessor comparou Queiroz a bandido em mensagens: 'Tá preso dando ordens aqui fora'
Fabrício Queiroz deixa o Instituto Médico Legal em São Paulo Foto: TV Globo/Reprodução
Fabrício Queiroz deixa o Instituto Médico Legal em São Paulo Foto: TV Globo/Reprodução

RIO - Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira em operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil de São Paulo denominada "Anjo", apelido do advogado de Flávio, Frederick Wassef . Queiroz e o senador são investigados pelo esquema da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio. Ele foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo, e chegou ap presídio de Benfica, no Rio, onde é investigado, após pousar no aeroporto de Jacarepaguá.  Não houve resistência ou qualquer incidente no momento da prisão preventiva.

Vídeo: Veja o momento da prisão de Fabrício Queiroz

Ex-assessor Fabrício Queiroz foi preso em endereço de advogado da família Bolsonaro, em Atibaia. Imagens: Polícia Civil / divulgação
Ex-assessor Fabrício Queiroz foi preso em endereço de advogado da família Bolsonaro, em Atibaia. Imagens: Polícia Civil / divulgação

O endereço onde Queiroz foi preso está em nome de Wassef, que atua também na defesa de Flávio no procedimento de investigação criminal.

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Queiroz chega ao aeroporto de Jacarepaguá, no Rio. Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Queiroz chega ao aeroporto de Jacarepaguá, no Rio. Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

O Tribunal de Justiça do Rio também expediu mandado de prisão contra a mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar . Mas ela ainda não foi localizada. Em mensagens obtidas pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), Márcia dizia que o ex-marido, mesmo afastado do trabalho junto ao senador Flávio Bolsonaro, continuava dando ordens . Ela chegou a comparar Queiroz a um bandido, "que tá preso dando ordens aqui fora, resolvendo tudo".

Após a prisão, Queiroz foi levado para fazer exame de corpo de delito no IML e na sequência seguiu para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP)  para cumprir trâmites formais do mandado de prisão antes de ser transferido para o Rio.

Queiroz no momento de sua prisão em imóvel do advogado da família Bolsonaro, em Atibaia, São Paulo Foto: Agência O/globo
Queiroz no momento de sua prisão em imóvel do advogado da família Bolsonaro, em Atibaia, São Paulo Foto: Agência O/globo

O juiz determinou, na ordem de prisão, que Queiroz, embora PM, não fique acautelado no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, onde ele poderia ter benefícios. Foi mandado para o Complexo de Bangu. E, por ser provisório, não tem direito a audiência de custódia

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Delegado da Polícia Civil responsável pela operação que prendeu Queiroz, Osvaldo Nico Gonçalves afirmou à GloboNews que o portão da casa foi arrombado. Foram apreendidos dois celulares e documentos e um pequeno valor em dinheiro. Ele estava sozinho na casa.

Momento da prisão de Fabrício Queiroz (de boné azul) em Atibaia, interior de São Paulo Foto: Reprodução
Momento da prisão de Fabrício Queiroz (de boné azul) em Atibaia, interior de São Paulo Foto: Reprodução

Na decisão de 46 páginas, o juiz Flávio Itabaiana apresenta como um dos motivos dos pedidos de prisão a garantia da ordem pública e da aplicação da lei. Cita ainda que o casal estaria se escondendo há muito tempo, sem dados sobre o paradeiro de Queiroz desde sua alta do hospital, em São Paulo, após ser operado, até a prisão de hoje.

Por decisão da Justiça, o MP do Rio também cumpre mandados de busca e apreensão em diversos endereços da capital. Foi decretado segredo de justiça no caso. Um dos mandados foi cumprido em uma casa em Bento Ribeiro onde mora uma assessora de Flávio chamada Alessandra Marins.

Emprego de parentes

Queiroz esteve no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio entre 2007 e 2018 e, no período, emplacou sete parentes na estrutura . Além dele, também foram lotados outros sete parentes dele no gabinete de Flávio desde 2007. Entre os parentes de Queiroz investigados junto com ele, estão a mulher, a enteada e duas filhas, uma delas é a Nahtalia Queiroz, conhecida por ser personal trainer.

Casa de Fabrício Queiroz em Bento Ribeiro também foi alvo da operação do MPF Foto: Reprodução
Casa de Fabrício Queiroz em Bento Ribeiro também foi alvo da operação do MPF Foto: Reprodução

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Além da prisão de Queiroz, o MP-RJ obteve na Justiça a decretação de medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, o comparecimento mensal em Juízo e a proibição de contato com testemunhas. São alvos das medidas o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho; os ex-funcionários da casa legislativa Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins; e o advogado Luis Gustavo Botto Maia.

Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz; exoneração ocorreu em meio a investigações na Alerj Foto: Arte
Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz; exoneração ocorreu em meio a investigações na Alerj Foto: Arte

Alvo principal desta quinta-feira, Queiroz se tornou investigado após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras enviar um relatório mostrando uma “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, entre 2016 e 2017.

Celulares, documentos e dinheiro apreendidos na prisão de Queiroz. Foto: Agência O Globo
Celulares, documentos e dinheiro apreendidos na prisão de Queiroz. Foto: Agência O Globo

Questionado sobre a movimentação atípica em sua conta, Fabrício de Queiroz afirmou que suas transações financeiras eram fruto da compra e venda de veículos usados . Porém, além da movimentação de R$ 1,2 milhão, o ex-assessor da Alerj também entrou no radar do Coaf por outros R$ 5,8 milhões movimentados nos últimos três anos. Somados, os valores somam transações atípicas de R$ 7 milhões .

Queiroz sendo conduzido por policial em São Paulo. Foto: Nelson Almeida / AFP
Queiroz sendo conduzido por policial em São Paulo. Foto: Nelson Almeida / AFP