Blog do Valdo Cruz

Por Valdo Cruz

Comentarista de política e economia da GloboNews. Cobre os bastidores das duas áreas há 30 anos


A princípio, a indicação de Abraham Weintraub para cargo de diretor-executivo no Banco Mundial está garantida. A renovação do seu mandato, porém, a partir de outubro, pode não contar com o apoio do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo interlocutores do presidente, Bolsonaro não gostou nem um pouco dos últimos movimentos do seu ex-ministro da Educação, que sempre contou com seu apoio e prestígio, mas agora perdeu pontos com ele. Por isso, o presidente já sinalizou que ainda vai estudar se vai renovar o mandato de Weintraub na instituição mundial a partir de outubro.

Dentro do Palácio do Planalto, a forma como Weintraub deixou o país, dando a aparência de uma "fuga", criou constrangimentos. Ele viajou para os Estados Unidos ainda na condição de ministro, o que levantou críticas de que o governo teria dado "cobertura" para uma "saída sorrateira" dele do país.

Bolsonaro retifica data de exoneração de Abraham Weintraub

Bolsonaro retifica data de exoneração de Abraham Weintraub

Nesta terça-feira (23), o governo retificou a data de exoneração de Abraham Weintraub para o dia 19 de junho e não mais dia 20 de junho. Com isso, ele teria entrado nos EUA na condição de ex-ministro, o que pode levantar questionamentos se ele está de forma ilegal naquele país.

Nas palavras de outro assessor, além de ter sido um "constrangimento", a saída "sorrateira" do ex-ministro da Educação expôs o presidente Bolsonaro a questionamentos, como o que está sendo feito pelo Tribunal de Contas da União.

O Palácio do Planalto não gostou também da forma como Weintraub revogou portaria que incentivava a criação de cotas pelas universidades para negros, indígenas e deficientes físicos em cursos de pós-graduação. Ele não ouviu o presidente antes de tomar a decisão. A portaria do ex-ministro acabou sendo revogada hoje.

Além disso, ele tentou emplacar uma renovação completa no Conselho Nacional de Educação, indicando doze novos nomes sob influência do ideólogo Olavo de Carvalho. A decisão do Palácio do Planalto foi barrar as indicações de Weintraub que buscavam agradar Olavo de Carvalho, que também perdeu pontos junto ao presidente depois de ameaçá-lo nas redes sociais.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!