Por G1


O presidente Jair Bolsonaro durante evento em Brasília em 5 de junho — Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro informou nesta terça-feira (7) que seu exame para detectar Covid-19 teve resultado positivo. Após fazer o anúncio durante entrevista no Palácio da Alvorada, o presidente tirou a máscara que usava.

O médico infectologista do Hospital Emílio Ribas, Jean Gorinchteyn, em entrevista à Globonews, disse que a máscara é essencial para barrar a disseminação do vírus, uma vez que o presidente está sintomático.

"Se eu já estou sintomático, a chance de transmissão é maior que o pré-sintomático porque ele tem secreção e maior multiplicação do vírus na garganta e a chance de dispersão é muito grande. A máscara é um anteparo de disseminação."

"À medida que eu baixo a máscara, eu gotejo essas gotículas de aerossol e de saliva. A gente hoje sabe muito bem que as duas formas de transmissão são por aerossol e gotículas. Ou seja, se eu não tenho distanciamento e não tenho proteção, a chance de infectar as pessoas do entorno acaba sendo muito maior", explica o infectologista.

O presidente também disse que voltaria a encontrar as pessoas em uma semana. Segundo o infectologista, o período para um paciente retomar as atividades e o contato com outras pessoas é de 14 dias.

“Os pacientes normalmente são mantidos em isolamento por 14 dias. Eles só vão sair desse isolamento se, a partir do 11º dia, não estiverem com sintomas. Aí sim eles têm a possibilidade de retomar suas atividades normais com outras pessoas. Mas antes disso, isso é algo proibitivo.”

Segundo o infectologista, o procedimento adequado é permaneçam em quarentena as pessoas que tiveram contato com o presidente de até 72 horas antes do início dos sintomas até o presente momento sem que as regras de distanciamento pessoal e de uso de máscara tenham sido respeitadas. Isto vale para os profissionais que tiveram contato próximo com o presidente, incluindo os jornalistas presentes na entrevista.

"Essas pessoas merecem ficar em quarentena de até sete dias, fazendo acompanhamento clinico e exames laboratoriais. Se depois desse período, a pessoa não apresentou sintomas e teve resultado negativo para os testes, ela pode ser liberada", explicou. Segundo o médico, esse tempo estimado leva em conta o período médio para aparição dos sintomas, de 3 a 5 dias após a infecção.

A duração da quarentena, portanto, é diferente para quem já está infectado e para quem entrou em contato com um infectado, mas ainda não apresentou sintomas ou foi testado. Para o primeiro caso, o período recomendado é de 14 dias. E para o segundo, sete.

Gorinchteyn disse que mesmo antes dos sintomas, a pessoa infectada já pode transmitir o vírus. “É muito importante a gente entender que cada paciente transmite para ao menos duas pessoas. Isso vai depender exatamente da proximidade. À medida em que tenha reuniões em lugares fechados, as pessoas estejam mais próximas e não estejam usando máscaras [...] Quando eu não tenho isso, maior é a chance de infecção. De alguém que possa ser um portador assintomático ou pré-sintomático e volte a assar e transmitir pras pessoas do seu entorno.”

De acordo com o médico, as pessoas que tiveram contato com o presidente precisam ser testadas. “Todas as pessoas vão ser consideradas e avaliadas como contactantes. Vamos considerar como contactantes aquelas pessoas que estiveram por 10 minutos sem respeitar o isolamento social e pessoal e sem o uso de máscara. Então essas pessoas merecem e vão ser investigadas.”

“A investigação, nessa fase muito próxima, é feita por PCR, que vai detectar o vírus. E isso dará a ideia de quantas pessoas ao seu entorno poderão estar infectadas e muitas vezes ainda sequer apresentaram qualquer sintoma”, esclareceu.

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