Saúde Coronavírus

Estudo indica que imunidade à Covid-19 pode desaparecer após alguns meses

Pesquisadora levanta dúvidas sobre a duração da proteção de uma futura vacina
Pesquisadora trabalha no diagnóstico da Covid-19 em Minas Gerais Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP
Pesquisadora trabalha no diagnóstico da Covid-19 em Minas Gerais Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP

RIO - Os pacientes que se recuperam da covid-19 podem perder sua imunidade dentro de alguns meses, diz um estudo publicado nesta segunda-feira por uma equipe de pesquisadores do King's College London. O estudo sugere, portanto, que a imunidade — capaz de proteger o organismo contra novas infecções — não pode ser tida como garantida após a superação da doença pela primeira vez. Este é o caso de outros vírus, como a gripe.

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A descoberta poderia complicar o desenvolvimento de uma vacina eficaz de longo prazo.

"Se a infecção fornece níveis de anticorpos que diminuem em dois a três meses, a vacina potencialmente fará a mesma coisa e uma única injeção pode não ser suficiente", disse Katie Doores, principal autora do estudo, ao jornal "The Guardian".

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É o primeiro estudo longitudinal desse tipo, de acordo com o jornal britânico. Foi analisada a resposta imune de mais de 90 pacientes e profissionais de saúde do sistema NHS (equivalente ao SUS do Reino Unido) e descobriram que os níveis de anticorpos que podem destruir o vírus atingiram o pico cerca de três semanas após o início dos sintomas, mas pouco depois caiu.

Os exames de sangue revelaram que, enquanto 60% das pessoas conseguiram uma resposta "potente" de anticorpos no auge de sua batalha contra o vírus, apenas 17% mantiveram a mesma potência três meses depois. Os níveis de anticorpos caíram 23 vezes no período. Em alguns casos, eles se tornaram indetectáveis.

A Hora da Ciência : Algumas pessoas podem ter imunidade natural ao coronavírus

O sistema imunológico tem outras maneiras de combater o coronavírus , mas se os anticorpos forem a principal linha de defesa, os resultados sugerem que as pessoas podem se infectar novamente em ondas sazonais e que as vacinas podem não protegê-las por muito tempo.