Brasil

Diretor do Instituto Butantan diz que terá inicialmente 30 milhões de doses da vacina chinesa

Dimas Covas volta afirmar que ela deverá estar disponível em janeiro de 2021
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan Foto: Divulgação
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan Foto: Divulgação

BRASÍLIA - O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quarta-feira que terá inicialmente 30 milhões de doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Como já havia falado antes, ele disse acreditar que a vacina estará disponível em janeiro do ano que vem, mas destacou que isso depende da aprovação e obtenção de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Dimas Covas participou de audiência da comissão criada pela Câmara dos Deputados para acompanhar ações de enfrentamento à pandemia. Também presente, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, disse mais uma vez que a pasta pretende adquirir a primeira ou as primeiras vacinas que chegarem ao mercado com eficácia comprovada. O Ministério da Saúde tem uma parceria com outra fabricante, a AstraZeneca, que também desenvolveu uma vacina, ainda em testes e sem registro na Anvisa. A pasta avalia que essa vacina poderá ser liberada somente a partir de janeiro.

— É muito provável que a demonstração inicial de eficácia ocorra ainda antes do final deste ano. Se isso acontecer, essa vacina [da Sinovac e do Butantan] poderá ser registrada. E nesse momento já nós teremos vacina, porque a partir e outubro nós já estaremos recebendo o bulk [concentrado] dessa vacina da China, e essa vacina já estará sendo preparada aqui no Butantan. Inicialmente com duas partidas. Uma partida de 15 milhões que virá da China já pronta em seringas. E 15 milhões que serão produzidas aqui no Butantan na forma de frascos multidoses, com dez doses por frasco — disse Dimas Covas.

Questionado pelo deputado Pedro Westphalen (PP-RS) se a vacina estará disponível até o fim do ano, Covas respondeu:

— A vacina poderemos ter. Não saberemos se teremos o registro. A vacina poderemos ter a partir de agora outubro. Como eu disse, o processo de preparo para a formulação e envase dessa vacina já se iniciou. Todos os processos de controle de qualidade, de validação já se iniciaram. Então poderemos ter a vacina. A grande pergunta é se ele estará registrada, aprovada, e poderá ser utilizada. Eu sou muito otimista. Acho que um prazo razoável seria sim janeiro de 2021, dado aí o desempenho dessa vacina no presente momento.

O deputado Antonio Brito (PSD-BA) disse que a vacina da AstraZeneca e custará três dólares a dose. Em seguida, perguntou o preço da que está sendo testada pelo Butantan. Dimas Covas respondeu que os custos ainda estão sendo analisados, mas disse:

— Obviamente que é inadmissível que tenhamos preços ou custos acima do que já tem sido anunciado no panorama nacional e no panorama internacional. Qualquer que seja o custo final dessa vacina, ele devera estar nesse patamar ou abaixo desse patamar.

O secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Carlo Gorinchteyn, também demonstrou otimismo e disse que todos os brasileiros terão acesso gratuito à vacina. O Instituto Butantan é ligado ao governo paulista.

O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes Lima Santos, afirmou que, em situações como a atual, é possível flexibilizar alguns procedimentos para acelerar a obtenção de registro. Segundo ele, qualquer vacina só será aprovada se os riscos forem menores que os benefícios.

— Não só priorizamos os pedidos [relacionados à covid-19], mas também flexibilizamos provas que entendemos que neste momento de pandemia podem ser flexibilizadas e devem ser flexibilizadas, porque precisamos de uma resposta rápida para essa situação. Então, por exemplo, no que é o desenvolvimento clínico tradicional, onde os estudos começam com fase 1, depois vão para a fase 2 e fase 3, no momento de pandemia, vemos as fases ocorrerem paralelamente. Claro, sem abrir mão da segurança dos voluntários, sem abrir mão da análise de dados — disse Gustavo.