BRASÍLIA - O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quarta-feira que terá inicialmente 30 milhões de doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Como já havia falado antes, ele disse acreditar que a vacina estará disponível em janeiro do ano que vem, mas destacou que isso depende da aprovação e obtenção de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Dimas Covas participou de audiência da comissão criada pela Câmara dos Deputados para acompanhar ações de enfrentamento à pandemia. Também presente, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, disse mais uma vez que a pasta pretende adquirir a primeira ou as primeiras vacinas que chegarem ao mercado com eficácia comprovada. O Ministério da Saúde tem uma parceria com outra fabricante, a AstraZeneca, que também desenvolveu uma vacina, ainda em testes e sem registro na Anvisa. A pasta avalia que essa vacina poderá ser liberada somente a partir de janeiro.
— É muito provável que a demonstração inicial de eficácia ocorra ainda antes do final deste ano. Se isso acontecer, essa vacina [da Sinovac e do Butantan] poderá ser registrada. E nesse momento já nós teremos vacina, porque a partir e outubro nós já estaremos recebendo o bulk [concentrado] dessa vacina da China, e essa vacina já estará sendo preparada aqui no Butantan. Inicialmente com duas partidas. Uma partida de 15 milhões que virá da China já pronta em seringas. E 15 milhões que serão produzidas aqui no Butantan na forma de frascos multidoses, com dez doses por frasco — disse Dimas Covas.
Questionado pelo deputado Pedro Westphalen (PP-RS) se a vacina estará disponível até o fim do ano, Covas respondeu:
— A vacina poderemos ter. Não saberemos se teremos o registro. A vacina poderemos ter a partir de agora outubro. Como eu disse, o processo de preparo para a formulação e envase dessa vacina já se iniciou. Todos os processos de controle de qualidade, de validação já se iniciaram. Então poderemos ter a vacina. A grande pergunta é se ele estará registrada, aprovada, e poderá ser utilizada. Eu sou muito otimista. Acho que um prazo razoável seria sim janeiro de 2021, dado aí o desempenho dessa vacina no presente momento.
O deputado Antonio Brito (PSD-BA) disse que a vacina da AstraZeneca e custará três dólares a dose. Em seguida, perguntou o preço da que está sendo testada pelo Butantan. Dimas Covas respondeu que os custos ainda estão sendo analisados, mas disse:
— Obviamente que é inadmissível que tenhamos preços ou custos acima do que já tem sido anunciado no panorama nacional e no panorama internacional. Qualquer que seja o custo final dessa vacina, ele devera estar nesse patamar ou abaixo desse patamar.
O secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Carlo Gorinchteyn, também demonstrou otimismo e disse que todos os brasileiros terão acesso gratuito à vacina. O Instituto Butantan é ligado ao governo paulista.
O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes Lima Santos, afirmou que, em situações como a atual, é possível flexibilizar alguns procedimentos para acelerar a obtenção de registro. Segundo ele, qualquer vacina só será aprovada se os riscos forem menores que os benefícios.
— Não só priorizamos os pedidos [relacionados à covid-19], mas também flexibilizamos provas que entendemos que neste momento de pandemia podem ser flexibilizadas e devem ser flexibilizadas, porque precisamos de uma resposta rápida para essa situação. Então, por exemplo, no que é o desenvolvimento clínico tradicional, onde os estudos começam com fase 1, depois vão para a fase 2 e fase 3, no momento de pandemia, vemos as fases ocorrerem paralelamente. Claro, sem abrir mão da segurança dos voluntários, sem abrir mão da análise de dados — disse Gustavo.