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Política

Candidatos do centrão a suceder Maia são pressionados a mostrar independência do governo

Consolidação dos grupos que irão disputar o comando da Casa é o pano de fundo para a saída do DEM e do MDB do chamado 'blocão' comandado pelo líder do PP, Arthur Lira
Plenário da Câmara dos Deputados durante a pandemia Foto: Maryanna Oliveira/Agência Câmara
Plenário da Câmara dos Deputados durante a pandemia Foto: Maryanna Oliveira/Agência Câmara

BRASÍLIA — Enquanto partidos se distribuem em grupos para disputar a sucessão da presidência da Câmara no ano que vem, deputados do bloco de partidos de centro que pleiteiam o posto são pressionados a mostrar independência do governo federal — movimento oposto ao de aproximação que ocorreu no início do ano.

A consolidação dos grupos que irão disputar o comando da Casa é o pano de fundo para a saída, nesta segunda-feira, do DEM e do MDB do chamado “blocão” comandado pelo líder do PP, Arthur Lira (AL), e que reúne também siglas do centrão. Lira tem se colocado como articulador informal do governo no Congresso nos últimos meses.

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Já DEM, MDB e PSDB querem formar um grupo de centro independente em torno de algum nome respaldado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Há aliados, inclusive, que ainda não perderam a esperança em uma reeleição de Maia autorizada pelo Poder Judiciário — mas o próprio Maia se declara contrário à ideia.

Um nome forte no grupo de Maia é Baleia Rossi (SP), líder e presidente do MDB. O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da maioria, também era citado como alguém que agrada ao grupo, mas vem sendo descartado. Ele teria de disputar internamente em seu partido com Arthur Lira, já favorito do “centrão bolsonarista”.

Em março deste ano, o PP negociou cargos de segundo e terceiro escalão com o governo federal, assim como o PSD, PL e Republicanos. A pecha de aliado do governo, porém, atrapalha Lira mais do que ajuda, segundo lideranças ouvidas pelo GLOBO.

Um grupo formado por Solidariedade, PROS, PTB e PSL ainda busca seu candidato para a corrida e tem Arthur Lira como favorito, desde que ele dê demonstrações claras de independência do Poder Executivo. Nesse sentido, um requisito citado pelas lideranças em busca de um candidato é que o governo não declare apoio a ele.

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Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, tem se esforçado para cativar o mesmo grupo. Para isso, ele vem se distanciando de Lira e se esforçando para exibir a “independência” exigida pelos partidos pretendentes. Os filhos de Jair Bolsonaro Flávio e Carlos, porém, pertencem ao partido, o que é visto como uma desvantagem.

Um candidato que tenta explorar o flanco de independência do governo e também acenar à centro-direita é Marcelo Ramos (PL-AM). Deputado de primeiro mandato, ele conta de pronto com a oposição do líder de seu partido, Wellington Roberto (PB), aliado de primeira hora de Arthur Lira. Mas Ramos é visto como uma opção de centro sem ligação com o governo e que mantém um bom diálogo com a esquerda.