Política Lava-Jato

Esquema de corrupção no Into investigado pela Lava-Jato movimentou R$ 1,5 bilhão

Entre beneficiados pelas fraudes estão Sérgio Cabral e Sérgio Côrtes
O sócio de Miguel Iskin, Gustavo Estellita, é levado para a Polícia Federal, no Rio de Janeiro Foto: fabiano rocha / Agência O Globo
O sócio de Miguel Iskin, Gustavo Estellita, é levado para a Polícia Federal, no Rio de Janeiro Foto: fabiano rocha / Agência O Globo

RIO — O esquema de corrupção nos contratos de compra de equipamentos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia ( Into ), investigado  pela Lava-Jato do Rio na Operação Ressonância, movimentou R$ 1,5 bilhão em 12 anos. De acordo com o Ministério Público Federal ( MPF ), entre 2006 e 2017, a quadrilha, liderada pelo empresário Miguel Iskin , realizou uma série de fraudes nas licitações no instituto. Entre os beneficiados estão o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o ex-secretário de Saúde Sergio Côrtes . Doss valores bloqueados, metade é por danos morais e a outra por danos morais coletivos.

LEIA: Lava-Jato manda prender empresários do esquema Cabral que fraudaram Into

Iskin e Côrtes eram os principais articuladores das movimentações, pois angariavam grandes fabricantes de equipamentos médicos para o esquema e obtiam liberações orçamentárias para a realização da contravenção. De acordo com o Tribunal de Contas da União, o valor de R$ 1,5 bilhão é apenas referente ao dinheiro gerado pelos contratos do Into, que não necessariamente foram desviados.

Fraudes na saúde
Esquema envolvendo a importação de material hospitalar permitiu que empresários e gestores
públicos desviassem, durante pelo menos 11 anos, até R$ 300 milhões
Sérgio Côrtes
Diretor do INTO de 2003 a 2006 e secretário de Saúde de 2007 a 2013
Into
Secretaria
Estadual
de Saúde
do Rio
Instituto
Nacional de
Traumatologia e
Ortopedia
Cesar Vianna
Delator
Ex-assessor da direção do Into ex-subsecretário executivo da Saúde
Importavam
Equipamentos de
fornecedores
DRÄGER
PHILIPS
Miguel
Iskin
Gustavo
Estellita
MAQUET DO BRASIL
Presidente
da Oscar Iskin
Sócio de
Miguel Iskin
STRYKER
O valor era repassado pelo Into e SES para os fornecedores com o imposto embutido, que virava a propina. Por esse ralo, saíram de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões que eram repassados pelos fabricantes a Miguel Iskin em forma de taxa de serviços
DIXTAL
Mercadorias + impostos
Para efeito de licitação, o fornecedor estrangeiro era obrigado a embutir no seu preço o valor dos tributos cobrados pelas importações
40% a 60%
de impostos
não recolhidos
Mercadorias
Impostos
No entanto, as importações eram assumidas não pelos fornecedores estrageiros, mas pelo Into e Secretária Estadual de Saúde, que eram isentos
Fraudes na saúde
Esquema envolvendo a importação de material hospitalar permitiu que empresários e gestores públicos desviassem, durante pelo menos 11 anos, até R$ 300 milhões
Sérgio Côrtes
Diretor do INTO de 2003 a 2006 e secretário de Saúde de 2007 a 2013
Secretaria
Estadual
de Saúde
do Rio
Into
Cesar Vianna
Delator
Ex-assessor da direção do Into ex-subsecretário executivo da Saúde
Importavam
Equipamentos de
fornecedores
DRÄGER
PHILIPS
MAQUET DO BRASIL
STRYKER
DIXTAL
Mercadorias + impostos
Para efeito de licitação, o fornecedor estrangeiro era obrigado a embutir no seu preço o valor dos tributos cobrados pelas importações
Mercadorias
Impostos
No entanto, as importações eram assumidas não pelos fornecedores estrageiros, mas pelo Into e Secretária Estadual de Saúde, que eram isentos
40% a 60%
de impostos
não recolhidos
Miguel
Iskin
Gustavo
Estellita
Presidente
da Oscar Iskin
Sócio de
Miguel Iskin
O valor era repassado pelo Into e SES para os fornecedores com o imposto embutido, que virava a propina. Por esse ralo, saíram de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões que eram repassados pelos fabricantes a Miguel Iskin em forma de taxa de serviços

ESPECIAL : ESQUEMA DE SÉRGIO CÔRTES DESVIOU ATÉ R$ 300 MILHÕES DA SAÚDE

De acordo com o MPF, as fraudes não envolviam só contratos de aquisição de equipamentos médicos importados, mas também órteses, próteses e materiais especiais, que eram fornecidos pelas empresas do cartel. Sócio de Iskin, Gustavo Estellita era o responsável por gerenciar a cobrança dos valores das empresas do cartel e controlar a distribuição da propina entre os funcionários públicos e privados que participaram do esquema.

Iskin chegou a faturar quantias astronômicas com os desvios. Apenas em "comissões" por vendas de uma empresa aos órgãos públicos brasileiros, o empresário embolsou US$ 53,8 milhões e EUR 23,2 milhões.

Gráfico mostra funcionamento do esquema exposto na Operação Ressonância Foto: Reprodução / MPF
Gráfico mostra funcionamento do esquema exposto na Operação Ressonância Foto: Reprodução / MPF