BRASÍLIA — Após ter sido afastado do cargo de ministro do Trabalho por decisão do ministro Edson Fachin , do Supremo Tribunal Federal ( STF ), Helton Yomura pediu demissão do cargo nesta quinta-feira. Yomura entregou uma carta de demissão ao presidente Michel Temer .
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O ex-ministro foi um dos alvos da terceira fase da Operação Registro Espúrio , que investiga fraudes na concessão de registros sindiciais.
Em nota, Temer informou que aceitou o pedido de demissão e agradeceu a "dedicação" de Yomura.
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Na carta entregue ao presidente, Yomura disse que foi "surpreendido" pela operação."Estou ciente de que jamais pratiquei e compactuei com qualquer ilicitude ou irregularidades nos cargos que ocupei no Ministério do Trabalho", escreveu.
O ex-ministro disse que tomou a decisão para impedir que o ministério fique "acéfalo". Ele criticou Fachin por ter tomado a decisão no último dia antes do recesso judiciário, porque um recurso só poderá ser analisado pelo conjunto dos ministros do STF em agosto.
Yomura foi indicado para o cargo pelo PTB. Mais cedo, o presidente da sigla, o ex-deputado Roberto Jefferson, afirmou que o partido colocava o cargo à disposição do presidente Michel Temer .
De acordo com a Polícia Federal, Yomura agiria como "testa de ferro" dos interesses de Jefferson e de sua filha, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) . Cristiane foi impedida de assumir a pasta no início do ano, após a revelação de que fora processada por ex-funcionários na Justiça do Trabalho e que utilizava contas de uma outra funcionaria para realizar o pagamento de suas condenações.
Ainda segundo a PF, Yomura representaria os interesses da alta cúpula do PTB no ministério, e agia ativamente para realizar e coordenar os desvios na pasta.
Helton Yomura foi levado à Superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento, mas permaneceu em silêncio e nem forneceu a senha de seu celular .
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O ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, também está entre os alvos da investigação . A Polícia Federal chegou a pedir autorização para fazer busca e apreensão em endereços de Marun e da chefe de gabinete dele, Viviane Melo. Com parecer contrário da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o pedido foi rejeitado por Fachin