Política Eleições 2020 Celso Russomanno

Campanha começa em SP com atos na rua, aglomerações e foco nos temas da cidade

Russomano (Republicanos), líder nas pesquisas, fez reunião fechada com assessores
Tendo como slogan de campanha a expressão "Força, foco e fé", o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), deu o pontapé na sua campanha indo a uma missa na Paróquia Nossa Senhora de Imaculada Conceição, na periferia da zona sul da cidade Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Tendo como slogan de campanha a expressão "Força, foco e fé", o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), deu o pontapé na sua campanha indo a uma missa na Paróquia Nossa Senhora de Imaculada Conceição, na periferia da zona sul da cidade Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

SÃO PAULO - No primeiro dia oficial de campanha eleitoral em meio à pandemia de Covid , os candidatos a prefeito de São Paulo tiveram dificuldade de manter o distanciamento social nos eventos que promoveram e evitaram nacionalizar o debate eleitoral.

O deputado federal e apresentador de TV Celso Russomanno (Republicanos) foi o único a não ter agenda de rua - ele fez uma reunião fechada na sede do seu partido. De acordo com aliados, o ato reflete a estratégia do candidato de se manter recluso e evitar desgastes que possam colocar em risco sua posição de liderança na corrida eleitoral, de acordo com o Ibope mais recente.

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Russomanno acertou a contratação dos marqueteiros Elsinho Mouco e Rodrigo Gadelha em sua campanha. O encontro contou com a presença de Fabio Wajngarten, atual chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do presidente Jair Bolsonaro.  Experientes consultores políticos, Mouco e Gadelha trabalharam no governo do ex-presidente Michel Temer. Russomanno disse que Wajngarten participou do encontro na condição de amigo.

— Todos são amigos. O Elsinho vai trabalhar com a gente. É um cara experiente, mas o conheço da política, muito antes de trabalhar com o Temer. O Wangarten conheço há muitos anos. Esteve lá como meu amigo para me dar parabéns e me desejar boa sorte — afirmou Russomanno.

Segundo pessoas próximas, o próprio presidente Jair Bolsonaro recomendou comedimento ao candidato. Russomanno visitou Bolsonaro no sábado no hospital Albert Einstein, onde o presidente se submeteu a uma cirurgia para retirada de cálculo na bexiga. Ao ser lançado pelo Republicanos no último dia 16, Russomanno saiu logo em defesa das bandeiras do bolsonarismo. Começou pelo discurso forte na segurança, passou pelo combate à corrupção e terminou com a defesa da pauta de costumes.

Covas evita nacionalização

Tendo como slogan de campanha a expressão "Força, foco e fé", o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), deu o pontapé na sua campanha indo a uma missa na Paróquia Nossa Senhora de Imaculada Conceição, na periferia da zona sul da cidade. Na igreja, o distanciamento social foi respeitado, e todos estavam usando máscara. Covas, entretanto, posou para fotos e selfies na saída da igreja a menos de 1 metro de distância de simpatizantes.

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Nos dias que antecederam o início oficial da campanha neste domingo, a equipe do candidato discutiu o formato de evento que adotaria para marcar a arrancada eleitoral sem riscos de aglomerações. Optaram por fazer um ato com transmissão online (webinar) em que apoiadores do prefeito se conectaram ao vivo de bairros da cidade mostrando realizações da gestão Covas. Prefeito e lideranças partidárias interagiram de um estúdio com os convidados.

Covas, que aparece em segundo lugar no Ibope mais recente, quer distância de um embate nacionalizado, o que deixou claro nas primeiras palavras neste domingo como candidato.

— Enquanto os outros candidatos vão vender sonhos, nós vamos vender realidade. Quem nós vamos enfrentar não importa. Vamos manter nossa estratégia de falar da cidade de São Paulo — afirmou Covas.

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Não interessa ao prefeito que a eleição pela prefeitura de São Paulo se transforme num "Fla-Flu" entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Aliado de Covas, Doria é o campeão de rejeição na cidade, e o prefeito teme que isso respingue em sua candidatura.

Nome da esquerda mais bem posicionado na disputa, com 8% no Ibope mais recente, Guilherme Boulos iniciou a jornada eleitoral no bairro de São Mateus, periferia da zona leste da cidade. Foto: Reprodução/Redes sociais
Nome da esquerda mais bem posicionado na disputa, com 8% no Ibope mais recente, Guilherme Boulos iniciou a jornada eleitoral no bairro de São Mateus, periferia da zona leste da cidade. Foto: Reprodução/Redes sociais

Nome da esquerda mais bem posicionado na disputa, com 8% no Ibope mais recente, Guilherme Boulos iniciou a jornada eleitoral no bairro de São Mateus, periferia da zona leste da cidade. Após inaugurar um comitê de campanha, ele saiu em caminhada pelo comércio da região. Apesar de estarem com máscaras de proteção, a distância entre os apoiadores do candidato era de poucos centímetros. O próprio Boulos chegou a caminhar de braços dados com muitos deles e distribuiu panfletos, o que não é recomendado pela Justiça Eleitoral por causa da pandemia.

— Nós estamos aqui por uma missão, um projeto de começar a derrotar o projeto de ódio que toma conta desse país. O início da derrota de Jair Bolsonaro é aqui em São Paulo, com a nossa eleição para prefeito — disse Boulos, em discurso.

A candidata a vice na chapa, Luiza Erundina, não participou do evento. Ela é idosa e pertence ao grupo de risco da Covid-19.

O candidato Márcio França, do PSB, iniciou sua campanha neste domingo com a defesa da abertura de escolas e postos de saúde em finais de semana e feriados a partir de 2021. Foto: Gustavo Schmitt/Agência O Globo
O candidato Márcio França, do PSB, iniciou sua campanha neste domingo com a defesa da abertura de escolas e postos de saúde em finais de semana e feriados a partir de 2021. Foto: Gustavo Schmitt/Agência O Globo

Também sem conseguir cumprir totalmente as regras de distanciamento social, o candidato Márcio França, do PSB, iniciou sua campanha neste domingo com a defesa da abertura de escolas e postos de saúde em finais de semana e feriados a partir de 2021. O ato do candidato, que usava máscara, ocorreu sob forte calor numa praça em frente ao estádio do Pacaembu, na Zona Oeste da capital paulista, onde ele não deixou de abraçar e cumprimentar eleitores e uma série de candidatos a vereadores.

— As pessoas não estão conseguindo acompanhar as aulas na rede pública. Os mais pobres não têm Wi-fi, internet. Temos que abrir tudo no final de semana e feriado. A mesma coisa é na saúde. Temos de abrir todos os postos e garantir que as pessoas que têm exames atrasados e pequenas cirurgias possam fazer no ano que vem — afirmou França, se contrapondo ao prefeito Bruno Covas, que deixou para novembro a decisão sobre a volta às aulas.

França foi outro que evitou a estratégia de nacionalizar o debate da eleição e negou que tenha afinidade com o presidente Jair Bolsonaro. No mês passado, ele participou de evento em São Paulo com o presidente, o que gerou mal estar entre seus aliados. Apesar disso, alguns apoiadores, entre eles inclusive candidatos a vereador, tiraram fotos com França com bandeiras do Brasil, o que costuma ser uma marca de Bolsonaro. França, que tem 6% no último Ibope, negou qualquer vinculação.

A deputada federal Joice Hasselmann, candidata do PSL à prefeitura, participou de um ato fechado à meia-noite deste domingo, com candidatos a vereador e filiados. Foto: Reprodução/Redes sociais
A deputada federal Joice Hasselmann, candidata do PSL à prefeitura, participou de um ato fechado à meia-noite deste domingo, com candidatos a vereador e filiados. Foto: Reprodução/Redes sociais

Já a deputada federal Joice Hasselmann, candidata do PSL à prefeitura, não esperou o dia amanhecer para fazer seu primeiro comício da campanha eleitoral. Ela participou de um ato fechado à meia-noite deste domingo, com candidatos a vereador e filiados. O comício foi realizado na Max Arena, uma casa de eventos voltada para games e esportes eletrônicos no bairro da Mooca, na Zona Leste. O ato teve a presença de aproximadamente 1.600 convidados, que se revezaram para caber no espaço limitado para 1.100 pessoas, segundo os organizadores.

O evento contou com a participação da tropa de choque de Joice em São Paulo: o senador Major Olimpio e o deputado federal Júnior Bozzella, ambos do PSL. O auditório teve separação de cadeiras para promover o distanciamento social, mas houve aglomeração, abraços para selfies e as principais figuras do PSL sem máscara. O evento terminou às 2h.

Pela manhã, Joice visitou a comunidade do Flamengo, no Jardim Peri, Zona Norte, e almoçou no restaurante Cachaçaria do Rancho, na praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo. O lugar é um conhecido reduto alternativo na cidade.

— Hoje eu senti a certeza que São Paulo foi abandonada — disse ao GLOBO a candidata, que tem 2% no último Ibope.

O deputado estadual Arthur do Val (Patriota) reuniu apoiadores pela manhã em frente ao estádio do Pacaembu, na região central, antes de carreata pela região central. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
O deputado estadual Arthur do Val (Patriota) reuniu apoiadores pela manhã em frente ao estádio do Pacaembu, na região central, antes de carreata pela região central. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

O deputado estadual Arthur do Val (Patriota) reuniu apoiadores pela manhã em frente ao estádio do Pacaembu, na região central, antes de carreata pela região central. Em torno da tenda no meio da Praça Charles Muller, Do Val tirou fotos, distribuiu beijos e abraços e gravou vídeos para seus apoiadores. Apesar de a maioria das pessoas no local usarem máscaras, o distanciamento social para evitar a transmissão do novo coronavírus não foi seguido. Cerca de cem pessoas se aglomeraram para uma foto com o candidato.

Arthur do Val estava acompanhado de seus companheiros do Movimento Brasil Livre (MBL), entre eles o deputado federal Kim Kataguiri (DEM) e o vereador Fernando Holiday (Patriota). Adeilaide Oliveira, vice de Do Val e porta-voz do grupo Vem Pra Rua, também estava presente.

Famoso pela retórica beligerante enquanto youtuber, o candidato discursou pouco, mas não deixou de provocar o adversário Márcio França, que fazia seu comício do outro lado do estacionamento do Pacaembu, a cerca de 30 metros do ato do Patriota.

— Tem muita gente que votou em mim e que não sabe que estou candidato de novo — disse.

Numa campanha com restrições físicas por conta da pandemia, Arthur do Val aposta que vai ter a vantagem de operar em seu "habitat natural". Seu canal no YouTube, o "Mamãe Falei", tem 2,68 milhões de inscritos, e foi por meio dele que se tornou conhecido. Ele tem 2% no último Ibope.

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O candidato a prefeito pelo PSD, Andrea Matarazzo, escolheu iniciar a campanha numa favela na zona norte da cidade. Candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto fez uma carreata pela cidade com apoiadores.

Levy Fidelix, do PRTB, abriu a campanha junto a bolsonaristas no acampamento "Fora Doria", ao lado da Alesp. Orlando Silva, do PCdoB, participou do lançamento da campanha do coletivo "O caminho é pela quebrada". Vera Lúcia (PSTU) participou de plenária com jovens sobre “A juventude da revolução socialista e as eleições municipais”. Marina Helou (Rede) deu início à campanha na Brasilândia, na periferia de São Paulo. Antonio Carlos (PCO) também concorre.