Publicidade

Cerca de 4,25 milhões de domicílios brasileiros sobreviveram em agosto só com auxílio emergencial

Segundo estudo do Ipea, a fatia de domicílios exclusivamente dependentes do benefício foi de 6,2% entre todos os do País, mas superou os 10% em alguns Estados do Norte e Nordeste

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - Cerca de 4,25 milhões de famílias brasileiras sobreviveram no mês de agosto apenas com a renda do auxílio emergencial de R$ 600, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 29, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

Pagamento do auxílio diminuiu a diferença de renda entre os mais pobres e os mais ricos. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

PUBLICIDADE

A fatia de domicílios exclusivamente dependentes do auxílio em agosto foi de 6,2% entre todos os existentes no País, mas superou os 10% em alguns Estados do Norte e Nordeste. No Piauí, 13,75% das famílias sobreviveram exclusivamente comarenda do auxílio emergencial. Na Bahia, 13,61% dos lares só contaram com a renda emergencial no orçamento doméstico.

No mês de agosto, os trabalhadores ocupados ainda recebiam apenas 89,4% dos rendimentos habituais. No entanto, o pagamento do auxílio mais do que compensou essa perda, segundo os cálculos do Ipea, que têm como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad Covid), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Somando o recebimento do auxílio à renda do trabalho, a renda domiciliar média no País aumentou em mais de 3% em relação ao que seria recebido apenas com os rendimentos habituais dos trabalhadores ocupados. O impacto foi maior entre os domicílios de renda muito baixa: o recebimento do auxílio em agosto fez a renda efetiva ser 32% maior do que o habitual.

O Ipea aponta que, caso todos os domicílios contemplados pelo socorro em agosto tivessem recebido apenas a metade do valor pago - o que ocorrerá com a redução a de R$ 600 para R$ 300 no valor do auxílio a partir de setembro -, a renda domiciliar média teria sido 5,3% menor do que o recebido no mês. Entre as famílias de renda muito baixa, a renda cairia quase 20%, embora ainda fosse 6% maior que o habitual.

Segundo o estudo, a renda proveniente do auxílio superou em 41% a perda da massa salarial do trabalho no mês de agosto. A massa salarial efetiva totalizou R$ 172,31 bilhões em agosto, R$ 20,36 bilhões aquém dos R$ 192,67 bilhões habitualmente recebidos. De acordo com a Pnad Covid-19, os rendimentos provenientes do auxílio emergencial somaram R$ 28,7 bilhões em agosto, ou seja, cerca de R$ 8,34 bilhões a mais que a renda efetiva perdida pelos trabalhadores no mês.

“O papel do auxílio emergencial na compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi proporcionalmente maior do que no mês anterior”, afirmou o pesquisador Sandro Sacchet, autor do estudo do Ipea, em nota oficial. 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.