O governo que ainda não escolhemos, aquele que vai assumir o Planalto em 2019, terá que administrar uma herança maldita que cresce a cada dia. Nas últimas semanas o Congresso têm tomado decisões assustadoras, que terão impacto nas contas públicas e no bolso dos brasileiros. Na quarta-feira, a bomba da vez foi a permissão para aumento de salários para o funcionalismo.
O reajuste, se beneficiar somente os servidores civis, terá impacto de R$ 6 bilhões, e chegará a R$ 11 bi se for estendido também aos militares. O novo governo terá que equilibrar as contas com esse novo peso. Outra pauta aprovada nesses dias permite cobrar dos consumidores do país todas as perdas com furto de energia nas distribuidoras de Rondônia e do Acre, o que elevaria o preço da conta em cerca de 5%.
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O mesmo Congresso, no entanto, não aprova medidas necessárias para o ajuste. Um dos projetos travados por lá é a taxação dos fundos de investimento exclusivos, usados pelos muito ricos. É diferente das carteiras que têm muitos cotistas, onde a classe média costuma aplicar seus recursos e recolher impostos sobre o ganho. O governo propôs, então, taxar esses fundos exclusivos, e os parlamentares têm recusado a proposta. Há outros casos semelhantes, esse é só um exemplo.
É uma mistura explosiva. O Congresso aprova gastos e derruba o que o governo propõe para equilibrar as contas. A atuação dos parlamentares dificulta o cumprimento da meta fiscal para o próximo ano, que já prevê um déficit de R$ 139 bilhões. Se os parlamentares pensam que estão inviabilizando este governo, na verdade estão atrapalhando o próximo, do qual eles podem fazer parte, inclusive.