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Sem vacina ou distanciamento, Covid-19 vira doença sazonal que cresce no inverno e diminui no verão, diz pesquisa

Estudo demonstra que coronavírus contamina mais com redução da luz ultravioleta, altas temperaturas e menor umidade relativa do ar
Inverno aumenta risco de contaminação por coronavírus Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Inverno aumenta risco de contaminação por coronavírus Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

RIO — Um estudo da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, descobriu que a Covid-19 aumenta no inverno e diminui no verão — caso não haja vacina, nem medidas como distanciamento social.

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O trabalho, batizado de “Sazonalidade e incerteza nas taxas de crescimento globais do Covid-19” (tradução livre), é assinado pelo ecólogo Cory Merow e o biólogo Mark Urban.

“Prevemos que a Covid-19 oscilará entre os hemisférios Norte e Sul, com base principalmente na variação sazonal da radiação ultravioleta e da temperatura, sem intervenções contínuas como o distanciamento social”, afirma o texto.

O trabalho foi submetido em maio deste ano e publicado na última terça-feira pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

Segundo os pesquisadores, o clima explica 17% da variação nas taxas de crescimento da Covid-19. “Fatores não descritos no nível das unidades políticas foram tão importantes quanto o clima (19% de variação) e grande parte da variação (64%) permanece sem explicação”, diz o estudo.

Os pesquisadores indicam ainda que o período sem casos deve ser utilizado para a recuperação do sistema de saúde, desenvolvimento de medicamentos e vacinas e um retorno à atividade econômica.

Segundo o artigo, o modelo usado para análise demonstra que a taxa de crescimento de Covid-19 aumenta com redução da luz ultravioleta, altas temperaturas e menor umidade relativa.

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“A alta umidade também pode diminuir a sobrevivência viral, limitar a transmissão de partículas virais expelidas ou diminuir a resistência do hospedeiro. A luz ultravioleta mata efetivamente vírus como o Sars-CoV-1 (coronavírus que causa a Sars) e, portanto, os dias de sol podem diminuir ao ar livre transmissão ou promover resistência imunológica através da produção de vitamina D”, diz o texto.

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Por isso, preveem os cientistas, em setembro aumenta constantemente os riscos de surtos de Covid-19 no hemisfério Norte até atingir um pico em dezembro-janeiro, enquanto os riscos diminuem no hemisfério Sul.

As previsões do trabalho se confirmaram ao longo de 2020. A Europa, que havia conseguido controlar o surto, tem visto um aumento de casos desde o mês passado, enquanto o Brasil vê o movimento inverso.