Política Flávio Bolsonaro

MP do Rio denuncia mulher de Flávio Bolsonaro e filhas de Queiroz por rachadinha; veja a lista dos denunciados

Senador foi apontado como líder da organização criminosa, e ex-assessor, como o operador do esquema de corrupção
Flávio e Fernanda Bolsonaro Foto: Reprodução
Flávio e Fernanda Bolsonaro Foto: Reprodução

BRASÍLIA E RIO — Além do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou mais 15 pessoas acusadas de participarem do pagamento de "rachadinhas" na Assembleia Legislativa fluminense (Alerj), como a mulher do senador, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, e o chefe de gabinete dele, Miguel Ângelo Braga Grillo.

Relembre : As explicações de Flávio Bolsonaro e Queiroz sobre rachadinha na Alerj

A família do ex-assessor de Flávio também faz parte da lista de denunciados: a esposa de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar, e as filhas, Nathalia e Evelyn Melo de Queiroz, que foram lotadas no gabinete de Flávio Bolsonaro como deputado estadual e faziam repasses sistemáticos de dinheiro para a conta do ex-assessor.

O primeiro núcleo de denunciados, ligado diretamente a Queiroz, também é formado por por vizinhos e amigos indicados por ele como Agostinho Moraes da Silva, Jorge Luis de Souza, Sheila Coelha de Vasconcellos, Marcia Cristina Nascimento dos Santos, Wellington Sérvulo Romano da Silva, Flávia Regina Thompson Silva e Luiza Sousa Paes.

Relembre : As suspeitas que pairam sobre Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro

Como o GLOBO revelou, Luiza Sousa Paes apresentou aos investigadores extratos bancários e disse ter sido orientada a devolver a maior parte do que recebia . Foi a primeira vez que um ex-assessor admite o esquema ilegal no gabinete  do parlamentar.

Esses ex-assessores citados depositaram ao longo dos 11 anos R$ 2,06 milhões na conta bancária de Queiroz (69% do valor em dinheiro vivo). Além disso,  sacaram  R$ 2,9 milhões em espécie ao longo desse período.

No segundo grupo, constam Danielle Nóbrega e Raimunda Veras Magalhães, ex-mulher e mãe de Adriano Nóbrega, ex-capitão do Bope e líder do Escritório do Crime, milícia de Rio das Pedras, morto em fevereiro. Elas repassaram juntas para Queiroz um total de R$ 200 mil. Já as pizzarias de Raimunda ainda repassaram outros R$ 200 mil para Queiroz.

O corretor Glenn Dillard, responsável pela venda de dois imóveis ao senador, também foi um dos alvos da denúncia. Nas transações imobiliárias, o MP descobriu que o casal Flávio e Fernanda Bolsonaro declarou em cartório ter pago R$ 310 mil por dois apartamentos em Copacabana, em 2012. No entanto, o procurador dos proprietários, Glenn Dillard, depositou no mesmo dia da venda outros R$ 638,4 mil em dinheiro vivo na sua conta.

Ao todo o MP do Rio denunciou 17 pessoas.

Os 17 denunciados pelo Ministério Público
São acusados de operar esquema de rachadinha no gabinete na Alerj
Flávio
Bolsonaro
Segundo o MP, o atual senador foi o líder da organização criminosa em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), entre
2007 e 2018
Fernanda
Bolsonaro
Mulher de Flávio e sócia na loja de chocolates que seria usada para lavagem de dinheiro. De acordo com o MP, o casal omitiu R$ 350 mil investidos na loja
Miguel Ângelo
Braga Grillo
Chefe de gabinete de Flávio no Senado, função que já havia exercido na Alerj desde 2007. É coronel-aviador da reserva
da Aeronáutica
Fabrício Queiroz
Policial militar reformado, ele é apontado pelo MP como operador que arrecadava parte dos salários dos assessores e devolvia a Flávio, inclusive com pagamento de despesas pessoais
FUNCIONÁRIOS QUE, SEGUNDO O MP-RJ, REPASSAVAM
PARTE DOS SALÁRIOS
Márcia Aguiar
Atual mulher de Queiroz, foi presa preventivamente em julho. Foi funcionária por dez anos, até 2017. Repassou mais de R$ 445 mil ao marido
Nathália Queiroz
Personal trainer e filha de Queiroz, ficou nomeada no gabinete de Flávio de 2007 a 2016, e depois foi funcionária de Jair Bolsonaro na Câmara. Repassou R$ 633,4 mil para o pai, cerca de 80% dos salários
Evelyn Melo de Queiroz
Filha de Queiroz, esteve nomeada no gabinete de Flávio entre 2016 e janeiro de 2019. Repassou R$ 127,7 mil para
o pai
Agostinho
Moraes da Silva
Subtenente da Polícia Militar, foi nomeado em 2012 e repassou R$ 156,6 mil a Queiroz, alegando que seria um investimento em compra e venda de carros
Jorge Luís de Souza
Policial civil, ficou nomeado no gabinete de Flávio entre 2016 e 2018. Repassou R$ 128,3 mil a Queiroz, e depositou outros R$ 90 mil na conta da própria mãe
Sheila Coelho de Vasconcelos
Tia de Nathália e Evelyn Queiroz, esteve nomeada no gabinete entre 2009 e 2016. Repassou R$ 114,8 mil a Queiroz
Márcia Cristina N. dos Santos
Ficou nomeada no gabinete de Flávio entre março de 2015 e janeiro de 2019. Repassou R$ 68,3 mil para Queiroz
Wellington Sérvulo Romano da Silva
Tenente-coronel da PM, foi funcionário de abril de 2015 a setembro de 2016. Neste período, passou 248 dias em Portugal. Repassou R$ 3,2 mil a Queiroz
Flávia Regina Thompson Silva
Ficou nomeada no gabinete de Flávio de dezembro de 2005 até fevereiro de 2019, com salário médio de
R$ 7,6 mil, corrigidos
pela inflação
Luiza Sousa Paes
Em depoimento, admitiu que repassava a maior parte do salário na Alerj a Queiroz, em transferências que somaram cerca
de R$ 160 mil entre
2011 e 2017
Danielle Nóbrega
Ex-mulher do miliciano Adriano da Nóbrega, repassou mais de R$ 150 mil para Queiroz. Ficou nomeada no gabinete de Flávio de setembro de 2007 a novembro de 2018
Raimunda Veras
Magalhães
Mãe do miliciano Adriano da Nóbrega, repassou mais de R$ 52 mil para Queiroz. Ficou nomeada entre maio de 2016 e novembro de 2018. Nunca teve crachá na Alerj
OUTRO CASO
Glenn Dillard
Vendeu dois apartamentos a Flávio e Fernanda, com pagamento de R$ 310 mil em cheque e, no mesmo dia, fez um depósito de R$ 638 mil em dinheiro vivo, o que o MP considera um pagamento "por fora". Dois anos depois, Flávio teve lucro de R$ 800 mil ao revender os imóveis.
Os 17 denunciados pelo
Ministério Público
São acusados de operar esquema de rachadinha no gabinete na Alerj
Flávio Bolsonaro
Segundo o MP, o atual senador foi o líder da organização criminosa em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), entre
2007 e 2018
Fernanda Bolsonaro
Mulher de Flávio e sócia na loja de chocolates que seria usada para lavagem de dinheiro. De acordo com o MP, o casal omitiu R$ 350 mil investidos na loja
Miguel Ângelo
Braga Grillo
Chefe de gabinete de Flávio no Senado, função que já havia exercido na Alerj desde 2007. É coronel-aviador da reservada Aeronáutica
Fabrício Queiroz
Policial militar reformado, ele é apontado pelo MP como operador que arrecadava parte dos salários dos assessores e devolvia a Flávio, inclusive com pagamento de despesas pessoais
FUNCIONÁRIOS QUE, SEGUNDO O MP-RJ, REPASSAVAM
PARTE DOS SALÁRIOS
Márcia Aguiar
Atual mulher de Queiroz, foi presa preventivamente em julho. Foi funcionária por dez anos, até 2017. Repassou mais de R$ 445 mil ao marido
Nathália Queiroz
Personal trainer e filha de Queiroz, ficou nomeada no gabinete de Flávio de 2007 a 2016, e depois foi funcionária de Jair Bolsonaro na Câmara. Repassou R$ 633,4 mil para o pai, cerca de 80% dos salários
Evelyn Melo de Queiroz
Filha de Queiroz, esteve nomeada no gabinete de Flávio entre 2016 e janeiro de 2019. Repassou R$ 127,7 mil para
o pai
Agostinho
Moraes da Silva
Subtenente da Polícia Militar, foi nomeado em 2012 e repassou R$ 156,6 mil a Queiroz, alegando que seria um investimento em compra e venda de carros
Jorge Luís de Souza
Policial civil, ficou nomeado no gabinete de Flávio entre 2016 e 2018. Repassou R$ 128,3 mil a Queiroz, e depositou outros R$ 90 mil na conta da própria mãe
Sheila Coelho de Vasconcelos
Tia de Nathália e Evelyn Queiroz, esteve nomeada no gabinete entre 2009 e 2016. Repassou R$ 114,8 mil a Queiroz
Márcia Cristina N. dos Santos
Ficou nomeada no gabinete de Flávio entre março de 2015 e janeiro de 2019. Repassou R$ 68,3 mil para Queiroz
Wellington Sérvulo Romano da Silva
Tenente-coronel da PM, foi funcionário de abril de 2015 a setembro de 2016. Neste período, passou 248 dias em Portugal. Repassou R$ 3,2 mil a Queiroz
Flávia Regina Thompson Silva
Ficou nomeada no gabinete de Flávio de dezembro de 2005 até fevereiro de 2019, com salário médio de
R$ 7,6 mil, corrigidos
pela inflação
Luiza Sousa Paes
Em depoimento, admitiu que repassava a maior parte do salário na Alerj a Queiroz, em transferências que somaram cerca
de R$ 160 mil entre
2011 e 2017
Danielle Nóbrega
Ex-mulher do miliciano Adriano da Nóbrega, repassou mais de R$ 150 mil para Queiroz. Ficou nomeada no gabinete de Flávio de setembro de 2007 a novembro de 2018
Raimunda Veras
Magalhães
Mãe do miliciano Adriano da Nóbrega, repassou mais de R$ 52 mil para Queiroz. Ficou nomeada entre maio de 2016 e novembro de 2018. Nunca teve crachá na Alerj
OUTRO CASO
Glenn Dillard
Vendeu dois apartamentos a Flávio e Fernanda, com pagamento de R$ 310 mil em cheque e, no mesmo dia, fez um depósito de R$ 638 mil em dinheiro vivo, o que o MP considera um pagamento "por fora". Dois anos depois, Flávio teve lucro de R$ 800 mil ao revender os imóveis.

A denúncia foi protocolada no dia 19 de outubro pelo Ministério Público no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, mas a informação só foi tornada pública na madrugada desta quarta-feira. No documento de cerca de 300 páginas, Flávio é apontado como líder da organização criminosa, e Queiroz, como o operador do esquema de corrupção que funcionava no gabinete do senador. Ambos foram acusados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Após ser denunciado, o senador afirmou por meio de seus advogados que a denúncia "já era esperada, mas não se sustenta" e que a acusação "não passa de uma crônica macabra e mal engendrada".