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Brasil

Dinamarca matará 17 milhões de animais para evitar nova mutação de coronavírus

Estudos indicam que visons, animais semelhantes a doninhas, estão contraindo o Sars-CoV-2 em fazendas de pele e impedindo que pessoas com Covid-19 produzam anticorpos
Visons: animal comum no mercado de pele pode ser ameaça ao combate da Covid-19 Foto: Reprodução/Wikipedia
Visons: animal comum no mercado de pele pode ser ameaça ao combate da Covid-19 Foto: Reprodução/Wikipedia

RIO — A Dinamarca anunciou esta quarta-feira que vai sacrificar 17 milhões de visons (animais semelhantes a doninhas criados em fazendas para fabricação de casacos e outras peças de vestuário de pele) para evitar que uma nova mutação do coronavírus Sars-CoV-2 prejudique o desenvolvimento de vacinas.

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Um estudo preliminar revelou que a mutação descoberta no norte da Dinamarca impede que pessoas com Covid-19 produzam anticorpos. O anúncio foi feito pela primeira-ministra, Mette Frederiksen. A mutação foi descoberta após 12 pessoas contraírem Covid-19 de visons. Todos os animais do país serão sacrificados.

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O caso reforça o temor de que o coronavírus possa se espalhar em animais, o que dificultaria o combate da pandemia. Visons têm contraído o Sars-CoV-2 em fazendas de pele na Holanda, Espanha, Estados Unidos e Dinamarca, este último o maior produtor do mundo. Os dinamarqueses já haviam sacrificado um milhão de visons para conter o coronavírus, mas o governo decidiu que a medida foi ineficaz.

Os visons foram infectados por seres humanos, funcionários das fazendas de pele. Porém, cientistas dinamarqueses descobriram que o vírus sofreu uma mutação que permitiu que passasse de visons para pessoas.

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As 12 pessoas infectadas trabalhavam em fazendas de pele. Todas tiveram Covid-19, mas nenhuma adoeceu com gravidade. Porém, tiveram uma fraca resposta na produção de anticorpos.

Há ainda muito a esclarecer sobre a nova mutação. Não se sabe por que as pessoas infectadas não tiveram sintomas mais graves já que não produziram anticorpos suficientes contra o coronavírus.

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Tampouco foram informados detalhes sobre a capacidade de contágio da mutação. Mas o governo dinamarquês considerou a mutação preocupante o suficiente para não esperar mais tempo e arriscar que se espalhe.

—  Devido à descoberta dessa mutação que prejudica a produção de anticorpos contra o coronavírus, é necessária uma ação contundente. Teremos que matar todos os visons. Essa nova variante do coronavírus traz o risco de uma vacina não funcionar como deveria — afirmou a primeira-ministra dinamarquesa ao jornal britânico “Financial Times”.

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Kaare Molbak, um dos mais respeitados epidemiologistas da Dinamarca, disse que a decisão do governo de sacrificar todos os visons é acertada porque “no pior cenário, a pandemia poderia ter um recomeço, a partir da Dinamarca”.