Em mais um episódio de medição de forças, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, decidiu testar a blindagem dada por Bolsonaro e partiu pra cima do próprio governo, anunciando, quatro horas antes, que todas os brigadistas do Ibama cruzariam os braços a partir da meia-noite de ontem. Salles diz que não tem dinheiro nem para pagar a conta de luz e mandou parar tudo.
A notícia, que surpreendeu o governo, joga toda pressão sobre os militares e o vice-presidente Hamilton Mourão, que já havia dito que Salles foi precipitado, em anunciar a mesma medida em agosto, e que hoje é obrigado a dizer que o governo vai dar um jeito de liberar o dinheiro da pasta.
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Mourão é o chefe do Conselho Nacional da Amazônia e passou a liderar, com o Ministério da Defesa, as ações de combate ao desmatamento na Amazônia e no Pantanal. Com isso, concentra os recursos destinados a essas operações.
Bolsonaro tem passado a mão na cabeça do pupilo. Ele e seus filhos gostam do trabalho de Salles e sabem que dificilmente encontraria algum ministro do Meio Ambiente capaz de bancar todas as suas ideias e visões sobre o tema. Salles pode ser hoje um ministro quase que isolado na Esplanada dos Ministérios, pelo estilo beligerante de governar, mas tem o apoio do presidente, ao menos, por enquanto.