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Covid-19: Portugal decreta estado de emergência, Paris aumenta restrições e Grécia anuncia quarentena nacional

França já está com bloqueio em vigor, assim como a Inglaterra e parte da Itália; Noruega também aumenta medidas restritivas e pede para população ficar em casa
Homem caminha de máscara em frente a um café fechado em Paris, na França Foto: Joel Saget / AFP
Homem caminha de máscara em frente a um café fechado em Paris, na França Foto: Joel Saget / AFP

PARIS, ATENAS, LISBOA e OSLO — Uma semana após o governo francês impor uma nova quarentena , novas restrições foram anunciadas na capital, Paris, nesta quinta-feira. No mesmo dia, a Grécia determinou uma quarentena nacional de três semanas e Portugal decretou estado de emergência a partir de segunda-feira.

No caso da capital francesa, estabelecimentos que vendem comida e bebida para viagem precisarão fechar às 22h, disse a prefeita Anne Hidalgo em entrevista à emissora BFM TV.

A atual quarentena na França é diferente da imposta em abril. Agora, a maioria das escolas continua aberta, a realização de funerais não foi proibida e os serviços públicos continuam funcionando.

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A saída de casa também é permitida para uma hora diária de exercício, compra de bens essenciais e atendimento médico. Cidadãos cujos empregadores considerarem impossível o trabalho remoto também são autorizados a trabalhar fora de casa.

Apesar da quarentena, no entanto, autoridades francesas acreditam que mais medidas devem ser consideradas em Paris por causa do grande número de pessoas nas ruas da capital.

Uma fonte do governo disse à agência Reuters esta semana que "festas clandestinas, raves e jantares privados" estavam ocorrendo e que mais medidas eram necessárias.

— Quando há pessoas que não seguem as regras do jogo e, portanto, estão pondo em risco a saúde de um grande número de pessoas, é preciso pôr em prática novas restrições — disse a prefeita Anne Hidalgo.

Na quarta-feira, foram relatados na França 40.558 casos de Covid-19 e 385 mortes, elevando o número total de contaminações para cerca de 1,5 milhão e de óbitos para 38.674.

Em Portugal, a partir de segunda-feira, o país estará em estado de emergência sanitária por duas semanas. Isso irá permitir com que o governo aumente as medidas restritivas para tentar frear o avanço da Covid-19.

"A segurança jurídica das medidas adotadas ou que serão adotadas pelas autoridades competentes [...] exige a implementação de um estado de emergência de alcance muito limitado e de efeitos amplamente preventivos", diz o texto assinado pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que deverá ser aprovado pelo Parlamento na sexta-feira. Entre as medidas que o decreto permitirá está "a proibição de circular em via pública em certos períodos do dia ou em dias da semana".

Desde quarta-feira, sete de cada dez portugueses estão submetidos a um novo confinamento, menos rigoroso que o primeiro, durante pelo menos duas semanas em 121 dos mais de 308 municípios do país. O primeiro-ministro, Antonio Costa, não descarta determinar um toque de recolher.

Também na quarta-feira, houve um recorde de casos diários em Portugal desde o início da pandemia: 7.497 novos casos e 59 mortes. De acordo com a universidade americana Johns Hopkins, o total de infecções é de 161.350 e 2.740 óbitos.

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Já a Grécia determinou uma nova quarentena nacional de três semanas nesta quinta-feira por causa do aumento no número de casos de Covid-19.

— Decidi tomar medidas drásticas mais cedo — afirmou o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis.

O premier afirmara anteriormente que uma quarentena nacional era a última opção, mas disse que foi forçado a agir após o crescimento de infecções nos últimos cinco dias, alegando que sem um bloqueio a pressão sobre o sistema de saúde seria "insuportável".

De acordo com as novas restrições em todo o país, que entrarão em vigor a partir de sábado, todas as lojas de varejo serão fechadas, com exceção de supermercados e farmácias. Para sair de casa, os gregos precisarão de uma licença em horários determinados.

Escolas primárias permanecerão abertas, mas as aulas a partir da segunda metade do ensino fundamental passarão a ser remotas.

Na primeira onda da Covid-19, a Grécia foi menos afetada do que muitos outros países europeus, principalmente por causa da quarentena nacional imposta na época. No entanto, o ressurgimento do vírus foi "particularmente agressivo", segundo o principal assessor científico do governo, Sotiris Tsiodras.

Foram registradas 2.646 novas infecções nesta quarta-feira na Grécia, a maior quantidade diária desde o início da pandemia, elevando o número total para 46.892. Até o momento, 673 pessoas morreram por causa da Covid-19 no país.

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Na Noruega, o governo determinou que bares devem fechar até meia-noite e pediu aos cidadãos que fiquem em casa o máximo possível  e reduzam as interações sociais. Na semana passada, o país já havia aumentado as restrições relativas a reuniões e à entrada de trabalhadores estrangeiros no país por causa do aumento de casos da Covid-19.

— A situação é muito séria, e não temos tempo para esperar e ver se as medidas que introduzimos na semana passada são suficientes — disse a primeira-ministra Erna Solberg nesta quinta-feira.

Foram registrados 3.118 novos casos de Covid-19 na semana passada, em comparação a 1.718 na semana anterior. Desde o início da pandemia, a Noruega teve 22.953 infecções e 284 mortes.

Quarentena na Inglaterra e na Itália

Nesta quinta-feira, uma nova quarentena foi iniciada na Inglaterra . Bares, restaurantes e estabelecimentos essenciais terão que fechar sob a nova regulamentação, e as pessoas devem ficar em casa, com algumas exceções referentes a casos de educação, saúde e trabalho. As escolas permanecerão abertas.

A intenção das novas restrições é achatar a curva epidemiológica que, com a segunda onda da doença, atinge recordes de casos diários no país e na Europa. O Reino Unido, que tem o maior número de óbitos no continente — 47 mil já morreram pela doença desde o início da pandemia — já soma mais de 1,1 milhão de casos da Covid-19.

As restrições, no entanto, valem apenas para a Inglaterra. Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte têm suas próprias medidas restritivas.

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Já a Itália, a partir desta sexta-feira, será dividida em trêz zonas — vermelha, laranja e amarela — de acordo com a intensidade da pandemia. Entre as restrições, estão uma quarentena parcial de sua região mais rica e populosa, a Lombardia, ao redor de Milão, capital financeira do país, e um toque de recolher nacional entre 22h e 5h.

A divisão das zonas depende de uma série de fatores, incluindo taxas de infecção local e ocupação hospitalar, com restrições ajustadas de acordo com cada região. Nas zonas vermelhas, como a Lombardia, as pessoas só poderão deixar suas casas para trabalhar, por motivos de saúde ou em razão de emergências, e bares, restaurantes e a maioria das lojas estarão fechados.

O ensino presencial será mantido, com exceção das aulas do ensino médio, dos dois anos finais do ensino fundamental e das universidades, que serão transferidas para o modelo remoto. No entanto, ao contrário da quarentena nacional aplicada na Itália no primeiro semestre, todas as fábricas permanecerão abertas.