Por G1 AP — Macapá


Apagão no Amapá chega ao 7º dia com falhas em rodízio de energia

Apagão no Amapá chega ao 7º dia com falhas em rodízio de energia

O apagão no Amapá chega ao 7º dia nesta segunda-feira (9). Parte do fornecimento de energia em 13 dos 16 municípios do estado foi retomada no sábado (7), e o governo estabeleceu um rodízio do fornecimento de luz com duração de 6 horas, por regiões. A solução provisória é alvo de reclamações dos moradores, que apontam descumprimento do cronograma.

Com apenas 65% do sistema elétrico restabelecido, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) fixou rodízio para que o estado todo fosse contemplado. Porém, há locais onde a energia voltou por apenas 2 horas (leia mais abaixo).

Quase 90% da população do Amapá, o equivalente a 765 mil pessoas, ficou sem energia elétrica na última terça-feira (3), quando um incêndio atingiu a principal subestação do estado. Com a falta de eletricidade, houve problemas no fornecimento de água potável e nas telecomunicações, além de filas nos postos de combustíveis e prejuízos ao comércio.

Situação do Amapá, que sofre com apagão, está longe de ser normalizada

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O militar Marcelo Silva, de 40 anos, mora no bairro Marabaixo 3, na Zona Oeste de Macapá. Por lá, no rodízio, deveria ter energia das 6h às 12h e de 18h até meia-noite. No entanto, no domingo (8) foram mais de 12 horas sem o serviço.

“No meu bairro ficou sem energia das 18h de ontem até 6h30 de hoje. No meu local de trabalho chegou 4h30 da madrugada de hoje e 6h40 já foi embora. […] A gente tenta se organizar baseado no cronograma, mas não respeitam. O transtorno maior é não poder dormir, não conseguir descansar. É você não poder organizar a dispensa, ainda que tenha uma energia mínima, não dá pra fazer gelo, não dá pra congelar o almoço que vamos fazer amanhã porque corre risco de perder”, detalhou.

“É inadmissível nosso estado ser gerador de energia, com várias hidrelétricas, passar por uma situação dessa. O Amapá está mendigando energia”, acrescentou.

Estudante do Amapá diz que falhas no rodízio não a deixa organizar rotina durante apagão, como organizar compras de mercado da semana — Foto: Arquivo Pessoal

No bairro Muca, já na Zona Sul, o rodízio também deveria funcionar no mesmo horário que o Marabaixo 3. No entanto, na casa de uma estudante de 20 anos, que não quis ser identificada, só teve energia das 18h até 21h de domingo; voltou às 4h desta segunda-feira, mas duas horas depois o fornecimento foi interrompido.

“Eu acho isso um desrespeito, porque não dá pra se organizar. A gente não sabe se compra o almoço da semana porque não tem a segurança se dá pra conservar. Fora isso, os equipamentos podem queimar porque fica nesse liga e desliga”, afirmou.

O que diz a companhia de energia

O diretor-presidente da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), Marcos Pereira, disse que os problemas serão corrigidos a medida que os consumidores relatarem as falhas. "Lembrando que estamos a menos de 48 horas desde que o sistema se normalizou nessa condição especial de rodízio e há questões técnicas a serem enfrentadas", declarou.

"É um sistema complexo e que, só para desligar e religar em outra área, exige uma série de manobras que levam cerca de 30 minutos", justificou Pereira.

Apagão no Amapá: CEA raciona energia com rodízio para bairros e municípios

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Segundo o diretor-presidente, os consumidores precisam relatar o problema ao call center, através do número 116.

"Há problemas pontuais. Alguns problemas na rede elétrica ocorreram, como ocorreriam se a energia tivesse funcionando de forma normal. Pode ser que o consumidor esteja sofrendo alguns problemas que não são próprios do racionamento. Ele precisa se dirigir ao atendimento ou ao serviço de call center", disse.

Pereira explicou ainda que a distribuidora de energia conta com três transformadores de energia para atender o estado; um deles foi atingido por um raio, onde aconteceu o incêndio, atingiu o segundo e o terceiro, o de back up, estava parado para manutenção há quase um ano.

O terceiro equipamento, único que opera no momento teve a manutenção acelerada e agora opera o rodízio.

Transformador queimado foi recuperado no sábado (5), no Amapá — Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica

Serviços essenciais

Bairros e regiões no entorno de hospitais e de serviços essenciais em Macapá e Santana vão ter o fornecimento mantido 24 horas.

Atualmente, a energia que chega no estado é parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e ainda do que é produzido pela Usina Hidrelétrica de Coaracy Nunes, em Porto Grande, a 102 quilômetros de Macapá.

Eleições

Senador Randolfe Rodrigues fala sobre apagão que atingiu 13 cidades do Amapá

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De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a situação pode comprometer a eleição no estado no próximo fim de semana. A coligação que o partido dele integra entrou com pedidos no Ministério Público Eleitoral e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) pedindo o adiamento do pleito.

"Não vejo como termos as sessões eleitorais funcionando com um povo sem energia, com os amapaenses sem energia básica, TRE informa que vão ter urnas eletrônicas com baterias 24 horas, mas é paradoxal, estamos à mercê de ter uma enorme abstenção", disse.

Na sexta-feira (6), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou que as urnas eletrônicas têm autonomia para funcionarem até mesmo sem energia elétrica. O órgão também encaminhou no fim de semana mais 1,2 mil baterias novas para os equipamentos, a fim de assegurar a realização de eleições no estado no domingo, dia 15 de novembro.

"Isso permitirá que as urnas funcionem durante o processo de votação, que será das 7h às 17h no horário local. O TSE acompanha com atenção o problema da falta de energia no estado do Amapá, e os técnicos do tribunal estão à disposição para auxílio em quaisquer questões relacionadas ao processo eleitoral", pontuou.

ASSISTA abaixo o que foi destaque no AP:

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