Por Bárbara Carvalho, GloboNews


Domingo tem protestos antirracistas, após a morte de João Alberto em Porto Alegre

Domingo tem protestos antirracistas, após a morte de João Alberto em Porto Alegre

Cerca de 150 manifestantes protestaram na tarde deste domingo (22) na Zona Norte do Rio contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, o João Beto. O crime ocorreu três dias antes em um Carrefour de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O protesto pacífico começou às 14h em frente ao supermercado Carrefour do Norte Shopping, também na Zona Norte do Rio, saiu pelos corredores do centro comercial e seguiu pela Rua Dom Hélder Câmara, uma das principais da região, por volta de 17h.

Às 17h43, a manifestação foi encerrada sem nenhum episódio de violência. Os líderes pediram que os ativistas dispersassem e filmassem o retorno para casa, evitando eventuais represálias.

A Polícia Militar acompanhou a caminhada e tentou evitar a inscrição no asfalto da frase "Vidas pretas importam", mas se afastou do local.

Os ativistas levavam faixas com os dizeres "Vidas Negras Importam" e "Parem de nos Matar". Outra dizia: "Justiça para Beto! Carrefour tem as mãos sujas de sangue negro. Fora Bolsonaro e Mourão".

Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro disse que tensões raciais são importadas e "alheias" à história do país. O vice-presidente Hamilton Mourão lamentou a morte, mas afirmou que não há racismo no Brasil.

Cronologia da manifestação

O protesto começou em frente ao supermercado, diante de um portão fechado que dizia estar "em manutenção". O supermercado parou de funcionar e fechou todos os acessos.

Às 16h, os manifestantes começaram a circular pelo shopping, gritando "Assassino Carrefour". Clientes do shopping se juntaram ao grupo e passaram a circular com os ativistas.

Manifestantes começaram protesto em frente ao supermercado Carrefour do Norte Shopping e seguiram pela Dom Hélder Câmara — Foto: Bárbara Carvalho/GloboNews

Uma placa do Carrefour que dizia "estamos funcionando normalmente" foi pichada e transformada em "estamos matando normalmente".

Em meio ao protesto, uma cidadã branca pedia o fim da manifestação para que os empregos dos trabalhadores da loja fossem preservados. Em nota, o supermercado disse que compreende o protesto.

"O Carrefour entende que as manifestações que estão ocorrendo são legítimas. Nós compartilhamos do mesmo sentimento e estamos à disposição para criar um debate com a sociedade, buscando soluções para que casos como este não voltem a acontecer", diz o texto.

Manifestantes protestam na porta do Carrefour — Foto: Bárbara Carvalho/GloboNews

Relembre o caso

O espancamento de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi filmado por testemunhas (veja vídeo abaixo; as imagens são fortes). O cidadão negro foi espancado e morto por dois homens brancos.

Imagens mostram homem sendo agredido em supermercado de Porto Alegre

Imagens mostram homem sendo agredido em supermercado de Porto Alegre

Os dois suspeitos flagrados em vídeo — o policial militar Giovani Gaspar da Silva, de 24 anos, e o segurança Magno Braz Borges, de 30 anos — tiveram a prisão preventiva decretada. Eles são investigados por homicídio qualificado.

O advogado de Magno Braz, William Vacari Freitas, disse que não vai se posicionar sobre o caso, no momento. Já o advogado de Giovane Gaspar da Silva, David Leal, diz que o cliente afirma ter levado um soco da vítima, e que "se excedeu".

Ambos são funcionários de uma empresa terceirizada, a Vector Segurança. Em nota, a empresa disse que "se sensibiliza com os familiares da vítima e não tolera nenhum tipo de violência" e "iniciou os procedimentos para apuração interna"

No sábado, o presidente global do Carrefour, Alexandre Bompard, se pronunciou em uma rede social e pediu para que a rede de supermercados no Brasil faça “uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros, no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância”.

Ao afirmar que medidas foram tomadas em relação à empresa de segurança contratada, o executivo apontou que “essas medidas são insuficientes”.

“Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência”, disse o presidente global da rede de supermercados.

No Brasil, o Carrefour divulgou uma nota neste sábado dizendo que o dia 20 de novembro foi "o mais triste da história" da empresa e anunciando que, todo o resultado das vendas do último dia 20 das lojas Carrefour Hipermercados, será doado para entidades ligadas à luta pela consciência negra.

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