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NA CBN

Área econômica não se preparou para a piora da pandemia

A situação é complicada na saúde e na economia. Quem nega a realidade não se prepara para o pior cenário. Os sinais são de que agora o Brasil esteja entrando num período de agravamento da crise, mas o temor é que o improviso continue.

O ministro Paulo Guedes está cometendo os mesmos erros da primeira fase da Covid-19. Ele não reconhece que está piorando, citou ontem números de quedas de morte, mas o problema é que os sinais são de que já houve inversão. Sem reconhecer que o problema está se agravando o Ministério não pode se preparar para te cenário.

Os oito meses de crise teriam sido suficientes para corrigir os defeitos do auxílio emergencial e propor um programa social novo. Era possível também preparar ações para a eventualidade de uma segunda onda do vírus, que exija mais distanciamento social. Houve muitos erros no Auxilio Emergencial, falta de foco, por exemplo. Pessoas que precisavam não conseguiram receber, outras que não precisavam receberam. Até hoje não se sabe o custo dos desvios. Já era possível saber onde se errou. A imprensa contou casos de empresários que receberam o benefício, políticos, militares, servidores públicos. O governo tem possibilidade de cruzar os dados e verificar as falhas, mas não fez isso. O TCU fez um levantamento. Aquele erro inicial pode-se debitar ao improviso. Tudo ocorreu de repente, é verdade, mas mesmo assim perdeu-se tempo nas negativas.  

Guedes, em março, dizia que com R$ 5 bilhões ele acabaria com o vírus. Esse tipo de erro é responsável pelos problemas do auxílio emergencial. 

Outro erro é a análise feita sobre o emprego. O Ministério da Economia comemora a criação de empregos formais, mas deixa de considerar o mercado de trabalho como um todo. Hoje a “Folha de S. Paulo” traz um estudo do economista Bruno Ottoni que aponta para o menor nível de ocupação da população em idade de trabalhar, em torno de 47%. A participação já foi de 60%. Do início da crise até agora, foram perdidos 12 milhões de vagas de trabalho. A redução é drástica. O desemprego cresce mais lentamente porque só é considerado desocupado quem procurou e não encontrou emprego.     

O governo não tem plano para o pior cenário, apesar desses oito meses de crise. No ano que vem não haverá o chamado orçamento de guerra, que permitiu gastos maiores em 2020. A situação é grave na saúde e na economia.   

 


 

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