Comitê científico da prefeitura do Rio sugere retroceder algumas medidas de flexibilização
Entre as medidas que foram discutidas estaria o fechamento das praias e escolas, além do escalonamento do horário do comércio e bares. Reunião com o governo do estado decidirá ainda como serão impostas
Felipe Grinberg
02/12/2020 - 19:57
/ Atualizado em 02/12/2020 - 21:26
RIO — Especialistas que compõem o comitê científico da prefeitura do Rio sugeriram que o município adote novas medidas de isolamento social para conter o avanço da doença. Entre as medidas sugeridas está o fechamento de escolas, a proibição da presença de banhistas nas praias e o escalonamento do horário do comércio — entre eles bares e restaurantes. A informação foi divulgada primeiramente pela TV Globo.
As medidas ainda são sugestões porque nesta quinta-feira deve ocorrer um encontro entre o prefeito Marcelo Crivella e o governador em exercício Claudio Castro para alinhar os detalhes das novas medidas. Desde o afastamento de Wilson Witzel, o diálogo entre prefeitura e governo estadual melhorou e parte das medidas de flexibilização já foram divulgadas após os dois entes entrarem em um acordo.
— Está é uma maneira de evitar confusão no cidadão. Antes algumas medidas tomadas pelo governo do estado entravam em conflito com as decididas pela prefeitura — diz uma fonte que participou da reunião.
Uma das preocupações levantadas pelo comitê foi o transporte público. Por isso uma das principais sugestões foi escalonar os horários de funcionamento do comércio para evitar as aglomerações nos modais.
Fiocruz alerta que Saúde do Rio volta a apresentar 'sinais de colapso'
Um dos recortes utilizados pelos especialistas da Fiocruz para chegar à conclusão foi a proporção de mortes em domicílio na capital até dia 20 de novembro de 2020 em comparação aos três anos anteriores. Atualmente, a proporção dos óbitos em casa está na casa dos 15%, enquanto a média para esse período foi de cerca de 12%. A proporção de novembro é maior inclusive do registrado na cidade no pico da pandemia.
Além de mortes que possam ser causadas diretamente pelo vírus, os especialistas apontam que muitas foram causadas por doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, o que seria indiretamente provocadas pela pandemia, por conta da restrição do acesso à saúde.
"Nos anos anteriores, havia uma média de 12,7% de óbitos que ocorriam nos domicílios. Esse padrão foi ultrapassado de março a maio de 2020. De maio a outubro houve uma redução do indicador, mas em outubro e novembro os valores voltaram a subir, chegando a 15% em novembro, o que pode demonstrar a incapacidade de diagnóstico e de internação de casos graves, tanto de doenças crônicas, quanto de Covid-19", diz trecho da nota técnica.
Outro dado analisado pelo grupo de estudos foi o local do óbito em geral, tenha a pessoa sido hospitalizada ou não. Os especialistas concluíram que do total de mortes no Rio pelo coronavírus, somente 40% foi em uma UTI. "Provavelmente mais da metade da população que veio a óbito por Covid-19 no município sequer teve a chance de receber atendimento intensivo", afirmam.