Rio Coronavírus

Comitê científico da prefeitura do Rio sugere retroceder algumas medidas de flexibilização

Entre as medidas que foram discutidas estaria o fechamento das praias e escolas, além do escalonamento do horário do comércio e bares. Reunião com o governo do estado decidirá ainda como serão impostas
Forte calor no Rio é marcado por aglomerações em praias nesta segunda-feira Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Forte calor no Rio é marcado por aglomerações em praias nesta segunda-feira Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RIO — Especialistas que compõem o comitê científico da prefeitura do Rio sugeriram que o município adote novas medidas de isolamento social para conter o avanço da doença. Entre as medidas sugeridas está o fechamento de escolas, a proibição da presença de banhistas nas praias e o escalonamento do horário do comércio — entre eles bares e restaurantes. A informação foi divulgada primeiramente pela TV Globo.

As medidas ainda são sugestões porque nesta quinta-feira deve ocorrer um encontro entre o prefeito Marcelo Crivella e o governador em exercício Claudio Castro para alinhar os detalhes das novas medidas. Desde o afastamento de Wilson Witzel, o diálogo entre prefeitura e governo estadual melhorou e parte das medidas de flexibilização já foram divulgadas após os dois entes entrarem em um acordo.

— Está é uma maneira de evitar confusão no cidadão. Antes algumas medidas tomadas pelo governo do estado entravam em conflito com as decididas pela prefeitura — diz uma fonte que participou da reunião.

Uma das preocupações levantadas pelo comitê foi o transporte público. Por isso uma das principais sugestões foi escalonar os horários de funcionamento do comércio para evitar as aglomerações nos modais.

Fiocruz alerta que Saúde do Rio volta a apresentar 'sinais de colapso'

Uma nota técnica divulgada pelo Monitora Covid-19, grupo de estudos da Fiocruz, alerta que a rede de saúde pública da cidade do Rio "voltou a apresentar sinais de colapso". Nesta terça-feira, 168 pessoas aguardavam por um leito de UTI na região metropolitana , que além da capital contempla a Baixada Fluminense. Na rede privada a situação também é preocupante, já que 98% dos leitos de terapia intensiva da cidade do Rio estão ocupados .

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Um dos recortes utilizados pelos especialistas da Fiocruz para chegar à conclusão foi a proporção de mortes em domicílio na capital até dia 20 de novembro de 2020 em comparação aos três anos anteriores. Atualmente, a proporção dos óbitos em casa está na casa dos 15%, enquanto a média para esse período foi de cerca de 12%. A proporção de novembro é maior inclusive do registrado na cidade no pico da pandemia.

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Além de mortes que possam ser causadas diretamente pelo vírus, os especialistas apontam que muitas foram causadas por doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, o que seria indiretamente provocadas pela pandemia, por conta da restrição do acesso à saúde.

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"Nos anos anteriores, havia uma média de 12,7% de óbitos que ocorriam nos domicílios. Esse padrão foi ultrapassado de março a maio de 2020. De maio a outubro houve uma redução do indicador, mas em outubro e novembro os valores voltaram a subir, chegando a 15% em novembro, o que pode demonstrar a incapacidade de diagnóstico e de internação de casos graves, tanto de doenças crônicas, quanto de Covid-19", diz trecho da nota técnica.

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Outro dado analisado pelo grupo de estudos foi o local do óbito em geral, tenha a pessoa sido hospitalizada ou não. Os especialistas concluíram que do total de mortes no Rio pelo coronavírus, somente 40% foi em uma UTI. "Provavelmente mais da metade da população que veio a óbito por Covid-19 no município sequer teve a chance de receber atendimento intensivo", afirmam.