Política Eleições 2020

Abstenção cresce no segundo turno, e taxa já é a maior ao menos desde 2000

Taxa de eleitores que não foram às urnas neste domingo superou a do primeiro turno; Rio e São Paulo têm índice acima de 30%
Escola Municipal Ubaldo de Oliveira, em Bangu, Zona Oeste do Rio, durante votação do segundo turno Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
Escola Municipal Ubaldo de Oliveira, em Bangu, Zona Oeste do Rio, durante votação do segundo turno Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

RIO — A abstenção foi maior no segundo turno das eleições municipais deste domingo na comparação com pleitos anteriores. Ao todo, 29,5% do eleitorado brasileiro não foram às urnas, mantendo a tendência de alta do não comparecimento registrada no primeiro turno. A taxa é a maior desde ao menos 2000, quando a abstenção ficou em 16,2%.

São pouco mais de 11,3 milhões de eleitores que não optaram por um candidato a prefeito nas 57 cidades com segundo turno. Em 2016, 21,6% não compareceram no segundo turno, o equivalente a 7,1 milhões de eleitores.

Se comparado ao primeiro turno, há aumento no número de brasileiros que não compareceram. No último dia 15, 23,14% dos eleitores não foram às urnas.

O crescimento da abstenção, como no primeiro turno, já era aguardado por cientistas políticos e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em virtude das limitações de mobilidade causadas pela pandemia de Covid-19.

— É um número maior do que nós desejaríamos, mas é preciso ter em linha de conta que nós realizamos eleições no meio de uma pandemia e que muitas pessoas deixaram de votar, muitas por estarem com a doença, muitas por estarem com sintomas e muitas por estarem com medo. O ideal era que a abstenção fosse menor. As consequências do não comparecimento na verdade são pequenas. Realizar eleições no meio da pandemia com mais de 70% de comparecimento não deixa de ser um dado a ser celebrado — disse o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso.

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Na maioria das capitais com resultados anunciados, houve crescimento da abstenção na comparação com a última eleição de segundo turno. O maior índice foi registrado em Goiânia, onde a abstenção somou 36% do eleitorado.  Ao todo em 27 cidades, a taxa foi superior a 30%.

No Rio, a abstenção ficou em 35,5%. Há quatro anos, 26% não compareceram na cidade. Em São Paulo, o percentual foi de 30,8%. Em 2012, último pleito em que a capital paulista teve segundo turno, esse índice ficou em 20%.

Em números absolutos, o não comparecimento no Rio foi maior que a votação de Eduardo Paes (DEM), que foi eleito prefeito. Foi 1,6 milhão de votos no candidato do DEM, enquanto 1,7 milhão de eleitores não foram às urnas. Em São Paulo, 2,7 milhões de eleitores não votaram, número superior ao total de votos em Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu apoio de 2,16 milhões de eleitores e ficou em segundo lugar.

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Em Belém e Cuiabá, a abstenção foi menor que em 2016. A cidade paraense registrou taxa de 20,7%, o menor percentual entre as capitais. Em 2016, 21,2% não compareceram. Na capital do Mato Grosso, a abstenção somou 24,8%, próximo ao patamar da última eleição. No primeiro turno, a cidade também não registrou mudança significativa no índice. Vitória da Conquista (BA), Caucaia (CE) e Feira de Santana (BA) tiveram as menores taxas de abstenção, de 18%.