Indicado para a chefia da representação brasileira em Genebra, diplomata Fabio Marzano — Foto: Pedro França/Agência Senado
O Senado rejeitou nesta terça-feira (16) por 37 votos a 9 a indicação do diplomata Fabio Mendes Marzano para o cargo de delegado permanente do Brasil em Genebra, na Suíça, para integrar missão junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Houve uma abstenção na votação secreta.
A sabatina de Marzano ocorreu nesta segunda-feira (15), em reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Na ocasião, o diplomata não respondeu a um questionamento da senadora Kátia Abreu (PP-TO).
A parlamentar perguntou se a questão ambiental pode ser usada como "barreira" ou "dificuldade" pelos produtores rurais europeus com objetivo de impedir o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE).
Marzano afirmou que a delegação em Genebra "não se ocupa de temas ambientais" e nem do tratado entre os países sul-americanos e a UE. Ele ponderou que o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) é o principal organismo da região. "Não é atribuição da minha secretaria atual", esclareceu o diplomata.
Kátia Abreu reagiu dizendo que lamentou a recusa de Marzano de abordar o tema. Para ela, o Itamaraty pode estar se transformando em uma "casa de terrores" porque os "embaixadores não podem dar sua opinião".
Essa foi uma rara decisão do plenário em se tratando de indicação de diplomatas. Em 2015, a Casa rejeitou a indicação de Guilherme Patriota para o cargo de representante permanente do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Associação defende diplomata
Em nota divulgada nesta quarta, a Associação dos Diplomatas Brasileiros defendeu o perfil de Fábio Marzano – que é vice-presidente da entidade.
No comunicado, a associação diz "reconhecer e respeitar a soberania e o empenho do Senado Federal na realização das sabatinas", mas manifesta "total e irrestrito apoio" a Marzano e "sublinha o gesto de cuidado e profissionalismo do Embaixador que não quis desrespeitar os senadores presentes à sabatina e ignorar a tradição diplomática brasileira".
"Teria negligenciado ambos, caso respondesse a temas não pertinentes à sua atual e futura competência. No MRE as designações de Embaixadores para representações no exterior respeitam delimitações funcionais e hierárquicas. Um diplomata opina e se manifesta sobre os temas sobre os quais tem responsabilidade, na qualidade de representante, negociador e profissional capacitado para colher e difundir informações da mais alta qualidade", diz a entidade.
"Lamentamos que os senadores não tenham tido a oportunidade de conhecer melhor o diplomata, cuja indicação recusaram", prossegue a nota assinada pela presidente da entidade, embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues.