Por Sara Resende e Gustavo Garcia


Indicado para a chefia da representação brasileira em Genebra, diplomata Fabio Marzano — Foto: Pedro França/Agência Senado

O Senado rejeitou nesta terça-feira (16) por 37 votos a 9 a indicação do diplomata Fabio Mendes Marzano para o cargo de delegado permanente do Brasil em Genebra, na Suíça, para integrar missão junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Houve uma abstenção na votação secreta.

A sabatina de Marzano ocorreu nesta segunda-feira (15), em reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Na ocasião, o diplomata não respondeu a um questionamento da senadora Kátia Abreu (PP-TO).

A parlamentar perguntou se a questão ambiental pode ser usada como "barreira" ou "dificuldade" pelos produtores rurais europeus com objetivo de impedir o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE).

Marzano afirmou que a delegação em Genebra "não se ocupa de temas ambientais" e nem do tratado entre os países sul-americanos e a UE. Ele ponderou que o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) é o principal organismo da região. "Não é atribuição da minha secretaria atual", esclareceu o diplomata.

Kátia Abreu reagiu dizendo que lamentou a recusa de Marzano de abordar o tema. Para ela, o Itamaraty pode estar se transformando em uma "casa de terrores" porque os "embaixadores não podem dar sua opinião".

Associação defende diplomata

Em nota divulgada nesta quarta, a Associação dos Diplomatas Brasileiros defendeu o perfil de Fábio Marzano – que é vice-presidente da entidade.

No comunicado, a associação diz "reconhecer e respeitar a soberania e o empenho do Senado Federal na realização das sabatinas", mas manifesta "total e irrestrito apoio" a Marzano e "sublinha o gesto de cuidado e profissionalismo do Embaixador que não quis desrespeitar os senadores presentes à sabatina e ignorar a tradição diplomática brasileira".

"Teria negligenciado ambos, caso respondesse a temas não pertinentes à sua atual e futura competência. No MRE as designações de Embaixadores para representações no exterior respeitam delimitações funcionais e hierárquicas. Um diplomata opina e se manifesta sobre os temas sobre os quais tem responsabilidade, na qualidade de representante, negociador e profissional capacitado para colher e difundir informações da mais alta qualidade", diz a entidade.

"Lamentamos que os senadores não tenham tido a oportunidade de conhecer melhor o diplomata, cuja indicação recusaram", prossegue a nota assinada pela presidente da entidade, embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues.

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