Por BBC


O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deixa a Corte de Magistrados de Westminster, em Londres, em 13 de janeiro de 2020 — Foto: Reuters/Simon Dawson

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, não pode ser extraditado para os Estados Unidos, decidiu um tribunal de Londres.

A juíza responsável por analisar o caso bloqueou o pedido devido a preocupações com a saúde mental de Assange e o risco de suicídio nos EUA.

A extradição de Assange, de 49 anos, foi requisitada pelo governo americano pela publicação de milhares de documentos secretos do governo americano em 2010 e 2011.

Os EUA, que vão recorrer da decisão, afirmam que os vazamentos infringiram a lei e colocaram vidas em risco. Assange apelou contra a extradição e disse que o caso tem motivação política.

Reino Unido nega pedido de extradição de Julian Assange para os EUA

Reino Unido nega pedido de extradição de Julian Assange para os EUA

A juíza distrital Vanessa Baraitser decidiu que, embora os promotores dos EUA cumpriram as exigências para que Assange fosse extraditado para julgamento, o governo americano não seria capaz de impedi-lo de tentar tirar a própria vida.

Ela mostrou evidências de sua automutilação e pensamentos suicidas e disse: "A impressão geral é de um homem deprimido e às vezes desesperado, temeroso por seu futuro."

E acrescentou: "Confrontada com as condições de isolamento quase total sem os fatores de proteção que limitaram seu risco no HMP Belmarsh (prisão de segurança máxima em Londres), estou convencida de que os procedimentos descritos pelos EUA não impedirão o Sr. Assange de encontrar uma maneira de cometer suicídio e por esta razão decidi que a extradição seria opressiva por motivo de dano mental e ordeno seu arquivamento."

Se condenado nos EUA, Assange pode ter que cumprir até 175 anos de prisão, disseram seus advogados. No entanto, o governo dos EUA afirmou que a sentença provavelmente duraria entre quatro e seis anos.

Assange enfrenta acusações por 18 crimes pelo governo americano. Ele é acusado de conspirar para hackear bancos de dados militares dos EUA de modo a obter informações secretas confidenciais relacionadas às guerras do Afeganistão e do Iraque, que foram publicadas no site Wikileaks.

Ele alega que a informação expôs abusos cometidos pelos militares dos EUA.

Mas os promotores americanos afirmam que o vazamento de material sigiloso colocou vidas em risco, e por isso os EUA buscaram sua extradição do Reino Unido, onde ele está atualmente sob custódia na prisão de Belmarsh.

Extradição é o processo pelo qual um país pode pedir a outro a transferência de um suspeito para ser julgado.

Assange foi preso por 50 semanas em maio de 2019 por violar suas condições de fiança depois de se esconder na embaixada do Equador em Londres.

Ele se refugiou na embaixada por sete anos, de 2012 até ser preso, em abril de 2019.

Na época em que fugiu para a embaixada, ele enfrentava extradição para a Suécia sob alegações de agressão sexual, o que ele negava. Esse caso foi posteriormente arquivado.

VÍDEOS mais vistos da semana

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!