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Bolsonaro culpa governador e prefeito por falta de oxigênio no Amazonas para pacientes de Covid-19

Governos locais rebateram acusação e pediram cooperação do Executivo federal
O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Adriano Machado/Reuters/12-01-2021
O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Adriano Machado/Reuters/12-01-2021

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro responsabilizou nesta terça-feira o governo estadual do Amazonas e a prefeitura de Manaus por, segundo ele, "deixar acabar" o oxigênio que seria destinado aos pacientes de Covid-19. Bolsonaro disse que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, viajou na segunda-feira para Manaus para "interferir" na situação local, que segundo ele estava um "caos".

Bolsonaro afirmou que o número de mortos na região "aumentou assustadoramente" devido à não aplicação do "tratamento precoce" — nome dado pelo governo federal ao tratamento com base em remédios sem eficácia contra o coronavírus.

— Mandamos ontem o nosso ministro da Saúde para lá. Estava um caos. Não faziam tratamento precoce. Aumentou assustadoramente o número de mortes. E mortes por asfixia, porque não tinha oxigênio. O governo estadual e municipal deixou acabar o oxigênio. É morrendo asfixiado. Imagina você morrendo afogado. Fomos para lá e ele interferiu. Estão falando já que "interferiu...". Então vai deixar o pessoal morrer? — disse Bolsonaro em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada.

Bolsonaro reconheceu que remédios como a hidroxicloroquina e ivermectina não tem eficácia comprovada contra o coronavírus, mas disse que decisão sobre tomar é de cada um:

— É igual quando falam da hidroxicloroquina, da ivermectina, tem ainda alguns que falam: "não tem comprovação científica". Eu sempre falei que não tinha. Quem não quer tomar, que não tome.

Entretanto, a colunista Ruth de Aquino mostrou que o Ministério da Saúde enviou um ofício para a secretaria municipal de Saúde afirmando que é "inadmissível" a não aplicação do "tratamento precoce".

Em nota, tanto o governo do Amazonas quanto a prefeitura de Manaus rebatarem a acusação de negligência e pediram a colaboração entre os três níveis de governo.

O governo do Amazonas afirmou que a demanda por oxigênio "cresceu 382,9%, saindo de 176 mil para 850 mil metros cúbicos por mês" e que a administração "montou uma força-tarefa para ampliar o abastecimento de oxigênio na rede estadual de saúde, o que garantiu que, em nenhum momento, houvesse desabastecimento do produto".

O texto diz que o governador Wilson Lima "tem dialogado permanentemente com o ministro da Saúde para articular apoio do governo federal" e que ele entende que a responsabilidade pela saúde pública "deve ser compartilhada numa gestão tripartite em que cada ente deve se dedicar à sua competência"

Já a prefeitura de Manaus alegou que o prefeito David Almeida assumiu o cargo há apenas 12 dias e que desde então vem tomando medidas para "desafogar a alta demanda nos hospitais de média e alta complexidade, gerenciados pelo Governo do Amazonas, a partir do diagnóstico e do tratamento precoce". A nota afirma que o prefeito "defende a união de forças e a articulação entre os governos (federal, estadual e municipal) para fortalecer a rede para que mais vidas sejam salvas".