Brasil

Encontrada na Irlanda vala comum com corpos de cerca de 800 crianças

Descoberta macabra estava no interior de ex-instituição católica para mães solteiras, e primeiros testes de DNA sugerem que vítimas de 35 semanas a três anos de idade morreram entre 1925 e 1961

Foto de arquivo tirada em 9 de junho de 2014 mostra placa em santuário dedicado às crianças enterradas no local que recebia mulheres solteiras grávidas em Tuam, Noroeste da Irlanda
Foto:
AFP/PAUL FAITH
Foto de arquivo tirada em 9 de junho de 2014 mostra placa em santuário dedicado às crianças enterradas no local que recebia mulheres solteiras grávidas em Tuam, Noroeste da Irlanda Foto: AFP/PAUL FAITH

LONDRES – Uma vala comum com os restos mortais de cerca de 800 crianças foi encontrada no interior de uma ex-instituição católica para mães solteiras no Noroeste da Irlanda. Depois de anos de denúncias e suspeitas sobre casos do tipo na História recente do país, esta é uma prova contundente de sua ocorrência, afirmou um grupo de especialistas com base na análise dos atestados de óbito das vítimas.

Os primeiros testes de DNA realizados nos ossos sepultados sugerem que os restos são de crianças entre 35 semanas e três anos de idade falecidos no período em que a instituição estava em funcionamento, entre 1925 e 1961, mas mais especialmente durante os anos 1950. A descoberta é resultado dos trabalhos de uma comissão de investigação sobre as “casas” para jovens mães solteiras administradas por freiras que alojavam mulheres que tinham filhos fora do casamento na Irlanda.

A vala comum foi achada na cidade de Tuam, no condado de Galway, e as escavações no local tiveram início em outubro do ano passado. O caso foi denunciado por um antigo morador local e logo a Igreja Católica irlandesa fez um “mea culpa” por sua gestão destes centros para mães solteiras, colaborando para a revelação destes episódios macabros depois de anos de segredo e acobertamentos.

A “casa” de Tuam também não era a única em funcionamento na Irlanda na época. Segundo dados históricos, havia pelo menos uma dezena destas instituições para as quais foram enviadas cerca de 35 mil mulheres solteiras grávidas para ficarem “isoladas” do resto da sociedade.

As investigações mostraram ainda que as crianças que viviam nestes locais sofriam com desnutrição, doenças e miséria, registrando altos índices de mortalidade. Muitas das crianças não sobreviviam a estes tormentos e, uma vez mortas, seus corpos eram colocados em valas comuns, sem indicações sobre sua identidade.

Em um comunicado, a comissão responsável pela investigação manifestou sua “comoção” pelo que foi descoberto até agora e pediu a intervenção das autoridades competentes para dar um destino digno para os restos mortais das crianças.