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Bolsonaro muda discurso e passa a defender vacina e compra por empresas

Presidente afirmou ser favorável à aquisição de 33 milhões de doses pelo setor privado, com doação de metade para o SUS
O presidente Jair Bolsonaro participa de evento com investidores Foto: Marcos Corrêa/Presidência
O presidente Jair Bolsonaro participa de evento com investidores Foto: Marcos Corrêa/Presidência

BRASÍLIA — Após passar meses colocando em dúvida a eficácia de vacinas contra a Covid-19 , o presidente Jair Bolsonaro mudou seu discurso e afirmou, nesta terça-feira, que os imunizantes são importantes para que a "economia não deixe de funcionar". Bolsonaro também se disse favorável à compra de 33 milhões de doses de vacinas por empresas.

— Brevemente estaremos nos primeiros lugares (de vacinação no mundo). Para dar mais conforto à população, segurança a todos e de modo que a nossa economia não deixe de funcionar — disse Bolsonaro durante um evento promovido por um banco.

O presidente citou um dado incorreto em seu discurso, dizendo que o Brasil é o sexto país no mundo que mais vacinou. De acordo com o site Our World In Data, ao menos 13 países aplicaram mais doses que o Brasil. Em número de pessoas que receberam ao menos uma dose, ao menos oito países estão na frente.

. A Secretaria de Comunicação Social (Secom) informou que o dado é referente à média dos últimos sete dias.

No mesmo discurso, Bolsonaro confirmou ter dado aval à uma compra, por um grupo de empresas, de 33 milhões de doses da vacina produzida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca. A ideia é doar metade das doses para o governo federal.

— Semana passada, fomos procurados por um representante de empresários e assinamos uma carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da (vacina de) Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil, a custo zero para o governo. E metade dessas doses, 16,5 milhões, entraria para o SUS e estaria no Programa Nacional de Imunizações, segundo aqueles critérios. E outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários, para que fossem vacinados os seus empregados, para que a economia não parasse.

O presidente disse que estimula a ideia porque "ajudaria em muito a economia". A negociação, entretanto, dividiu executivos .

— Quero deixar bem claro que o governo federal é favorável a esse grupo de empresários para levar adiante a sua proposta, trazer vacina para cá, a custo zero para o governo federal, para imunizar então 33 milhões de pessoas. O que puder essa proposta ir à frente, nós estaremos estimulando. Pois, com 33 milhões de doses de graça, ajudaria em muito a economia e aqueles também que por ventura queiram se vacinar — afirmou.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro também voltou a defender o "tratamento precoce" contra a Covid-19, mesmo admitindo que não existe eficácia comprovada. E atribuiu a isso uma mudança na posição do Brasil na lista de países com mais mortes, por milhão de habitantes, pela doença.

Sem evidências, o presidente ainda afirmou que mortes que não foram causadas pela Covid-19 são registradas como se fossem pela doença.

— Há poucos meses nós éramos o quarto país em mortes por milhão de habitantes. Hoje, somos o 26º. Alguma coisa aconteceu. Até que pesem muitos laudos, né, que são forçados, dados como se Covid fosse, na verdade nós sabemos que não é. Mas vamos supor que todos os laudos fossem verdadeiros. No Brasil realmente cada vez mais morre menos gente por milhão de habitantes.