Um parecer da recém-fundada Associação de Médicos Católicos de São Paulo está causando polêmica na Arquidiocese de São Paulo. Ele diz que “a maioria das vacinas” usam “células tronco originárias de fetos abortados”. E por isso são “inaceitáveis do ponto de vista ético”.
CRUZ
Afirma ainda que os imunizantes contra a Covid-19 não passaram por estudos de genotoxicidade —que descarta a possibilidade de causarem mutações no DNA.
SINAL
Religiosos da arquidiocese condenam o documento por temer que ele desestimule católicos a tomarem a vacina. O próprio dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, já se manifestou a favor da vacinação. E o papa Francisco já foi imunizado.
SINAL 2
A associação, que está instalada em uma sala da Mitra Arquidiocesana, no bairro de Higienópolis, foi fundada sob as bênçãos de Scherer. E diz que fez o parecer para a arquidiocese a pedido do padre João Inácio Milder, capelão do hospital Emílio Ribas e assessor eclesiástico da Pastoral de Saúde.
TÉCNICO
Ela é presidida por um anestesista, Harold Barretto, que afirma que o parecer não condena quem toma a vacina —mas apenas faz observações técnicas.
FALSO
As informações do documento são desmentidas de forma contundente por cientistas. “É totalmente infundado. É até difícil de responder porque é totalmente fake news”, diz o virologista Thiago Moreno Souza, da Fiocruz.
FALSO 2
“Não existe teste em células tronco para desenvolver vacina”, afirma ele. “Além disso, a informação sobre fetos embrionários é obsoleta. Hoje já é possível usar células-tronco induzidas a partir de células de um adulto, com consentimento”, completa.
OFICIAL
O Instituto Butantan também informa que não há uso de células-tronco no desenvolvimento da Coronavac.
SEM MAIS
Já as afirmações sobre testes de genotoxicidade também estão erradas, diz o professor João Calixto, coordenador do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (Cienp).
TODO LADO
“No caso de vacinas, a legislação internacional não recomenda os testes, simplesmente porque depois de muitos anos de uso mostrou-se que elas atuam na superfície das células e não têm capacidade de causar danos no DNA responsáveis pelas mutações”, afirma ele.
QUARENTENA
com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO
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