Política Brasília

Simone confirma perda de apoio do MDB e lança candidatura independente no Senado

Emedebistas finalizam nesta quinta-feira as tratativas por cargos com o atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Simone Tebet (MDB-MS) é candidata à presidência do Senado Foto: Agência Senado 07/10/2019
Simone Tebet (MDB-MS) é candidata à presidência do Senado Foto: Agência Senado 07/10/2019

BRASÍLIA — Sem apoio do próprio partido, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) anunciou na tarde desta quinta-feira que seguirá de forma independente na disputa pelo comando do Senado. Em conversa com jornalistas, Simone confirmou que o MDB finaliza neste momento as tratativas com o atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por uma aliança com o DEM, que tem Rodrigo Pacheco (MG) como candidato . Ela disse que mantém as alianças já firmadas com o Podemos, Cidadania e PSB.

— Recebi uma ligação hoje do líder do MDB, Eduardo Braga, me liberando de qualquer compromisso, considerando que (os emedebistas) estão em tratativas com o presidente do Senado, ainda em andamento, por uma possível composição. O MDB me comunicou que estou liberada. Deixo de ser candidata pelo MDB e passo a ser candidata independente — disse Simone em coletiva de imprensa no Congresso.

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Conforme apurou o GLOBO, um dos principais pontos da negociação com Alcolumbre envolve o MDB ocupar a vice-presidência do Senado nos próximos dois anos, caso Pacheco vença a disputa. Neste cenário, os emedebistas têm os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra (PE), e do Congresso, Eduardo Gomes (TO), como cotados ao posto. Outro nome ventilado é o do senador Veneziano Vital do Rêgo (PB), que manteve proximidade com o DEM nos bastidores desde o início da campanha.

Além disso, os emedebistas também pretendem ocupar a segunda secretaria da Mesa Diretora e negociam ainda a presidência de um dos principais colegiados da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), atualmente ocupada por Simone. O comando da CCJ, no entanto, também é cobiçado pelo próprio Alcolumbre.

Alguns caciques do MDB, que possui a maior bancada da Casa, com 15 senadores, criticaram a decisão do partido de desistir da candidatura própria. Ao GLOBO, o senador Renan Calheiros (AL) classificou o movimento como "ridículo":

— Eu não concordo. Essa negociação é ridícula para o maior partido da casa. Eu não estou reconhecendo o MDB, que de protagonista passa a negociar um papel secundário. Já anunciei o meu voto e vou votar na Simone. Isso que está acontecendo é uma inversão do papel do MDB.

Ao abandonar a candidatura de Simone, parte dos emedebistas relatou frustração com os apoios conquistados até o momento pela senadora, que reúne Cidadania, Podemos e PSB entre os seus aliados. Ela não conseguiu respaldo de siglas como PSDB e Rede, que indicavam estar ao seu lado. Pacheco, por sua vez, possui nove legendas e é visto como favorito.

Nesta quarta, ao ser questionada sobre a influência do Planalto na campanha, Simone citou o caso do PSDB ao dizer que os tucanos se comprometeram a apoiá-la, mas, após formalizar a candidatura, "viu companheiros mudarem de ideia e de lado" e que não sabe dizer ao certo por que isso ocorreu.

— Quero crer que mudaram de ideia no debate ideológico. Mas, sim, a gente tem sinais, tem ouvido que há ingerência do Executivo. Não sou eu quem está dizendo, isso vem da boca de terceiros e do próprio Executivo que Pacheco é o candidato oficial do Planalto — declarou.

Simone também disse que "a independência do Senado Federal está comprometida pela ingerência porque temos um candidato oficial do governo federal":

— Isso é visível diante da assertiva e dos anúncios feitos por colegas em relação à estrutura, ao apoio e a ministros pedindo apoio para o candidato oficial do governo.

Após ser abandonada pelo MDB a cinco dias da eleição, Simone não descartou mudar de legenda no futuro, e disse que levará em conta questões regionais para tomar a decisão.

— Eu tenho obviamente um compromisso regional com o MDB, que passo agora a questionar. É natural. Se a partir de março continuarei (no partido), o tempo dirá. A depender muito mais de questões regionais — afirmou.

Depois do anúncio de Simone, a Rede, que possui dois senadores, declarou apoio ao nome de Rodrigo Pacheco. O partido era o último que faltava a anunciar sua posição.