Política

Lira ganha apoio de mais dissidentes, e PSL pode abandonar Baleia Rossi

Candidato do PP anunciou nesta terça-feira ter a maioria de votos na legenda
Lira e Luiz Lima trabalham para conquistar votos Foto: Divulgação
Lira e Luiz Lima trabalham para conquistar votos Foto: Divulgação

BRASÍLIA — Apoiado por Jair Bolsonaro na disputa à presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) anunciou nesta terça-feira ter o apoio de 36 deputados do PSL para concorrer ao cargo. Com a apresentação de uma nova lista de assinaturas para formar a aliança, entregue pelo deputado Vitor Hugo (PSL-GO), a legenda poderá abandonar o grupo de Baleia Rossi (MDB-SP), candidato apoiado por Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para que um partido integre um bloco na Câmara, mais da metade da bancada precisa concordar com a aliança. O PSL tem 53 parlamentares, mas 17 estão suspensos pela própria sigla por infidelidade partidária.

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Segundo decisão da Mesa da Casa, Lira precisaria do apoio da maioria dos 36 parlamentares que ainda estão com as atividades regulares. Com a dissidência de mais quatro deputados nos últimos dias, pertencentes a esse grupo, a quantidade mínima teria sido alcançada, com o apoio de 19 parlamentares.

"Para dirimir qualquer dúvida e encerrar uma polêmica do Rodrigo Maia, nossa maioria no PSL aumentou de 32 para 36 assinaturas. Nós somos maioria no PSL de 53 e maioria de 35 como queria o presidente Rodrigo Maia. Nosso bloco está definitivamente com o PSL e com o PTB", escreveu o deputado, nas redes sociais.

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Caso a mudança seja referendada pelo comando da Câmara, o bloco de Lira irá superar o de Rossi. De um lado, com 249 deputados, o parlamentar do PP teria o apoio de PSL, PL, PP, Republicanos, PSD, Pros, PTB, PSC, Avante e Patriota. De outro, Baleia Rossi teria 236 parlamentares, com apoio de PT, PSDB, MDB, DEM, PSB, PDT, PCdoB, Cidadania, PV, Rede e Solidariedade.

Tanto aliados de Rossi como de Lira confirmaram que os parlamentares que mudaram de posição são Charles Evangelista (PSL-MG), Delegado Pablo (PSL-AM), Nicoletti (PSL-RR) e Luiz Lima (PSL-RJ).

No início do mês, o ex-líder do governo Major Vitor Hugo (PSL-GO) apresentou uma outra lista de apoio ao bloco de Lira com 32 deputados do PSL . Não havia, entretanto, maioria de assinaturas entre os parlamentares com atividades regulares.

Luiz Lima, que não assinou a primeira lista, diz que está fazendo campanha para Lira desde novembro, mas só agora assinou o documento para apoiar o candidato do PP.

— Nunca gostei de lista, mas o meu apoio ao Arthur está desde novembro. Fiquei o final de semana todo ajudando fazer contato com deputados — disse o parlamentar.

Aliado de Maia e do presidente do PSL, Luciano Bivar (PSL-PE), Júnior Bozella (PSL-SP) diz que os novos dissidentes ainda podem mudar de ideia.

— Isso é natural. Eles vão voltar — afirmou o deputado.

Luiz Lima, porém, diz que "a chance é zero" no seu caso.

Em reunião da Mesa da Câmara na segunda-feira, Maia concedeu vista a relatório que tratava da possibilidade de apoio de deputados suspensos do PSL à candidatura de Lira. O presidente da Câmara atendeu a um pedido de Bivar.

Desde que o presidente Jair Bolsonaro brigou com Bivar, em 2019, bolsonaristas se insurgiram contra o comando da sigla. Em decisão da Executiva do PSL, eles foram punidos por infidelidade partidária. A Câmara, então, chancelou a decisão.

Para tentar ganhar o apoio do PSL, aliados de Lira chegaram a apresentar um parecer do procurador da Câmara, o deputado Luís Tibé (Avante-MG). Segundo ele, a suspensão não é válida para o propósito de formação de blocos.

Reação

Na tarde desta terça-feira, sem se referir diretamente ao caso, Rossi condenou as traições na eleição que ocorrerá no dia 1º de fevereiro.

Lira, por sua vez, desafiou o adversário:

Aliados de Baleia Rossi e Rodrigo Maia ainda tentam fechar um acordo para que o PROS, com bancada de 11 deputados, mude de lado lado. Já Lira mantém negociações avançadas com o Podemos, com 10 parlamentares, único partido que não se posicionou até agora.