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Covid-19: China desmantela rede de vacinas falsas e prende mais de 80 pessoas

Grupo estaria em atividade desde setembro; polícia chinesa faz apelo para que população se vacine pelas campanhas oficiais
Imunizantes falsos eram inofensivos, segundo China, mas não oferecem qualquer proteção contra a Covid-19 Foto: Laci Pereny
Imunizantes falsos eram inofensivos, segundo China, mas não oferecem qualquer proteção contra a Covid-19 Foto: Laci Pereny

PEQUIM — A polícia chinesa desmantelou uma rede de traficantes de vacinas falsas contra a Covid-19, com a prisão de mais de 80 suspeitos e a apreensão de mais de 3 mil seringas contendo água salgada. O esquema foi revelado pela imprensa nacional nesta terça-feira.

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De acordo com o jornal Global Times, ligado ao regime chinês, os falsificadores "possivelmente consideravam vender as vacinas no exterior". O tráfico acontecia desde setembro em Pequim e em duas províncias do leste do país, Shandong e Jiangsu, informou a agência oficial de notícias Xinhua.

A agência não especificou quantas vacinas falsas foram vendidas, ou administradas, informando apenas que as doses falsas foram vendidas a "um preço alto".

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O Global Times estima que vacinas falsas, cheias de água salgada, eram inofensivas e não causaram vítimas, mas os "vacinados" não tinham proteção alguma contra o coronavírus. A operação criminosa estaria em atividade desde setembro do ano passado e teria arrecadado uma quantidade substancial de dinheiro com as vendas, que seriam lideradas por um homem identificado como Kong.

A China, país onde a Covid-19 apareceu pela primeira vez, no final de 2019, investiu muito dinheiro e energia na produção de vacinas e prometeu torná-las "um bem público global". Imunizantes desenvolvidos no país, no entanto, são vendidos diretamente pelos laboratórios, e não há indicação de que as falsificações tenham entrado no radar de governos.

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"A fabricação e venda de vacinas falsas são crimes de natureza vil e podem causar danos sérios", assinalou a agencia Xinhua, sublinhando que a polícia chinesa fez apelos para que a população se vacine através de campanhas oficiais.

Alta demanda

Por enquanto, as autoridades sanitárias chinesas aprovaram apenas uma vacina, no final de dezembro, desenvolvida pelo laboratório Sinopharm, mas a CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, e um imunizante da CanSino são aplicados em regime emergencial no país.

Pequim começou a vacinar centenas de milhares de pessoas consideradas "em risco", incluindo diplomatas e estudantes que iriam para o exterior, no verão passado (inverno no Brasil). Diante da proximidade do Ano Novo Chinês, em 12 de fevereiro, as autoridades se propõem a fazer uma campanha de vacinação em massa da população. O feriado costuma ser acompanhado por centenas de milhões de deslocamentos, o que foi um desafio sanitário no ápice da Covid-19 no país em 2020.

Até 26 de janeiro, quase 23 milhões de doses foram administradas na China, cuja população é de de 1,4 bilhão de pessoas, seguno a Comissão Nacional de Saúde do país asiático.

Desde o início da pandemia, milhares de pessoas foram processadas na China por diversos crimes, que vão desde "espalhar boatos" até esconder seu contágio, ou se recusar a cumprir medidas preventivas contra a pandemia. Além disso, a alta procura pela imunização no país levou a um esquema inormal organizado por cambistas para facilitar a indicação de pessoas à lista prioritária de vacinação .

A China quase erradicou a doença de seu território, embora tenham surgido surtos epidêmicos limitados no mês passado.