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França, Suécia e Polônia não recomendam vacina da AstraZeneca para maiores de 65 anos

Decisão está em desacordo com a União Europeia, que na semana passada aprovou a vacina para adultos de todas as idades; países aguardam novos dados para a faixa etária, que devem chegar nas próximas semanas
Uma dose da vacina AstraZeneca/Oxford. Foto: Cléber Júnior
Uma dose da vacina AstraZeneca/Oxford. Foto: Cléber Júnior

PARIS — A máxima autoridade de saúde da França autorizou nesta terça-feira (2) o uso da vacina contra a Covid-19 do laboratório AstraZeneca, mas recomendou limitar sua administração a menores de 65 anos. A Polônia e a Suécia, cujas agências reguladoras autorizaram o uso do imunizante na última sexta-feira (29), também confirmaram nesta terça que não vão aplicar o imunizante em idosos, juntando-se a Alemanha e Áustria, que já haviam anunciado a medida.

— Faltam dados para pacientes maiores de 65 anos, esses dados chegarão nas próximas semanas. Enquanto isso, recomendamos seu uso em pacientes menores de 65 anos — disse o presidente da Alta Autoridade de Saúde da França, Dominique Le Guludec, durante coletiva de imprensa online.

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Em comunicado, a agência reguladora da Suécia disse que "ainda não há dados sobre a eficácia da vacina na proteção contra a Covid-19 grave em grupos de idade mais avançada". Já a Polônia comunicou que ministrará o imunizante para pessoas de até 60 anos, seguindo uma recomendação do conselho médico do país.

A decisão está em desacordo com a União Europeia, que na semana passada aprovou a vacina para adultos de todas as idades.

A Covishield, como foi batizado o imunizante desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford (Reino Unido) e usado na campanha de imunização no Brasil , teve seu pedido de uso emergencial aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), a reguladora da União Europeia, na sexta-feira (29).

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A vacina desenvolvida pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford é a terceira aprovada pela França, depois das da Pfizer/BioNTech e Moderna.

Alemanha alega dados insuficientes para a faixa etária

Na semana passada, um painel independente que assessora o Instituto Robert Koch, a agência de saúde pública da Alemanha, recomendou que o país não vacine idosos acima de 65 anos com a fórmula da farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca contra a Covid-19. A comissão justificou que os dados apresentados nos ensaios clínicos do imunizante foram "insuficientes" para atestar a eficácia da vacina para esta faixa etária, que consiste em um dos principais grupos de risco da doença.

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De acordo com números divulgados pela Comissão de Vacinação da Alemanha (Stiko, na sigla em alemão), apenas 2 dos 660 voluntários dos testes clínicos com mais de 65 anos contraíram a Covid-19: um recebeu a vacina e o outro integrava o grupo placebo, um número muito abaixo do esperado para estabelecer conclusões sobre a eficácia em nível estatístico, na avaliação da comissão. A avaliação se baseou nos mesmos dados de testes publicados pela revista Lancet em 8 de dezembro, que referendaram uma taxa de eficácia geral de 70,8% .

A comissão reforçou que a aplicação do imunizante em adultos de 18 a 64 anos permanece recomendada de forma "tão adequada" quanto às duas vacinas já aprovadas pela reguladora europeia, desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e a Moderna.