Polícia investiga se houve peculato em casos de vacinação falsa no RJ
A polícia do Rio de Janeiro investiga falsas vacinações em idosos no estado. São casos em que não tinha nada dentro das seringas ou, a princípio, profissionais de saúde não aplicaram o líquido nas pessoas que foram aos locais de imunização.
As situações só são descobertas porque, no tão esperado momento da vacinação, a conduta acaba sendo gravada pelas famílias. Foi o caso de um idoso que vive em Niterói, na Região Metropolitana, mostrado pelo RJ2 desta segunda-feira (15).
O idoso foi levado a um posto daquela cidade e a profissional de saúde, aparentemente, fingiu aplicar a dose. A família reclamou e a Secretaria de Saúde do município fez uma auditoria no local e encontrou uma seringa descartada com líquido.
A pasta informou que a profissional foi identificada e afastada do serviço até o fim de uma investigação. O idoso que tomou a falsa vacina precisou ser imunizado em casa.
VÍDEO: flagrantes de falsa aplicação da vacina ou seringas vazias
De Niterói para a Região Serrana, em Petrópolis a vítima da vacinação falsa foi uma idosa de 94 anos.
Em um vídeo, a técnica de enfermagem aparece tentando tirar a proteção da agulha. Um parente da idosa reclama, afirmando que é melhor trocar a seringa.
Nas imagens, a profissional vai até uma tenda e pega uma outra seringa, que estava vazia. Depois que o vídeo viralizou na internet, a Prefeitura de Petrópolis confirmou que a seringa estava sem o líquido e afastou a técnica. E a idosa teve que voltar ao posto para se vacinar.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Petrópolis, a profissional disse que não percebeu que não havia a dose na seringa, e que não foi intencional.
Além de Niterói e Petrópolis, teve denúncia de "vacina de vento" também no Rio. O caso foi com um idoso que procurou o posto drive-thru do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste. Nos vídeos gravados pela família, é possível ver que o profissional de saúde não aperta o êmbolo da seringa.
Idosos são flagrados tomando "vacinas de vento" em Petrópolis e Niterói
A filha do idoso contou, em áudio enviado ao RJ2, que a família foi encaminhada para um dos boxes para seguir com a vacinação e apareceu um "rapaz acompanhado de uma vacinadora".
De acordo com a filha, a mulher estava identificada com crachá e o nome no jaleco. O homem, entretanto, não tinha identificação alguma. Estava apenas com o jaleco branco, segundo ela.
"Quando eu comecei a questionar e a falar: 'Mas peraí, você não...', a vacinadora, que estava do lado, não sei se ela percebeu que eu estava filmando, eu não sei se ela também percebeu que ele não aplicou, ela virou para ele e falou: 'Você não fez a aplicação, tem que apertar o êmbolo'. Daí, teve que novamente furar o meu pai e, aí sim, ocorreu a aplicação", detalhou a filha.
Lilian Behring, presidente do Conselho de Enfermagem do Rio, afirmou que a instituição tomou as "devidas providências" e acionou as "autoridades competentes" assim que recebeu as denúncias.
"Cabe ressaltar à população que a enfermagem é a profissão mais qualificada para a vacinação. Inclusive, é reconhecida internacionalmente para isso", frisou.
A polícia, agora, tenta responder algumas perguntas. Por exemplo, por que e como o técnico de enfermagem "esquece" de aplicar a vacina? É distração ou há segundas intenções?
No Rio, em Niterói e em Petrópolis, a aplicação da "vacina de vento" gerou a abertura de investigações sobre suspeitas de peculato – crime cometido por funcionário público que desvia material para proveito próprio ou alheio.
Ministério Público e Defensoria apuram transferências
E a Defensoria Pública da União e do estado, além do Ministério Público Federal e do Rio seguem numa outra investigação. Eles apuram a transferência de doentes com Covid de Manaus sem o conhecimento do governos do estado e municipal.
Na sexta-feira, o RJ2 mostrou que autoridades constataram irregularidades durante as transferências e pediram explicações ao Ministério da Saúde. Um paciente – que acabou morrendo – ficou em duas enfermarias que não atendem casos de coronavírus.
Numa delas, duas pessoas já testaram positivo pra Covid A Secretaria estadual de Saúde espera pelo resultado dos testes que vão verificar se elas foram contaminadas com variante brasileira do coronavírus, que circula em Manaus e em outras cidades do país.
Os pesquisadores suspeitam que essa variante tenha uma capacidade maior de transmissão. E entre ontem e hoje, mais pacientes com Covid foram trazidos da região norte. Eles chegaram em cinco voos fretados pelo Governo de Rondônia, da capital Porto Velho.
Os pacientes são duas mulheres e três homens, que têm entre 46 e 66 anos de idade. Desta vez, a Secretaria estadual de Saúde do Rio foi notificada e pôde fazer a regulação adequadamente.
Os pacientes estão na Unidade de Terapia Intensiva do hospital São Francisco da Providência de Deus, na Tijuca.