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Intervenção na Petrobrás

'Boa tarde, Venezuela': 20 anos antes de Bolsonaro, Hugo Chávez nomeou general para presidir estatal do petróleo

Hugo Chavez em cerimônia na PDVSA, em maio de 2010

RIO - A mudança de comando na Petrobras, anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira, surpreendeu o mercado. Em post nas redes sociais, o chefe do Executivo nacional informou sobre a demissão de Roberto Castello Branco, economista da chamada "Escola de Chicago", para dar lugar ao general Joaquim Silva e Luna. Em poucos minutos, o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, escreveu no Twitter: "Boa tarde, Venezuela".

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A mensagem irônica de Franco tem fundamento no passado recente do país vizinho, tão criticado pelo próprio Bolsonaro durante a campanha de 2018. No dia 16 de outubro de 2000, horas após o fim de uma ampla greve de trabalhadores da companhia Petróleos da Venezuela (PDVSA), o então presidente Hugo Chávez anunciou a troca do presidente da estatal, demitindo o civil Hector Civaldini para colocar no cargo o general Guaicaipuro Lameda Montero. 

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Assim como Bolsonaro, Chávez não explicou os motivos para a intervenção na empresa. Ele apenas disse que a estatal passaria por uma "profunda reestruturação". Mas, assim como Bolsonaro, pressionado com ameaças de greve por parte dos sindicatos dos caminhoneiros do Brasil, o então presidente venezuelano vinha sendo muito cobrado por trabalhadores do setor petroleiro.

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A mudança na estatal venezuelana foi divulgada horas depois de o presidente do país fechar um acordo com os trabalhadores da PDVSA para findar uma greve de quatro dias que quase destruiu a indústria do petróleo nacional. Aquele foi o pior conflito entre governo e o proletariado do setor desde que Chavez chegara ao poder. A paralisação provocou desabastecimento em várias partes do país.

O general Montero comandou a petroleira local até fevereiro de 2002, quando foi substituído pelo economista Gastón Parra Luzardo. Em 2017, porém, a PDVSA voltou a ser presidida por um militar, quando o então presidente do país, Nicolás Maduro, afilhado político de Chavez, nomeou o general Manuel Quevedo para o comando da estatal.

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