Política

Toffoli diz que atos antidemocráticos e fake news tiveram financiamento internacional

Informações foram obtidas através de quebra de sigilo bancário determinada pelo ministro e relator dos casos, Alexandre de Moraes
Ministro Dias Toffoli preside sessão Foto: Nelson Jr. / Agência O Globo
Ministro Dias Toffoli preside sessão Foto: Nelson Jr. / Agência O Globo

RIO - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou, na noite deste domingo, que os inquéritos sobre os atos antidemocráticos e das fake news identificaram financiamento internacional para fomentar ataques às instituições brasileiras nas redes, sociais, sobretudo o STF e o Congresso Nacional. A afirmação foi feita durante entrevista ao Canal Livre, da Rede Bandeirantes.

Fake News : PF investiga financiamento do governo a sites antidemocráticos

As novas informações referentes às investigações foram levantadas após quebras de sigilo bancário feitas a pedido do ministro Alexandre de Moraes, relator dos dois inquéritos na Corte. O financiamento de grupos associados aos ataques segue em apuração mais detalhada no STF, que Toffoli avaliou como “gravíssimas”, sobretudo em relação à história brasileira, marcada por operações similares:

- A história do Brasil mostrou a que isso levou no passado. Financiamentos a grupos radicais, seja de extrema direita, seja de extrema esquerda, para criar o caos e desestabilizar a democracia em nosso país - relembra o ministro.

Toffoli afirma, ainda, que as investigações podem levar a uma possível condenação dos atores envolvidos, alegando que se trata de "crime contra a soberania do país". O ministro destaca que as informações levantadas pela quebra de sigilo bancário reforçam que não se trata apenas de um "bando de malucos", mas envolve uma organização estruturada por trás dos atos.

Investigações no Supremo

O inquérito das fake news foi aberto na Corte em 2019, com o intuito de investigar a instrumentalização de notícias falsas, calúnia e difamação para atacar ministros do STF e seus familares. Já o inquérito sobre atos antidemocráticos foi instaurado no primeiro semestre de 2020 para apurar a organização de manifestações pregando o fechament do Supremo e a volta do AI-5, decreto mais rigoroso da ditadura militar, que permitiu a cassação de direitos políticos da oposição e a suspensão do habeas corpus. O ministro Alexandre de Moraes é o relator dos dois casos na Corte.

Dentre os investigados, estão políticos e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como os deputados federais Daniel Silveira (PSL-RJ), preso na última terça-feira por ataques a ministros da Corte , Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP). Também são apuradas as atuações do blogueiro Allan dos Santos, do canal Terça Livre, e a ex-militante bolsonarista Sara Giromini, que cumpre prisão domiciliar desde junho do ano passado após coordenar o movimento extremista "300 do Brasil" e atacar nominalmente o ministro Alexandre de Moraes nas redes sociais.