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Lula x Lava-Jato

Mesmo com vitória no STF, defesa de Lula não vai usar mensagens hackeadas como prova de suspeição de Moro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

A defesa do ex-presidente Lula não irá anexar as mensagens hackeadas da Lava-Jato ao processo do Supremo Tribunal Federal (STF) que julga a suspeição de Sergio Moro no caso do triplex. A avaliação dos advogados é a de que a suspeição do ex-juiz da Lava-Jato já está comprovada por fatos emblemáticos, como a interceptação telefônica do escritório de advocacia que defende o ex-presidente. Essa interceptação, que grava conversas de advogados de Lula, ocorreu em 2016.

Outro ponto destacado pelos representantes do petista foi a ação de Moro de quebrar o sigilo de um trecho da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, nome forte do PT e dos governos Lula e Dilma, a seis dias do primeiro turno das eleições de 2018. Associada a isso, os advogados apontam a decisão do ex-juiz de integrar o governo Bolsonaro, como ministro da Justiça.

O ministro Gilmar Mendes sinalizou que deve pautar o caso no primeiro semestre deste ano. Ontem, por 4 votos contra 1, a Segunda Turma do STF confirmou a decisão do ministro Ricardo Lewandowski que deu a Lula acesso às mensagens da Lava-Jato. O material foi interceptado por hackers e apreendido na Operação Spoofing.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirma que não vê brecha para que as mensagens da Lava-Jato não sejam usadas como provas, principalmente de defesa. O posicionamento é contrário ao de Moro e de procuradores da Lava-Jato. Eles alegam que o conteúdo não pode ser usado como prova por ter sido obtido de maneira ilegal por hackers.

– As mensagens são absolutamente válidas, sobretudo para fins de defesa. Não vamos usar neste caso porque entendemos que o pedido de suspeição está maduro e com provas suficientes para declarar a suspeição de Moro. Mas vamos sim usar essas mensagens em outros processos para anular decisões e reforçar a inocência do ex-presidente Lula. – disse Zanin Martins à coluna.

Desde que parte dessas mensagens foi revelada pelo site “The Intercept”, em 2019, os advogados de Lula optaram por não incluir tais conversas no processo da suspeição de Moro. O que fizeram, até o momento, foi registrar em petição que esse conteúdo estavam sendo publicado pelo site. A tendência é que, mesmo com a decisão de ontem, essas mensagens fiquem fora do julgamento da suspeição, pelo menos por parte da defesa.

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