Por RBS TV


Pesquisador e neurocientista, Ivan Izquierdo morre aos 84 anos em Porto Alegre

Pesquisador e neurocientista, Ivan Izquierdo morre aos 84 anos em Porto Alegre

O neurocientista e pesquisador Iván Izquierdo, considerado um dos maiores especialistas em memória do mundo, morreu, na manhã desta terça-feira (9), em Porto Alegre. Ele faleceu aos 83 anos, em sua residência.

Segundo o Instituto do Cérebro, ele faleceu em decorrência de uma pneumonia, sem relação com a Covid-19, que Izquierdo havia contraído no ano passado, e se curado. O velório será na quarta-feira (10), das 8h às 11h, no Crematório Metropolitano da Capital.

Nascido em Buenos Aires, naturalizado brasileiro em 1981, o neurocientista morava em Porto Alegre, desde 1977, com a esposa, dois filhos e quatro netos.

Iván Izquierdo foi responsável pela descoberta dos principais mecanismos bioquímicos da memória em várias estruturas cerebrais, entre elas, o fenômeno conhecido como dependência de estado endógena e a separação funcional entre as memórias de curta e longa duração.

Em 2004, assumiu a coordenação do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do RS. A partir de 2012, ano da criação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, integrou e coordenou o Centro de Memória da Instituição. Como professor na PUCRS, atuou nos Programas de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica e em Medicina e Ciências da Saúde.

O governador Eduardo Leite manifestou pesar nas redes sociais pela morte de Izquierdo.

"O mundo perdeu hoje um dos seus maiores neurocientistas. Iván Izquierdo, 84 anos, argentino de nascimento e, para nosso orgulho, radicado no RS, era referência mundial em pesquisas sobre memória. Que sua trajetória inspire as novas gerações e simbolize a valorização da ciência".

Neurocientista Ivan Izquierdo — Foto: Clleber Passus/Fronteiras do Pensamento

Nota da PUCRS

A PUCRS e o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) lamentam com profundo pesar o falecimento do professor e pesquisador Iván Izquierdo, ocorrido na manhã desta terça-feira, dia 09/12, aos 84 anos, em sua residência, em Porto Alegre. O velório será amanhã, 10/02, das 8h às 11h, no Crematório Metropolitano de Porto Alegre.

O reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira define como inquestionável o legado de Izquierdo enquanto pesquisador e formador de gerações de novos cientistas. “Os frutos de seu trabalho seguirão se multiplicando nas áreas do saber em que imprimiu seu nome e produção científica, especialmente na neurociência. A PUCRS se solidariza com sua família, amigos, colegas, alunos e orientandos”, afirma.

Considerado um dos maiores pesquisadores do País, com um vasto trabalho científico na área de neurociências, em especial, na memória, ele foi inspiração para milhares de estudantes e professores no mundo inteiro. “Estamos todos muito tristes. O professor Ivan Izquierdo colocou no cenário internacional as pesquisas sobre memória. Foi um exemplo de pesquisador e professor que formou e motivou inúmeros neurocientistas. Como idealizador, coordenador e pesquisador do Centro de Memória embasou as pesquisas da doença de Alzheimer no InsCer e formou jovens neurocientistas. Ivan Izquierdo, um grande homem, um talentoso cientista e um nobre mestre”, afirma Dr. Jaderson Costa da Costa, diretor do Instituto do Cérebro do RS.

Nascido em Buenos Aires, adotou o Brasil como seu país em 1973, vindo, primeiramente para Porto Alegre. Teve passagem por São Paulo, mas desde 1977 morava em Porto Alegre ao lado da esposa, dos filhos e netos. Naturalizou-se brasileiro em 1981. Em 2004, assumiu a coordenação do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A partir de 2012, ano da criação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, integrou e coordenou o Centro de Memória da Instituição. Como professor na PUCRS, atuou nos Programas de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica e em Medicina e Ciências da Saúde.

Izquierdo dedicou mais 60 anos à neurociência, durante os quais publicou cerca de 700 artigos em periódicos científicos com quase 23 mil citações. Considerado um dos maiores pesquisadores do mundo na área de fisiologia da memória, o neurocientista recebeu mais de 60 prêmios e distinções nacionais e internacionais, entre eles, o Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico (1996), Prêmio Conrado Wessel (2007), Prêmio Almirante Alvaro Alberto (2010), Doutor Honoris Causa das universidades de Paraná e Córdoba, além de Professor Honorário das universidades de Buenos Aires e Córdoba e Professor Emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014). Em 2018 foi laureado com o prêmio Cientista do ano, na área de neurociências, pelo Instituto Nanocell. Ele é também o pesquisador com o maior número de citações acadêmicas da América Latina.

Foi membro da Academia Brasileira de Ciências e da National Academy of Sciences (EUA), além de membro do Comitê Editorial de mais de 30 revistas internacionais. Orientou mais de 100 teses e dissertações. Suas linhas de pesquisa concentravam-se em mecanismos da memória e neurofarmacologia da memória. Foi responsável pela descoberta dos principais mecanismos bioquímicos da memória em várias estruturas cerebrais, entre elas, o fenômeno conhecido como dependência de estado endógena e a separação funcional entre as memórias de curta e longa duração.

Em 2018 recebeu ainda o Prêmio Internacional Unesco-Guiné Equatorial para Pesquisa em Ciências da Vida. O reconhecimento, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), foi obtido por suas descobertas em elucidar os mecanismos de processos de memória, em consolidação e recuperação, e suas aplicações clínicas em distúrbios psicológicos e de idade e doenças neurodegenerativas, levando a uma melhoria da qualidade de vida humana.

VÍDEOS: Jornal do Almoço

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