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ELEIÇÕES 2022

Sem o passivo do 'Bolsoleite'

O governador gaúcho Eduardo Leite

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sempre muito discreto, resolveu sair das sombras e iniciar uma disputa mais aberta pela candidatura do PSDB à Presidência da República no ano que vem.

Na minha conversa de hoje com o genial Carlos Alberto Sardenberg e a querida Cássia Godoy, na primeira edição do Viva Voz na CBN, falamos sobre isso, ao comentar a frase, perspicaz, de Leite, segundo quem ele, ao menos, não misturou seu nome ao de Bolsonaro.

Sorte também nossa, em grande medida. Imaginar a iguaria Bolsoleite mistura componentes ainda mais nauseantes à estratégia tão manjada quanto sintomática da falta de nitidez político-ideológica da política brasileira.

Para ficar em casos mais recentes, antes do famigerado Bolsodoria tivemos os híbridos Lulécio, Dilmasia, capazes de sem dúvida provocar azia em quem espera que políticos e partidos assumam posições claras e não tentem apenas navegar a maré de popularidade de outros.

Porque, além de ser picaretagem, traz consequências, como se vê agora. Doria terá de carregar o Bolsodoria sem reclamar. Afinal, foi uma ideia de "jênio" de algum dos seus marqueteiros, e que na época foi bem sucedida. Ele patinava na disputa contra Márcio França (ou Márcio "Cuba", que saiu da mesma prancheta do jardim de infância da política que o Bolsodoria).

A intenção era galvanizar o voto da direita antipetista, uma forma de neutralizar a grande rejeição que havia ao fato de Doria ter deixado a Prefeitura de São Paulo com menos de dois anos de mandato.

Se levar a disputa interna do PSDB por esse campo da autenticidade e da coerência política, Eduardo Leite pode ter uma estrada. Afinal, ele deixou de ser candidato à reeleição para a prefeitura de Pelotas apesar da aprovação altíssima de que gozava, apenas porque havia prometido que assim o faria.

Tem, agora, de cumprir promessa na mesma linha: disse na campanha que não disputaria a reeleição ao governo. Daí por que, aos poucos, vá colocando a cabeça para fora do Estado.

Resta saber qual será a reação de Doria. O governador paulista não costuma ser muito sutil quando algo atravessa seu caminho. Basta lembrar como foi para cima de adversários no PSDB paulista e agora tenta, pela segunda vez, expurgar Aécio Neves da sigla sem combinar direito com os russos-tucanos.

Se comprar uma briga com Leite que fuja do controle e repita esses confrontos anteriores, ele tende a perder ainda mais apoio interno. Hoje existe um reconhecimento da bem-sucedida e relevante iniciativa de Doria em forçar o início da vacinação no Brasil, confrontando Jair Bolsonaro e desgastando o presidente, mas também remanescem as divisões internas e os interesses regionais que fazem com que o governador de São Paulo não seja unanimidade.

O aparecimento de um outro nome no horizonte de 2022 se junta à guerra contra o governo federal nas preocupações para o paulista. 

Para ouvir o Viva Voz, em que abordamos alguns desses aspectos, o link está abaixo: 

 


 

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