Por G1 SP


Leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) contra Covid-19 do Hospital de Campanha Ame Barradas, montado em Heliópolis, na zona sul de São Paulo, nesta segunda- feira, 08 de março de 2021 — Foto: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

Mais quatro pacientes com Covid ou suspeita da doença não resistiram à espera por um leito de UTI e morreram até a noite deste sábado (13) no estado de São Paulo, chegando a pelo menos 59 óbitos de pacientes que aguardavam uma transferência.

Duas mortes ocorreram em Taboão da Serra, cidade mais atingida pela espera, de acordo com levantamento feito pelo G1 e a TV Globo.

Os pacientes tinham 76 e 76 anos e tinham uma liminar da Justiça concedida na sexta (12) que determinava a transferência para UTI na Grande SP em 24 horas, segundo a assessoria de imprensa de Taboão da Serra.

A Secretaria da Saúde do estado, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que "a sobrecarga na rede já é uma realidade em diversos locais e os serviços do SUS esforçam-se para garantir assistência adequada e oportuna a todos. Isso é feito para demandas não apenas de Taboão da Serra, mas de todas as 645 cidades do estado."

"O mesmo ocorre por parte da Central de Regulação estadual, que funciona 24 horas por dia como mediadora entre os serviços de origem e de referência. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso. Nenhuma negativa parte deste serviço, que é apenas intermediário. Cada solicitação é avaliada por médicos reguladores, sendo crucial a atualização do quadro clínico. É importante reiterar que é responsabilidade do serviço de origem manter o paciente assistido e estável previamente de forma a apresentar condições de transferência, bem como providenciar transporte adequado para deslocamento seguro da/o paciente.Por vezes, mesmo assistidos na origem, os pacientes podem evoluir para óbito mesmo antes de apresentar condições de transferência devido a quadros clínicos são extremamente graves", diz a nota.

Em Ribeirão Pires, também na Grande São Paulo, uma mulher de 59 anos, que estava internada na UPA Santa Luzia, morreu neste sábado. Ela aguardava uma vaga e UTI. De 1 a 13 de março, sete pessoas morreram na cidade à espera de leitos.

Em Franco da Rocha, a ativista LGBTQ+ Valéria Rodrigues também esperava por um leito e não resistiu.

O governo estadual disse que o governo federal nunca chegou custear UTIs em SP durante a pandemia, mas que um repasse feitos no decorrer de 2020 ajudavam a subsidiar os leitos para Covid-19 – os recursos, porém, foram suspensos em março, segundo um comunicado (leia mais abaixo).

Veja abaixo as cidades que tiveram mortes de pacientes na fila por vagas na UTI:

  • Taboão da Serra: 14 mortes
  • Ribeirão Pires: 7 mortes
  • Franco da Rocha: 6 mortes
  • Bauru: 4 mortes
  • Mauá: 3 mortes
  • Buri: 3 mortes
  • Nova Granada: 3 mortes
  • Dracena: 3 mortes
  • Sumaré: 3 mortes
  • Urânia: 3 mortes
  • Fernandópolis: 3 mortes
  • São Carlos: 1 morte
  • Francisco Morato: 1 morte
  • Rio Grande da Serra: 1 morte
  • Diadema: 1 morte
  • Tabapuã: 1 morte
  • Irapuã: 1 morte
  • Ribeirão Bonito: 1 morte
  • General Salgado: 1 morte

Em entrevista, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, explicou que a criação de leitos exige uma complexa estrutura hospitalar e admitiu que o estado não tem condições de suprir a atual demanda, principalmente para casos mais graves.

"Estamos aumentando da forma que conseguimos. Quando eu falo aumentar número de leitos não é simplesmente um colchão, uma cama e um respirador. É além disso: a equipe que vai dar assistência a esse paciente. Estamos internando 130 pessoas a mais por dia nas UTIs. Nós não temos fôlego para abrir na mesma velocidade o número de leitos.", disse

O governo de São Paulo anunciou a abertura de mais 338 leitos para pacientes de Covid-19 até o final de março. O número, entretanto, representa um valor abaixo do que o sistema de saúde, nas redes públicas e privadas, recebeu de novas demandas nos últimos dias.

Veja íntegra do comunicado do governo de São Paulo:

"O Governo de São Paulo informa que o Ministério da Saúde nunca chegou a custear o total de vagas de UTI em São Paulo durante a pandemia. Porém, os repasses que vinham sendo feitos no decorrer de 2020 ajudavam o Estado a subsidiar os leitos para COVID-19. Os recursos sofreram reduções sucessivas até que no mês de março foram totalmente suspensos.

Hoje o Estado possui mais de 9 mil leitos de UTI habilitados para tratamento de pacientes graves com COVID-19, sem qualquer auxílio federal e com despesas cobertas exclusivamente pelo Governo de SP e Prefeituras. Em respostas à sucessiva redução de recursos, o Estado encaminhou diversas solicitações oficiais ao Governo Federal para a manutenção do custeio, mas não obteve resposta do Ministério da Saúde."

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